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Estado de Minas

Milhares de muçulmanos rezam no penúltimo adeus a Muhammad Ali


postado em 09/06/2016 20:07

Milhares de muçulmanos vindos de todo o mundo rezaram juntos em frente ao caixão da lenda do boxe Muhammad Ali, nesta quinta-feira, em uma cerimônia funerária tradicional, celebrada em sua cidade natal, no coração dos Estados Unidos.

O mundo começou a dizer adeus no local onde nasceu, em Louisville, de forma religiosa e universal, tal como ele desejava.

Os funerais começaram com uma oração muçulmana, aberta a todos, lembrando a espiritualidade do tricampeão mundial, falecido na sexta-feira passada aos 74 anos, em um hospital de Phoenix, Arizona, depois de lutar por mais de três décadas contra o mal de Parkinson.

"Damos as boas-vindas aos muçulmanos, damos as boas-bindas aos membros das demais religiões. Acolhemos os policiais, nossas irmãs, nossos idosos e nossos jovens", disse o imame Zaid Shakir, que presidiu a cerimônia.

Batizado como Cassius Clay ao nascer em um bairro negro de Louisville em 1942, na época da segregação racial, o boxeador se tornou muçulmano em 1964, mudando seu nome para Muhammad Ali. Esta conversão chocou os Estados Unidos.

Muitos dignatários islâmicos estavam presentes, assim como o presidente turco, Tayyip Erdogan. Também Louis Farrakhan, dirigente da organização Nação do Islã, e o pastor Jesse Jackson, grande militante dos direitos civis.

Cada um dos presentes tinha um motivo para homenagear o lutador, seja por seus combates épicos ou por sua luta contra a desigualdade e o racismo.

"Tinha 12 ou 13 anos e assistia às lutas de boxe de Muhammad Ali pela televisão. Todo mundo ia a uma casa em Dacr, havia pelo menos sessenta pessoas diante de uma pequena tela em preto e branco", lembra Babacar Gaye, um senegalês de 54 anos residente nos Estados Unidos.

O caixão de Ali, coberto com um tecido bordado com versos sagrados, foi posicionado no fundo do imenso hall do Centro de Exposições de Louisville.

Primeira sura do Corão

Os fiéis usaram, inclusive, seus cotovelos para se aproximar o máximo possível de Ali, celulares em punho para tirar fotos, antes do início da cerimônia.

Os muçulmanos rezaram em filas - os homens de um lado, as mulheres atrás, envoltas em véus.

Pediu-se aos não muçulmanos que se retirassem um pouco e rezassem, cada um à sua maneira.

Primeiro, recitaram a primeira sura do Corão, que homenageia Deus, ao pedir que sirva de guia.

Os crentes dedicaram, depois, uma oração aos profetas Maomé e Abraão e, em seguida, pediram o repouso da alma de Muhammad Ali e fizeram pedidos de misericórdia.

A cerimônia terminou com um pedido de paz universal.

Para milhões de muçulmanos no mundo, Muhammad Ali simboliza melhor do que ninguém a verdadeira face do Islã - pacífica e tolerante.

"Foi extraordinário ver todas estas nacionalidades, culturas, raças e religiões juntas neste momento triste. É realmente uma fonte de inspiração", comentou na saída da cerimônia Makeeba Edmund, uma funcionária municipal de Louisville.

Funeral de dois dias

Na manhã de sexta-feira será realizada a segunda parte do funeral, com uma longa procissão que transportará o caixão de Muhammad Ali pela cidade.

O trajeto de 30 km percorrerá os locais emblemáticos da história do homem coroado como o "atleta do século XX": sua casa da infância, o museu em sua homenagem, o Centro do Patrimônio Americano Africano, que descreve a vida dos negros do Kentucky, e o bulevar Muhammad Ali.

Os restos mortais do gigante, que transcendeu o mundo do boxe graças a sua luta pelos direitos civis, serão levados posteriormente ao cemitério.

Seu enterro, na presença dos filhos de Ali, será íntimo, com o ator Will Smith e o ex-campeão mundial de boxe Lennox Lewis carregando o caixão com outras seis pessoas.

Will Smith interpretou Muhammad Ali no filme de Michael Mann "Ali", lançado em 2001, papel que valeu a ele uma indicação ao Oscar de melhor ator.

Um "mecenas generoso", cujo nome não foi revelado, prometeu cobrir com pétalas de rosas o caminho final até o túmulo.

O último momento solene dos funerais será uma cerimônia de homenagem que reunirá chefes de Estado, dignitários e outras 15.500 pessoas em um salão esportivo de Lousville.

O ex-presidente Bill Clinton e o comediante Billy Cristal pronunciarão ali alguns dos discursos fúnebres.

Barack Obama, que não irá ao funeral porque a cerimônia coincidiu com a formatura da sua filha, Malia, descreveu Ali como um "herói pessoal".

Mas o presidente americano publicou um vídeo nesta quinta-feira com dois presentes que ganhou do ex-boxeador: um livro de fotos e um par de luvas, que o acompanham desde que chegou à Casa Branca.

"Esta semana perdemos um ícone", disse Obama em mensagem no Facebook. "Uma pessoa que penso que libertou a mente dos afro-americanos ao fazê-los ver que podiam se sentir orgulhosos de quem eram".

"Cresci vendo-o (...) Os incríveis gestos de amor e apoio que me mostrou são algumas bênçãos da minha vida", prosseguiu.


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