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Estado de Minas

Atentados de Boston: testemunhos comoventes do 2º dia de julgamento


postado em 05/03/2015 23:46

Bill Richard relatou, nesta quinta-feira, no segundo dia de julgamento dos atentados da maratona de Boston, o drama vivido por sua família: um filho morto, a filha pequena com uma perna amputada e a mulher cega de um olho.

Foi uma sessão de testemunhos devastadores no processo do único acusado dos ataques, que acontece em um tribunal federal de Massachusetts.

Enquanto Bill se lembrava da tragédia de 15 de abril de 2013, falando calmamente, alguns jurados se mostravam em choque, e uma sobrevivente chorava.

"Vi um garotinho com o corpo gravemente ferido por uma explosão e, pelo que eu vi, soube que não tinha chance", afirmou.

"A cor da pele dele e por aí vai. Eu sabia, na minha cabeça, que eu precisava agir rápido, senão não apenas perderíamos Martin, como a Jane também", declarou Richard, ao se referir ao filho, de oito anos, e à filha, de seis, que perdeu uma perna.

O único acusado com vida pelos atentados, Djokhar Tsarnaev, de 21 anos, não esboçou reação e evitou olhar para Bill Richard, que estava a apenas alguns metros do réu.

Vestido com jaqueta marrom e camisa verde, com barba curta que deixou crescer na prisão, ele pode ser condenado à pena de morte pelos atentados que deixaram três mortos e 264 feridos. Este foram os mais sangrentos ataques no país desde o 11 de Setembro.

Bill Richard disse se lembrar da "tremenda explosão", "do cheiro de enxofre e cabelo queimado", dos estilhaços incrustados no corpo da filha Jane e da conversa com sua mulher, Denise, antes de partir para o hospital com a filha e com o terceiro filho, Henry, que escapou relativamente ileso.

Ele disse à mulher ferida que precisava deixá-la para ir ao hospital com as crianças.

"Ela concordou e chorava", contou, no tribunal. "Foi naquela hora que, basicamente, vi meu filho vivo pela última vez".

O próprio Richard perdeu parte de sua capacidade auditiva. "Mas ainda posso ouvir vocês, ainda posso ouvir música e ainda posso ouvir as lindas vozes da minha família", completou.

Vítima reconheceu Tsarnaev pela TV

Em outro testemunho na audiência desta quinta-feira, Jeffrey Bauman, que perdeu as duas pernas, contou ter visto um homem de preto com uma mochila perto da linha de chegada.

"Achei que era estranho", afirmou, lembrando-se das advertências recorrentes feitas nos aeroportos sobre bagagens abandonadas. "Dois segundos depois, vi um relâmpago, ouvi três 'explosões' e me vi no chão", contou Jeffrey Bauman.

Ele foi à maratona para apoiar uma amiga que estava competindo.

De bermuda (apesar do frio intenso) e com as próteses bem visíveis, ele explicou que ainda tem problemas para usar calça sobre os joelhos mecânicos.

Pouco depois da deflagração, ele se deu conta de que estava com as pernas completamente destroçadas.

"Podia ver meus ossos, minha carne saindo", descreveu. Já no chão, ouviu a segunda explosão: "pensei, estamos sendo atacados".

No leito do hospital, ele descreveu o homem de preto para o FBI (a Polícia Federal americana), apenas por meio de bilhetes, porque não conseguia falar.

Jeffrey descreveu o suspeito como branco, alto, com algo em torno de 1,87 metro, forte, com um boné "bem virado para baixo", óculos escuros e um casaco com capuz.

Ele ajudou o FBI a elaborar um retrato falado e, quando viu na televisão um dos dois suspeitos gravados por uma câmera de segurança, não teve dúvidas.

"Eu dizia: é o menino que eu vi, é ele", lembrou.

Em outro depoimento hoje, o policial de Boston Frank Chiola contou como tentou reanimar uma das três vítimas fatais dos atentados - Krystle Campbell, de 29 anos.

"Saía fumaça de sua boca", afirmou, fazendo um esforço para relatar o que viu.

"O pequeno tamanho do corpo dela... É duro descrever... A mutilação completa...", lamentou.


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