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Estado de Minas

Escândalo na Coreia do Sul: os grandes empresários interrogados


postado em 06/12/2016 11:37

Os líderes da indústria sul-coreana, incluindo o principal executivo da Samsung, lutavam nesta terça-feira para defender suas práticas de negócio ante uma comissão de inquérito parlamentar sobre um escândalo de corrupção que abala o país.

Os oito maiores líderes empresariais sul-coreanos, geralmente avessos a qualquer tipo de publicidade, foram interrogados na frente de milhões de telespectadores sobre as suas doações para duas fundações questionáveis controladas por Choi Soo-Sil, amiga próxima da presidente Park Geun-Hye.

Choi aguarda julgamento por extorsão e abuso de poder. Park enfrenta por sua vez uma moção de impeachment que deverá ser aprovada, uma vez que mais de 30 deputados de seu próprio partido conservador - o Saenuri - são favoráveis ao texto.

Apelidada de "Rasputina" pela imprensa, Choi é acusada de ter usada sua amizade com a presidente para forçar os grupos industriais a pagar altas somas paras as fundações em questão. A presidente é suspeita de cumplicidade.

As audiências são transmitidas ao vivo pelas principais redes de televisão, momentos muito desconfortáveis para os líderes empresariais que não estão habituados a responder a perguntas ou se justificar.

"Você sabia de alguma coisa?", zombou um deputado sobre as respostas do chefe de fato da Samsung, Lee Jae-Yong, que disse desconhecer que havia autorizado os pagamentos em dinheiro líquido para financiar as aulas de hipismo da filha de Choi na Alemanha.

"Você acredita que está fazendo um bom trabalho à frente de uma companhia internacional como a Samsung quando diz que não sabia de nada?", lançou o deputado

As 'fraquezas' da Samsung

O vice-presidente da Samsung Electronics e herdeiro do império Samsung parecia muito desconfortável, buscando contornar as perguntas, lançando pedidos de desculpas gerais.

"Eu tenho tantas fraquezas e a Samsung coisas a corrigir", respondeu ele ao ser perguntado se concordava com o fato de que as empresas estavam em conluio com a 'confidente das sombras'.

"A crise me fez perceber que é preciso mudar para atender às expectativas do público", disse ele, o que levou a exasperação de um deputado: "Pare como suas respostas e desculpas ridículas!"

Principal conglomerado do país, a Samsung foi a mais generosa ao doar às fundações de Choi 20 bilhões de wons (US$ 17 milhões), seguida pela Hyundai, SK, LG e Lotte.

Os conglomerados familiares, os famosos "chaebols", dominam há décadas o mercado de uma economia impulsionada pelas exportações.

Seus líderes negaram ter trocado dinheiro por favores, mas sugeriram que eram regularmente submetidos a uma pressão de parte da cúpula do poder.

"É difícil para as empresas recusar um pedido da Casa Azul", a presidência sul-coreana, disse Huh Chang-soo, presidente do GS Group e da Federação das Indústrias Coreanas.

'Prendam todos!'

"As empresas não têm outra escolha senão seguir a política do governo", acrescentou Koo Bon-Moo, chefe da LG.

A Samsung recebe muitos pedidos de financiamento, disse Lee. "Mas nós nunca damos apoio ou financiamento em troca de algo".

O único precedente para essas audiências data de 1988, um ano após o retorno da democracia presidencial depois de décadas de regime militar. Os proprietários dos "chaebols" foram então interrogados por doações para outra fundação, criada principalmente para servir como fundo para o ex-homem forte do país, Chun Doo-Hwan.

O escândalo atual provocou enormes manifestações e revelou os crescentes níveis de disparidade de riqueza na Coreia do Sul, o ressentimento da opinião pública quanto à vida de ouro da elite política e empresarial privilegiada.

Diante da Assembleia Nacional, os manifestantes receberam as testemunhas gritando "prendam todos!".

"É extremamente raro que essas pessoas sejam expostas à opinião pública desta forma", disse Chung Sun-Sup, presidente da Chaebol.com, site de monitoramento do comportamento corporativo.

"As pessoas os odeiam por causa de sua conduta e invejam a sua riqueza. Para muitos, ver o Parlamento cozinhá-los é um júbilo".

Enquanto isso, Park afirmou que vai aceitar o resultado da votação de sexta-feira. Se aprovada, a destituição deverá, contudo, ser validada pelo Tribunal Constitucional, um processo que pode durar seis meses.


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