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Estado de Minas

Mianmar proíbe minoria muçulmana de usar termo 'Rohingya' no censo


postado em 29/03/2014 12:46 / atualizado em 29/03/2014 13:03

Mianmar anunciou neste sábado que os muçulmanos não estariam autorizados a se inscrever como "Rohingyas" no primeiro censo da população em 30 anos, apesar das garantias feitas pela ONU. A decisão é uma resposta à ameaça de budistas de um estado do oeste de boicotar o censo - que começará neste domingo - por medo do reconhecimento oficial da minoria muçulmana rohingya, considerada pelas Nações Unidas uma das mais perseguidas do mundo. "Se uma família quer ser identificada como rohingya, nós não vamos inscrevê-la", anunciou Ye Htut, porta-voz do governo.

Htut disse que as pessoas podem se declarar "bengaleses", termo usado pelas autoridades que veem a maior parte dos rohingya como imigrantes ilegais de Bangladesh. Durante toda a semana, grupos budistas foram a representações da ONU e de organizações humanitárias, acusadas por eles de apoiarem os muçulmanos, na capital regional Sittwe, obrigando a ONU a retirar cerca de 50 funcionários internacionais e locais da região. Uma menina de 11 anos foi morta após ser atingida por uma bala perdida depois que a polícia lançou tiros para dispersar as multidões em Sittwe.  Famílias de Sittwe colocaram cartazes na fachada de suas casas com os dizeres: "esta casa protesta contra o censo, não se inscreva".

Primeiro censo do país desde 1983, apoiado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), deve durar 12 dias e fornecer dados sobre este país que permaneceu fechado durante décadas de governo militar.  Dezenas de milhares de agentes, principalmente professores, devem percorrer todo o país - das montanhas do norte às florestas onde exército e rebeldes se enfrentam. O UNFPA não comentou a proibição do uso do nome rohingya, mas disse em comunicado que as pessoas "devem se sentir à vontade para responder todas as questões livremente".

A ONG Human Rights Watch pediu para que o censo seja adiado em virtude dos protestos em Rakhine. "Os ataques mostram os riscos de realizar o censo numa atmosfera tão volátil", disse o diretor da HRW na Ásia, Brad Adams. O censo também deve permitir melhorar as políticas de desenvolvimento - educação, saúde, urbanismo - fundamentais para o governo que assumiu o poder desde a dissolução da junta militar em 2011. O projeto nacional já provocou manifestações violentas no estado de Rakhine. O censo também poderia enfraquecer o processo de paz ao suscitar rebeliões de minorias étnicas.

Mianmar é um moisaico de mais de 100 etnias, algumas não reconhecidas, como os rohingyas muçulmanos. Cerca de 800 mil vivem confinados no estado Rakhine e não têm o status de cidadãos do país. Confrontos entre budistas e muçulmanos em Rakhine terminaram em banho de sangue em 2012, deixando dezenas de mortos e 140 mil pessoas deslocadas.

Os rohingyas são alvo de uma série de restrições: não podem viajar, trabalhar e nem casar.


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