O líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, confirmou nesta sexta-feira a conclusão de uma trégua de seis meses em três localidades na Síria, a cidade rebelde de Zabadani, perto do Líbano, e duas aldeias xiitas no noroeste do país.
O cessar-fogo foi acordado sob o patrocínio da ONU e graças à mediação iraniana.
A trégua inclui "a retirada de feridos e combatentes da cidade de Zabadani para a província de Idleb (...) em troca da retirada de 10.000 civis das aldeias de Fua e Kafraya (...) para áreas controladas pelo regime sírio", indicou Hassan Nasrallah em uma entrevista com Al-Manar, o canal do movimento xiita libanês.
Combatentes do Hezbollah lutam ao lado das forças do regime sírio em Zabadani, o último reduto rebelde na fronteira sírio-libanesa, sobre a qual eles lançaram uma ofensiva em julho.
As duas aldeias xiitas de Fua e Kafraya, as únicas da província de Idleb (noroeste) a continuarem sob controle do regime, são regularmente bombardeadas por uma aliança de insurgentes.
Várias tréguas curtas chegaram a ser acertadas desde agosto entre os combatentes em Kafraya e Fua, mas foram, com frequência, rompidas.
Na quinta-feira, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) havia anunciado a conclusão de um cessar-fogo nessas três localidades "com a ajuda da ONU".
"O acordo sobre uma trégua de seis meses foi concluído entre combatentes rebeldes, sendo o grupo islâmico Ahrar al-Cham de um lado, e forças pró-regime e seus aliados do Hezbollah xiita libanês, de outro", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.
Segundo uma fonte síria ligada às negociações e entrevistada pela AFP na quinta-feira, esse cessar-fogo está em vigor desde o último domingo, 20 de setembro. Os quase 10.000 civis sitiados em Fua e Kafraya devem ser retirados no sábado e no domingo.
A transferência deve acontecer com veículos da Cruz Vermelha Internacional em regiões sob controle do regime, em troca de cerca de 500 rebeldes. Esse grupo deve deixar Zabadani e seguir para a província de Idleb, acrescentou a mesma fonte.
O conflito na Síria já deixou mais de 240.000 mortos. Foi deflagrado em março de 2011 pela sangrenta repressão às manifestações pacíficas e se transformou em uma guerra cada vez mais complexa com um crescente número de atores.