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Estado de Minas

Morre Fidel Castro, líder da Revolução Cubana e lenda do último século


postado em 26/11/2016 10:37

Fidel Castro, o pai da Revolução Cubana e um dos protagonistas do século XX, morreu aos 90 anos, anunciou seu irmão, o presidente Raúl Castro, em um mensagem que surpreendeu o mundo na madrugada deste sábado.

"Às 22H29 (do horário local) morreu o comandante-chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro", afirmou Raúl em uma mensagem televisionada.

Cuba fará nove dias de luto nacional em homenagem pela morte de Fidel Castro, o líder da revolução cubana, que faleceu aos 90 anos, com diversos atos em Havana e Santiago de Cuba, onde suas cinzas serão enterradas no dia 4 de dezembro, após percorrer a ilha por quatro dias.

Figura lendária do último século, Fidel se projetou ao mundo da pequena ilha de Cuba, onde exerceu um poder absoluto.

"Em cumprimento da vontade expressa do companheiro Fidel, seus restos serão cremados nas primeiras horas" de sábado, disse o presidente em uma mensagem que pegou a ilha de surpresa.

O líder da guerrilha de rebeldes barbudos que triunfou em 1959, havia cedido o poder a seu irmão em 2006 por causa de uma crise intestinal que o deixou à beira da morte.

Em fevereiro de 2008 renunciou definitivamente à presidência de Cuba e em abril de 2011 à presidência do Partido Comunista.

Com sua saída do poder, se abriu uma nova etapa na história de Cuba marcada por uma cuidadosa abertura econômica, mas mantendo sempre o regime de partido único que até hoje é criticado por violações de direitos humanos.

Cinco anos mais novo e fiel à linha política de seu irmão e mentor, Raúl Castro se esmerou em reformar o ineficiente e esgotado modelo socialista de corte soviético.

Com voz firme e seu tradicional uniforme militar, o mandatário cubano foi o encarregado de dar a notícia sobre a morte de Fidel. Até o momento, contudo, não foram informadas as circunstâncias de sua morte.

- "A música parou" -

Fidel Castro havia completado 90 anos no dia 13 de agosto. Embora abatido pela velhice e pelas sequelas de sua doença, sua presença ainda exercia grande influência na ilha que ele moldou com mão de ferro.

Sua morte surpreendeu a maioria dos cubanos. Marco Antonio Díaz, de 20 anos, contou que estava em uma festa Havana quando, de repente, pararam a música para dar a notícia. A celebração acabou abruptamente.

"Voltei para casa e acordei todo mundo: Fidel morreu. Minha mãe ficou pasma", contou à AFP este trabalhador de uma lavadora de carros.

Desde que deixou o poder, Fidel se dedicou a escrever esporádicos artigos de jornal e a receber personalidades em sua casa de Havana.

Na quarta-feira da semana passada, circulou uma foto que poderia ser a sua última em vida. Nela, ele aparece com sua já habitual jaqueta esportiva branca, junto com o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang.

Em seus últimos anos Fidel se concentrou nos temas do aquecimento global, do risco nuclear, da superpopulação mundial, da preservação da paz e dos Estados Unidos, seu eterno inimigo.

- Amores e ódios -

No fim da vida, Fidel chegou ver o que parecia impossível: o fim da rivalidade com os Estados Unidos, seu principal adversário por meio século, fruto de uma histórica aproximação iniciada por Raúl e pelo presidente Barack Obama.

Os dois países restabeleceram laços diplomáticos no dia 20 de julho de 2015, encerrando o último capítulo da Guerra Fria na América.

Obama justificou a drástica mudança de política em relação a Cuba afirmando que as tentativas de isolar a ilha tinham isolado os Estados Unidos no continente.

Fidel Castro chegou a ser o mais antigo governante em exercício no mundo e sob seu regime nasceu 70% dos mais de 11 milhões de cubanos, que desde 2006 se habituaram gradualmente com seu eclipse do poder.

Homem do eterno desafio a Washington, que instaurou um regime comunista a 150 km da costa dos Estados Unidos, o líder cubano despertou amores e ódios: considerado por alguns um símbolo de soberania e dignidade latino-americana, de solidariedade e justiça social; e por outros um ditador megalômano e cruel.

Seus críticos o acusam de ter forjado um sistema totalitário de partido único, repressor de dissidências e causador de um grande fracasso econômico.

Seus admiradores, entretanto, destacam que elevou os índices de saúde de Cuba ao nível dos de primeiro mundo, desenvolveu a educação, a cultura e o esporte.

- Das armas às urnas -

Último dos protagonistas da Guerra Fria, em um de seus momentos mais tenso -a crise desatada pela instalação dos foguetes soviéticos com ogivas nucleares e Cuba en 1962-, Fidel Castro liderou um movimento insurgente de alcance continental na América Latina.

Centenas de milhares de pessoas pegaram em armas inspirados na Revolução Cubana para enfrentar regimes de direita e sangrentas ditaduras respaldadas pelos Estados Unidos.

Nos últimos tempos a esquerda na América Latina conquistou pela via eleitoral o que Fidel tentou pelas armas. O líder cubano chegou a ver o resplendor e a deterioração de governos afins.

A Venezuela do falecido Hugo Chávez deu um respiro à Revolução Cubana após a queda da potência soviética. Fidel se transformou no guia do então presidente, que antes de morrer em 2013, delegou o poder a Nicolás Maduro, outro fervoroso aliado de Cuba.

- Simplesmente Fidel -

De emblemática barba e uniforme verde oliva, o "Comandante em Chefe", chamado simplesmente Fidel pelos cubanos, foi um líder de personalidade forte, onipresente e de discursos quilométricos.

Visto nos primeiros anos em que esteve doente apenas em fotos e vídeos, usando roupas esportivas, Fidel se recuperou e reapareceu em público em julho de 2010 em alguns encontros acadêmicos sobre temas internacionais, e inclusive vestiu em algumas ocasiõe o uniforme verde olivo, mas sem os símbolos militares para deixar claro que não retornaria ao governo.

A última vez que apareceu em público foi no dia de seu aniversário de 90 anos. Em abril, no Congresso do Partido Comunista Cubano, Fidel havia pronunciado um discurso com ares de despedida.

"Logo serei como todos os demais. A todos nós chegará a nossa hora", disse.

Nascido em 13 de agosto de 1926 na aldeia de Birán (oriente), filho de um imigrante galego e de uma cubana humilde, chegou ao poder no dia 1º de janeiro de 1959 ao derrotar a ditadura de Fulgencio Batista, após 25 meses de luta guerrilheira em Sierra Maestra.

Enfrentou 11 presidentes de Estados Unidos, a invasão da Baía dos Porcos organizada pela CIA em 1961, a crise dos mísseis de 1962, ao embargo imposto por Washington quase desde o início da Revolução, a queda do muro de Berlim e a desintegração da União Soviética.

Em seu governo, mais de um milhão e meio de cubanos abandonaram a ilha por razões políticas e econômicas, e se radicaram principalmente em Miami (Estados Unidos), de onde os mais ferozes anticastristas organizaram ou apoiaram conspirações e planos de assassinato contra ele, muitas vezes em cumplicidade com a CIA.

Ao longo de 40 anos (1958-2000) escapou 634 complôs assassinos, segundo escreveu Fabián Escalante, ex-chefe de inteligência cubano, no Cubadebate.


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