A tempestade de neve anunciada como a pior da história de Nova York passou pela cidade sem causar maiores danos, embora nesta terça-feira tenha descarregado sua fúria mais a nordeste dos Estados Unidos, na Nova Inglaterra.
Milhões de moradores permaneciam em suas casas no segundo dia desta tempestade de inverno, denominada "Juno", que mesmo sendo menos severa do que o esperado, paralisou de forma inédita a cidade que nunca para desde a tarde de segunda-feira.
As autoridades nova-iorquinas suspenderam pela manhã a proibição de circulação a veículos, imposta à noite. O serviço de transportes públicos, também fechado excepcionalmente, era retomado lentamente.
"A tempestade não foi tão grave quanto os meteorologistas previam", declarou o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, alegando o princípio da precaução para justificar as medidas adotadas.
Os prognósticos mais pessimistas falaram de até 90 centímetros de neve, mas o Central Park registrou 25 centímetros, de acordo com números atualizados do Serviço Meteorológico Nacional.
Diante desta situação, o prefeito Bill de Blasio teve de justificar as medidas adotadas. "É melhor prevenir do que remediar", declarou o funcionário, que tinha dito na véspera que a tempestade poderia ser uma das piores da história da cidade.
"Havia consenso entre os meteorologistas de que teríamos facilmente 60 centímetros de neve", explicou.
Após o alerta feito pelo Serviço Meteorológico Nacional, foi decretado estado de emergência em sete estados do nordeste.
Mais de 7.100 voos foram cancelados entre segunda e terça-feira, com os aeroportos nova-iorquinos principalmente afetados. Foram suspensos 96% dos voos, em LaGuardia; 93%, em Newark; e 81%, no John F. Kennedy.
As escolas de Nova York ficaram fechadas nesta terça-feira, assim como a sede da ONU. Já Wall Street operou.
O governador de Nova Jersey (leste), Chris Christie, também anunciou a suspensão da proibição aos carros nas ruas e estradas do estado.
Um adolescente morto
Embora a imensa maioria tenha respeitado as ordens de segurança, a tempestade fez uma primeira vítima fatal: um adolescente de 17 anos morreu em Suffolk (Long Island, leste de Nova York), enquanto brincava com um trenó com amigos.
O acidente ocorreu na noite de segunda-feira em Huntington, a 60 km de Manhattan. O jovem bateu contra um poste e morreu, noticiou a imprensa local nesta terça. A polícia confirmou a informação à AFP.
Em Manhattan, a cidade que nunca para, a calma era assombrosa. A maioria das lojas e dos restaurantes fechou e se via apenas pessoas nas ruas, constatou um jornalista da AFP.
Preocupados, os nova-iorquinos tomaram os supermercados de assalto na noite de domingo e na segunda-feira, em busca de pão,leite, frutas e verduras.
Na manhã de terça, alguns brincavam sobre a "histórica" nevasca que nunca caiu.
"Esta é a tempestade do século!", dizia um homem ao outro, enquanto limpava a neve da escadaria de sua casa no bairro de Cobble Hill, no Brooklyn (sudeste de Nova York).
Em uma teleconferência, o diretor do Serviço Meteorológico Nacional, Louis Uccelini, defendeu o trabalho feito por suas equipes, ressaltando que as previsões climáticas sempre incluem incertezas.
Rumo à Nova Inglaterra
A tempestade, que afeta uma faixa de 450 km de extensão da Filadélfia ao estado do Maine, na fronteira com o Canadá, movimentou-se para o norte.
Na ilha de Nantucket, em Cape Cod (Massachusetts, Nova Inglaterra), são registrados ventos violentos de 120 km/h. Entre 15 mil e 20 mil pessoas estavam sem eletricidade, informou o chefe do Departamento de Polícia, William Pittman, ao canal CNN.
Em Boston, o transporte público foi suspenso, e as autoridades anunciaram que as escolas também ficariam fechadas hoje.
A capital de Massachusetts registrou uma nevasca de mais de 50 centímetros na tarde desta terça, segundo o "Boston Globe", o que faz da tempestade "Juno" a oitava pior da história.
Outros locais, como Framingham, Westford e Lunenburg (oeste de Boston), tinham 75 centímetros de neve nesta terça.