O governo dos Estados Unidos tentava minimizar nesta sexta-feira as consequências de uma conversa telefônica, que vazou em um vídeo no YouTube, na qual a subsecretária de Estado para a Europa, Victoria Nuland, critica a forma como a União Europeia aborda a crise na Ucrânia.
O embaraçoso incidente diplomático aconteceu pouco antes do presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovytch, conversar sobre a situação no país com o colega e aliado russo, Vladimir Putin, no dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi.
Washington e Bruxelas estão em um ponto de paralisia diplomática com Kiev e Moscou. A crise teve início na Ucrânia em novembro, com protestos nas ruas depois que Yanukovytch rejeitou um acordo com a UE, em benefício de vínculos mais estreitos com a Rússi.
Victoria Nuland pediu desculpas na quinta-feira.
"Não farei comentários sobre uma conversa diplomática privada", disse a subsecretária em Kiev.
"Que se foda a UE!", disse a nova subsecretária de Estado americana para a Europa em um telefonema recente com o embaixador americano em Kiev, Geoff Pyatt, quando discutiam os próximos passos a seguir para tentar resolver a crise pelos protestos em favor da democracia na Ucrânia.
O Departamento de Estado acusou a Rússia de um suposto grampo dos telefones de diplomatas.
A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, informou que Nuland pediu desculpas aos colegas em Bruxelas, que nesta sexta-feira se recusaram a entrar na polêmica.
"Não comentamos os vazamentos de supostas conversas telefônicas", afirmou a porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
"A UE está comprometida em ajudar o povo ucraniano na atual crise política", completou, sem outros comentários.
Mas a chefe do Governo alemã, Angela Merkel, considerou inaceitáveis os insultos.
"Merkel considera que estas declarações são absolutamente inaceitáveis", afirmou a porta-voz, acrescentando que a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, "faz um trabalho excelente".
A Rússia não reagiu oficialmente ao incidente.
A tensão diplomática é cada vez maior entre os dois antigos inimigos da Guerra Fria. O assessor econômico de Putin, Serguei Glazyev, acusou Washington de financiar os manifestantes e até mesmo de fornecer munições.
"De acordo com nossas informações, fontes americanas gastam 20 milhões de dólares semanais para financiar a oposição e os rebeldes, incluindo armas", disse Glazyev à edição ucraniana do jornal Kommersant pouco antes do vazamento.
Na cidade russa de Sochi, Yanukovytch deve discutir um acordo financeiro vital para salvar o país da crise.
Em dezembro, Putin prometeu a Yanukovytch um crédito de 15 bilhões de dólares, mas na semana passada afirmou que a maior parte da quantia não será repassada até a formação de um novo governo em Kiev.