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Estado de Minas

Greve nos transportes paralisa Argentina


postado em 09/06/2015 19:25

A Argentina estava praticamente paralisada nesta terça-feira, sem trens, metrô, ônibus, barcos ou aviões, devido a uma greve de sindicatos de transporte opositores que pedem aumentos acima dos 27% fixados como teto pelo governo de Cristina Kirchner.

"Houve uma adesão bastante significativa" ao protesto, declarou o líder da greve e do sindicato dos Caminhoneiros, Hugo Moyano, em entrevista coletiva.

Todos os voos nacionais e alguns internacionais foram cancelados devido à greve acatada pelo setor de transportes. Algumas lojas, restaurantes, bancos, colégios públicos e privados abriram, mas funcionaram em ritmo de feriado.

Segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came), 88% dos estabelecimentos comerciais abriram as portas, mas tiveram perdas totais de 1,68 bilhão de pesos (187 milhões de dólares).

Embora os sindicalistas tenham conseguido bloquear os principais acessos da capital e de várias grandes cidades do país, milhares de carros particulares saíram às ruas de Buenos Aires, na ausência absoluta de transporte público.

"Não vejo lógica para esta greve. No meu trabalho, iam manter a atividade. Então, resolvi ir do meu jeito", declarou à AFP a contadora Mariana Galindo, de 27 anos, que ia de bicicleta para o trabalho, no centro de Buenos Aires.

Julio Rodríguez, gerente de uma pizzaria no bairro de Monte Castro, comentou que, nessa área afastada do centro, estava "tudo tranquilo, como sempre". Ainda assim, ele teve de pagar táxis para que seus funcionários conseguissem chegar.

No Twitter, os dois temas que marcavam a tendência na rede social argentina eram #YoNoParo, com comentários críticos à medida de força, e #MartesDeParo, que inspirava ironias e piadas sobre um dia "perfeito porque não há escolas", escreveu um dos seguidores.

À meia-noite, as centrais sindicais opositoras iniciaram a greve nacional de 24 horas.

A medida de força recebeu o apoio de três centrais sindicais que enfrentam o governo Kirchner com a ideia de paralisar boa parte das atividades neste país de 40 milhões de habitantes. Outras duas centrais operárias aliadas do Executivo não aderiram ao movimento.

Exigências

Os sindicatos rejeitam que o governo fixe um limite de 27% de aumento salarial nas negociações coletivas com as empresas, com uma inflação anual para 2015 que os analistas estimam que rondará os 30%. Os sindicatos também exigem a redução de um imposto sobre a renda, que se aplica sobre os salários médios e altos.

O presidente do sindicato de Dragagem e Balizamento, Juan Carlos Schmid, integrante da Confederação de Trabalhadores do Transporte (CATT), advertiu que a greve é "um forte sinal para os que tiverem de administrar e virem qual é a capacidade e a possibilidade de acordos na futura gestão".

A Argentina elegerá o sucessor de Kirchner em 25 de outubro, em eleições nas quais a presidente não pode ser reeleita.

"Os dirigentes decretaram hoje a prisão domiciliar de milhões de argentinos", ironizou no Twitter o ministro do Interior e pré-candidato à presidência, Florencio Randazzo.

Outro pré-candidato governista, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, afirmou que "é um dia triste e amargo", lamentando os prejuízos econômicos. Já o pré-candidato pela oposição Mauricio Macri (de direita) não se pronunciou.

O chefe de Gabinete de Kirchner, Aníbal Fernández, rejeitou a medida de força, ao considerá-la "uma greve política" e que impede os que querem ir trabalhar, ou seja, "a imensa maioria da população".

"Não é preciso se preocupar nem ficar louco com esse tipo de situação. Isso não nos exaspera", minimizou.

Durante o dia, não houve coleta domiciliar de lixo, distribuição de alimentos, ou de combustíveis.

O setor marítimo portuário, com o polo agroexportador de Rosario (312 km ao norte da capital) na liderança, estava paralisado, mas a duração da parada das atividades não deve acarretar maiores problemas.

Bloqueios

Vários sindicatos importantes, como os bancários e o setor de comércio, não aderiram à greve, por já terem acordado seus aumentos salariais.

O secretário-geral da União Transviária Automotora, Roberto Fernández, explicou que essa medida de força foi utilizada, porque o governo não ouviu as exigências em matéria salarial, inflação e impostos relativas às remunerações.

Organizações sociais e sindicatos de esquerda convocaram uma "greve ativa" com mobilizações e bloqueios de trânsito na capital argentina, sua periferia e nas principais cidades do interior.


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