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Estado de Minas

Presidente uruguaio pede que EUA libertem cubanos em troca de presos de Guantánamo

Mujica aceitou receber os detentos nessa quinta e divulgou hoje a contrapartida do "favor"


postado em 21/03/2014 16:01 / atualizado em 21/03/2014 17:17

"Pep" Mujica, presidente do pequeno Uruguai, ganha força política ao negociar assuntos entre Estados Unidos e Cuba (foto: CLAUDIO REYES/AFP)

O presidente uruguaio, José Mujica, revelou nesta sexta-feira que pediu a libertação dos prisioneiros cubanos que estão nos Estados Unidos, para que, em troca, receba detentos de Guantánamo em seu país, em uma negociação ainda não concluída. Mujica confirmou na quinta que estava disposto a aceitar o pedido de Washington de receber, como refugiados, presos da polêmica prisão de Guantánamo.

"É um pedido por uma questão de direitos humanos", afirmou o presidente. Mas advertiu: "Não faço favores grátis, passo um recibo". Entretanto, foi somente nesta sexta que Mujica revelou qual era o "recibo".

"Nós não fazemos isto por dinheiro ou coisas materiais", afirmou, em seu programa de rádio. "Mas não temos problema algum em dizer que solicitamos ao governo dos Estados Unidos que faça o possível para libertar dois ou três prisioneiros cubanos que há muitos anos estão nesta prisão, porque isso também é uma vergonha". Mujica se refere a cinco agentes cubanos detidos em 1998, e condenados por espionagem na Flórida. Três ainda estão presos.

Segundo a revista Búsqueda, que deu a primeira notícia sobre o acordo, o presidente decidiu aceitar a proposta "depois de uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo". Também informou que, durante sua última viagem a Cuba, em janeiro, Mujica conversou sobre o tema com o presidente cubano Raúl Castro, que concordou em apoiar a ideia.

Negociações pendentes

Mujica indicou que as negociações com o governo americano "estão longe de estarem encerradas". "Dependem, entre outras coisas, de diversas decisões fora de nosso alcance", destacou. Logo, ainda não está claro quantos serão e nem quando vão chegar os refugiados.

Uma alta fonte do governo uruguaio informou à AFP que serão cinco presos, e que eles devem ficar ao menos dois anos no país. Segundo Mujica, os que forem ao Uruguai "serão homens livres", e "esse assunto de não sair do país durante dois anos é um gesto voluntário deles para conseguirem sair dessa vergonha, e não uma imposição nossa".

Ele destacou ainda que "já foram 18 países que ofereceram colaborações semelhantes para ajudar a acabar com esta vergonha, e 89 prisioneiros já saíram ou estão saindo de Guantánamo". O anúncio foi recebido com dúvidas por juristas locais, que não sabem as condições em que vão chegar os presos, e com ceticismo pela oposição.

"É se meter em um tema que não tem nada a ver conosco", afirmou o senador do Partido Colorado José Amorín Battle. Já o deputado e pré-candidato a presidente Luis Lacalle Pou anunciou que vai convocar em caráter de urgência o chanceler Luis Almagro ao Congresso para que explique a decisão do governo.

Para Mujica, no entanto, o pequeno país ganhou "um pouco mais de autoridade moral para dizer aos mais poderosos: sejam um pouco menos orgulhosos, menos impositivos".

A prisão de Guantánamo virou símbolo dos excessos da "guerra ao terror" do ex-presidente americano George W. Bush, e o presidente Obama já prometeu mais de uma vez fechá-la. As transferências de presos de Guantánamo ficaram mais rápidas nos últimos meses, embora 154 ainda estejam na criticada prisão. A maioria dos detentos sequer foi julgada pelas acusações de terrorismo que pesam contra eles.


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