A capital da República Centro-africana começou o ano esta quarta-feira sob tiroteios que deixaram um morto e 15 feridos e levaram à fuga de centenas de civis para os acampamentos situados perto do aeroporto.
No fim da manhã, explodiram os confrontos entre os ex-rebeldes do grupo Seleka e as milícias de autodefesa cristãs "anti-balaka" em um dos bairros de Bangui próximos ao aeroporto, segundo habitantes da capital, que também relataram disparos contínuos de armas automáticas cada vez mais perto do aeroporto.
No interior do acampamento, a tensão aumentou pelos rumores de infiltração de ex-rebeldes do Seleka e a revolta dos refugiados se voltou para os jornalistas estrangeiros ante a falta de outro interlocutor para o conflito.
A capital sofreu na terça-feira com tiroteios, manifestações de deslocados desesperados e helicópteros franceses sobrevoando Bangui, onde a violência não dá sinais de trégua.
Os assassinatos deixaram mais de mil mortos na capital da República Centro-Africana desde 5 de dezembro, data do início da intervenção francesa.
A violência causou o deslocamentos em massa da população para a cidade.
Nos arredores do aeroporto, cerca de 100.000 pessoas vivem em tendas improvisadas e dormem no chão, de acordo com estimativas de agentes humanitários.
Estes deslocados, em sua maioria cristãos, fogem dos abusos da Seleka, formada principalmente por ex-rebeldes muçulmanos que derrubaram em março de 2013 o presidente François Bozizé.
Por sua vez, os civis muçulmanos fogem da cidade, com medo de represálias das milícias "antibalaka", ou pessoas que os acusam de conluio com a Seleka.
No distrito de Boy-Rabe, ao lado do aeroporto, "antibalakas" ocupavam a estrada principal, armados com facões, espingardas de caça artesanal e armas automáticas, observaram jornalistas da AFP.
No total, a Unicef registrou 55 acampamentos de deslocados na capital, onde vivem cerca de 370 mil homens, mulheres e crianças em condições sanitárias desastrosas.