Jean-Marie Le Pen anunciou nesta sexta-feira que contestará na Justiça a "legitimidade" da consulta em curso na Frente Nacional (FN) destinada a renovar os estatutos desse partido de extrema-direita hoje liderado por sua filha, Marine.
Ambos, pai e filha, estão em conflito aberto.
Uma audiência acontece na próxima terça-feira, às 12h30 (7h30 em Brasília), no tribunal de grande instância de Nanterre, na região parisiense, disse o ex-presidente da FN à AFP.
Cerca de 51.500 filiados devem se pronunciar pelo correio até 10 de julho para retirar dos estatutos do partido a presidência de honra de Jean-Marie Le Pen.
"Os resultados dessa consulta serão obtidos em condições ilegais e contrariam os estatutos da Frente Nacional", alegou o advogado de Le Pen, Frédéric Joachim, contactado pela AFP.
Seu cliente contesta a escolha de uma "consulta a distância" e o prazo "muito curto" de três semanas - em vez de um mês - dado aos correligionários para se expressarem, assim como o procedimento por "votação bloqueada". Nessa modalidade, deve-se aprovar, ou rejeitar, os novos estatutos do partido em sua totalidade.
O advogado reclama que "a apuração não pode ser realmente anônima", diante da presença de um "código de barras nas cédulas de voto". Joachim lembra ainda que Le Pen estava impossibilitado de se manifestar, na qualidade de presidente de honra, até esta quinta-feira.
Ontem, o tribunal de grande instância de Nanterre declarou "nulo e de efeito nulo" a deliberação do escritório executivo da FN de 4 de maio. Nela, o partido suspendeu seu cofundador como filiado.
A Justiça determinou ainda que Jean-Marie Le Pen tenha restabelecido todos os seus direitos ligados à sua condição de filiado e, "se for o caso", à de presidente de honra.
A FN reagiu, garantindo que vai recorrer da decisão. Sua presidente, Marine Le Pen, classificou-a de "peripécia jurídica", ressaltando que "o importante é a escolha política que será feita pelos filiados".