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Estado de Minas

Apesar da crise, Brasil e Rússia mantêm potencial da indústria automobilística


postado em 02/10/2014 16:40

Brasil e Rússia, até pouco tempo considerados um "Eldorado" para o setor automobilístico, continuam sendo mercados seguros de longo prazo, apesar da crise que atravessam, apontaram especialistas, nesta quinta-feira, no Salão Mundial do Automóvel de Paris.

O evento acontece no momento em que os chineses continuam puxando o crescimento do setor e o mercado europeu começa a se recuperar, depois de cinco anos de crise. Enquanto isso, tensões geopolíticas prejudicam a produção russa e o Brasil enfrenta uma recessão econômica.

As vendas de automóveis do Brasil caíram cerca de 7,6% e as exportações sofreram uma contração de 35% no primeiro semestre de 2014.

Fabricantes como Fiat, Ford e General Motors têm sido obrigadas a adotar medidas de desemprego técnico em suas fábricas para suportar a crise. As vendas, que até pouco tempo chegavam a 3 milhões de veículos por ano, devem cair 10% em 2014.

"O contexto é bem difícil no Brasil", reconhece Yann Lacroix, especialista da companhia de seguros Euler Hermes.

"Não tenho dúvida de que o mercado brasileiro vai se recuperar porque o Brasil está muito abaixo de seu potencial", disse na quarta-feira à imprensa o presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn.

A situação é ainda pior na Argentina, que também atravessa uma grave crise econômica que deve causar uma queda de 30% nas vendas de automóveis este ano.

Para Lacroix, os fabricantes precisam ter paciência. "São mercados com potencial mas que atravessarão períodos de euforia e crise", avalia.

A crise também se instalou no mercado da Rússia. Boa parte da culpa é da intervenção de Moscou no conflito da Ucrânia, o que tem gerado uma série de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.

Depois de julho ter registrado fortes quedas, (-22,9% em relação ao mesmo mês de 2013), as vendas de automóveis novos caíram novamente em agosto (-25,8%).

As vendas da Lada, maior fabricante russa, caíram quase um terço em agosto. Várias montadoras na Rússia tiveram que suspender sua produção em setembro, como a Skoda (grupo Volkswagen). A Ford cortou 1.500 postos de trabalho na Rússia desde janeiro, disse nesta quinta-feira Stephen Odell, presidente da Ford Europe.

"A maioria dos analistas previa vendas superiores a 3 milhões de unidades, quem sabe 3,3, mas, sem dúvida, serão um milhão de unidades a menos", aponta Odell.

"A situação na Rússia se deteriorou além das previsões. Mas o mercado russo, ao ritmo atual, é equivalente em volume ao mercado britânico", lembrou antes de confirmar que o grupo continuará investindo.

A Opel também anunciou uma importante reestruturação e quer reduzir em um terço os postos de trabalho de sua unidade de São Petersburgo (500 de 1.600).

A Rússia chegou a abrir o apetite dos fabricantes no início da crise mundial. Após vários anos de crescimento elevado, o país passou a ser o segundo maior mercado da Europa depois da Alemanha.

"Seja o Brasil ou a Rússia, locomotivas de suas regiões geográficas, achamos que esses países têm um potencial de crescimento que segue intacto", disse François Jaumain, da consultoria PwC.

A relação de carros por habitantes mostra que ainda há espaço para o crescimento. Eram 179 carros por 1.000 habitantes no Brasil em 2012 e menos de 300 na Rússia. Entre os países desenvolvidos, França e Estados Unidos chegaram a respectivamente 587 e 770.

"Sabemos que nos mercados desenvolvidos já há uma saturação. Se quisermos crescimento, temos que investir em novos mercados, e estes novos mercados podem estar momentaneamente em risco", observou Lacroix.


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