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Estado de Minas

Kiev denuncia invasão russa e Ocidente ameaça Moscou com sanções

Uma autoridade de alto escalão da OTAN disse que ao menos mil soldados russos entraram no país e travaram 'contato' direto com as forças ucranianas


postado em 28/08/2014 17:55 / atualizado em 28/08/2014 18:12

Na foto, divulgada pela DigitalGlobe por meio da OTAN, supostas unidades militares russas podem ser vistas se movimentando em comboio armado na região de Krasnodon, na Ucrânia(foto: AFP PHOTO / HO / DIGITAL GLOBE)
Na foto, divulgada pela DigitalGlobe por meio da OTAN, supostas unidades militares russas podem ser vistas se movimentando em comboio armado na região de Krasnodon, na Ucrânia (foto: AFP PHOTO / HO / DIGITAL GLOBE)

A Ucrânia e as potências ocidentais acusaram, nesta quinta-feira, as tropas russas de estarem ativamente envolvidas no conflito separatista que assola o leste ucraniano, aumentando os temores de um confronto militar direto entre Kiev e seu antigo guia soviético.


O Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter de emergência para discutir a crise, enquanto os líderes europeus pediram que Moscou mude de estratégia para não sofrer "consequências muito graves". A chanceler alemã, Angela Merkel, insicou que uma reunião de cúpula discutirá, no próximo sábado, a imposição de novas sanções à Rússia.


A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, declarou nesta quinta-feira no Conselho de Segurança que a Rússia "deve parar de mentir e de alimentar" a crescente instabilidade no leste da Ucrânia.


Power leu uma extensa lista de indícios que provariam o envolvimento direto das forças russas ao lado dos separatistas pró-russos, afirmando que "frente a esta ameaça, não agir pode custar caro demais".


O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, descreveu a situação como "extremamente difícil", mas preferiu evitar o pânico, ao mesmo tempo em que o governo anunciou que o serviço militar obrigatório será retomado no outono.


"Mais de mil soldados russos dão apoio aos separatistas que lutam contra o governo de Kiev desde abril", afirmou um funcionário de alto escalão da Otan.


(foto: HO / DIGITALGLOBE / AFP)
(foto: HO / DIGITALGLOBE / AFP)


Esses soldados, que muitas vezes não usam insígnias, podem ser identificados por sua conduta, de "militares profissionais", afirmou ele, insistindo que há cada vez mais informações que circulam publicamente sobre soldados russos mortos nos combates.


"Eles operam equipamentos sofisticados, aconselham os separatistas e os soldados avançam até 40 ou 50 km em território ucraniano", descreveu este oficial, que informou que o fornecimento de armas aos rebeldes também teria aumentado tanto em "volume como em quantidade".


Uma fonte diplomática acrescentou que embaixadores para a aliança iriam realizar uma reunião de emergência na sexta-feira.


É a primeira vez que a Rússia é acusada de invasão direta na Ucrânia, depois de meses de suspeitas de Kiev e dos países ocidentais de que Moscou fornecia ajuda militar aos separatistas pró-russos que enfrentam o Exército ucraniano no leste do país. O Kremlin rejeitou a denúncia mais uma vez nesta quinta-feira.


Autoridades americanas acusaram as tropas russas de promoverem uma contraofensiva relâmpago, que levou rebeldes pró-Moscou a conquistarem faixas territoriais, invertendo o jogo do conflito que já dura quatro meses.


O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cancelou uma visita nesta quinta-feira à Turquia e se reuniu de urgência com o Conselho Nacional de Segurança e de Defesa diante da rápida deterioração da situação pela entrada de tropas russas.


As autoridades ucranianas afirmaram pouco antes que as tropas russas haviam tomado o controle na véspera da estratégica cidade fronteiriça de Novoazovsk, 100 km ao sul do reduto rebelde de Donetsk.


Poroshenko mencionou também a captura das localidades de Amvrosivka e Starobecheve, a sudeste de Donetsk.


Rebeldes pró-Rússia se mantém armados na região de Troitsko-Khartsyzk, a 30 Km de Donetsk(foto: FRANCISCO LEONG / AFP)
Rebeldes pró-Rússia se mantém armados na região de Troitsko-Khartsyzk, a 30 Km de Donetsk (foto: FRANCISCO LEONG / AFP)
Soldados russos de férias

"Cada vez maior de tropas russas intervêm diretamente nos combates em território ucraniano", tuitou na manhã desta quinta-feira o embaixador americano em Kiev, Geoffrey Pyatt. "A Rússia também enviou seus sistemas de defesa aérea mais avançados", acrescentou.

O presidente francês, François Hollande, ressaltou em uma coletiva de imprensa que a presença de soldados russos em território ucraniano, se confirmada, é intolerável e inaceitável.


O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, já havia pedido na quarta à Otan "ajuda prática e (...) decisões cruciais na cúpula" prevista para 4 de setembro.


Um líder dos separatistas admitiu na quarta-feira que soldados russos lutavam junto com os insurgentes.


"Juntaram-se a nós muitos soldados russos que preferem não passar suas férias na praia, mas nas fileiras com seus irmãos lutando pela liberdade do Donbass", disse Alexander Zajarchenko, "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Donetsk, em um comunicado publicado na internet.


Nas frentes de batalha, ataques com morteiros provocaram a morte de 11 civis nas últimas 24 horas no reduto separatista pró-russo de Donetsk, anunciaram nesta quinta-feira as autoridades locais.


"Como consequência dos disparos de artilharia contra bairros de Donetsk, 11 civis morreram e 22 ficaram feridos", informou a Prefeitura em um comunicado.


Os combates entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia deixaram mais de 2.200 mortos desde meados de abril, a metade deles no último mês, segundo a ONU.


Na Rússia, parte da imprensa informou sobre os enterros de dois paraquedistas de elite mantidos em sigilo, sugerindo que haviam morrido em combate na Ucrânia.


O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, afirmou que essas informações estão sendo verificadas, em declarações citadas na quarta-feira pela agência oficial Itar-Tass.


Segundo uma associação de mães de soldados russos, 400 homens morreram ou ficaram feridos na Ucrânia.


Ajuda militar em grande escala

Kiev indicou que as tropas russas assumiram na quarta-feira o controle da importante cidade fronteiriça de Novoazovsk, assim como de uma série de aldeias vizinhas ao longo da faixa sudeste da fronteira.

Um comandante de voluntários pró-Kiev disse que as tropas do governo foram cercadas em Ilovaysk, cerca de 50 quilômetros a sudeste de Donetsk, e que estavam quase sem munição.


O Exército ucraniano também informou que um batalhão russo havia estabelecido seu quartel-general perto de uma aldeia na mesma região, enquanto as autoridades locais de Donetsk indicaram que bombardeios intensos na quarta haviam deixado 26 mortos.


As últimas prováveis manobras russas suscitam temores de que Moscou esteja tentando ir além da Crimeia, anexada em março, apesar da indignação de grande parte da comunidade internacional.


"O mais recente fluxo de notícias do leste da Ucrânia sugere um aumento do risco de que o presidente russo possa ir além da anexação da Crimeia e da desestabilização do governo pró-ocidental em Kiev. Os russos estariam a ponto de ocupar partes do sudeste da Ucrânia ", disse Christian Schulz, analista do banco Berenberg .


O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse na quarta-feira que o Kremlin não está interessado em desmantelar a Ucrânia.


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