O bloqueio à reforma da governança do FMI pelo veto dos Estados Unidos ameaça a "credibilidade" da instituição e sua "representatividade" junto aos países emergentes, disse nesta sexta-feira a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde.
A implementação desta reforma, que prevê duplicar os recursos permanentes do FMI e uma redistribuição de seus acionistas, está suspensa há três anos devido à ausência de ratificação por parte do Congresso dos Estados Unidos.
"É uma questão de credibilidade e representatividade da instituição, em particular em relação aos países sub-representados", disse Lagarde em Lima, onde se realiza a reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
No momento, a China - segunda economia mundial - dispõe de menos de 4% dos direitos de voto na instância de gestão do FMI, apenas um pouco mais que a Itália, cuja economia é cinco vezes menor.
"Espero que as autoridades dos Estados Unidos levem muito a sério isto e que entendam a necessidade de reforçar uma instituição que eles ajudaram a criar", disse Lagarde.
O governo do presidente americano, Barack Obama, pretende implementar esta reforma, aprovada em 2010, mas enfrenta a oposição dos republicanos, que dominam o Congresso.
"Se a reforma (...) não se concretizar, as consequências para Estados Unidos e a comunidade internacional vão ser muito importantes", disse na véspera o secretário americano do Tesouro, Jack Lew.
Lagarde, que se disse "aberta" à ideia de se candidatar a um novo mandato como diretora-gerente do FMI, estimou que o estancamento atual em torno da governança não afeta "sua capacidade para dirigir a instituição".