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Estado de Minas

Brasil-Fifa: um casamento tumultuado


postado em 02/12/2013 16:31

Relações tensas entre cartolas e membros do governo, revolta popular: o casamento entre Fifa e Brasil tem sido tumultuado, ameaçando azedar a realização da Copa do Mundo no país do futebol.

A seis meses do jogo de abertura, marcado para o dia 12 de junho em São Paulo, tanto o governo brasileiro quando a entidade que rege o futebol mundial temem a repetição da onda de protestos que sacudiu o país durante a Copa das Confederações.

A Fifa, que arrecada 90% das suas receitas com o Mundial, entre direitos de transmissão e produtos de marketing, quer evitar a qualquer custo que a festa seja estragada. O governo também sabe que precisa deixar uma boa imagem durante o evento para não comprometer as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com o jornalista Carlos Eduardo Eboli, da rádio CBN, "o clima tem tudo para ser muito pesado durante a Copa, com grandes manifestações intensificadas pelo contexto eleitoral".

Por isso, Fifa e governo tentam colocar panos quentes em qualquer tipo de polêmica, enquanto suas relações chegaram a ficar muito tensas nos últimos meses.

Embora a entidade tenha se mostrado a princípio inflexível em relação ao prazo de entrega dos estádios, previsto para o dia 31 de dezembro, é provável que o 'Itaquerão' de São Paulo ganhe um tempo extra para a conclusão de suas obras, após o trágico acidente que causou a morte de dois operários na última terça-feira.

"Chute no traseiro"

Em 2007, o Brasil acolheu com festa a notícia de que sediaria seu segundo Mundial, depois da edição de 1950 e o casamento com a Fifa começou da melhor forma possível.

No entanto, o tempo começou a fechar em março de 2012, quando o secretário-geral da entidade, o francês Jerôme Valcke declarou que o país precisava de um "chute no traseiro" para acelerar nos preparativos da Copa.

Nos dias seguintes, várias personalidades políticas chegaram a ameaçar que o dirigente seria 'persona non grata' no Brasil.

Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência, chegou até a chamar o francês de "vagabundo" e "boquirroto".

O próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, precisou ter um encontro particular com Dilma em Brasília, para selar um acordo de paz e retomar o diálogo depois de Valcke ter feito um pedido de desculpas, justificando que suas palavras tinham sido "mal interpretadas".

"A Fifa arrancava os cabelos, não sabia com qual interlocutor podia conversar", lembrou Eboli. A Fifa, de fato, teve dificuldades para lidar com os diferentes níveis de poder, entre governo federal, estados e municípios.

Em abril deste ano, Valcke chegou até a confessar publicamente que "menos democracia às vezes facilitava as coisas na hora de organizar uma Copa do Mundo. Pode parecer que estou falando uma loucura, mas quando se tem um líder forte, como será o caso de Vladimir Putin para o Mundial-2018, na Rússia, é mais fácil do que em um país como a Alemanha (que sediou a Copa de 2006), onde é preciso negociar em vários níveis.

Na medida em que a Copa das Confederações foi se aproximando, no entanto, as críticas se tornaram cada vez menos frequentes.

"Já faz muito tempo que trabalhamos muito bem com o Brasil, desde o final de 2011", comentou recentemente Delia Fischer, gestora de mídia da Fifa.

O que nem o governo nem a entidade esperavam foi a onda de protestos de junho.

Milhares pessoas foram às ruas para manifestar sua indignação contra os gastos milionários com obras da Copa diante da precariedade dos serviços públicos.

Em 2007, o governo tinha prometido que o Mundial seria 100% custeado pela iniciativa privada, o que não aconteceu. "Foi isso que enfureceu os brasileiros", resumiu Eboli.

"As futuras manifestações terão como alvo o governo, não a Fifa, embora aconteçam certamente nos arredores dos estádios para ganhar mais repercussão internacional", completou.

No entanto, a Fifa, também vem sendo criticada por manifestantes mais radicais.

A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP), que organiza movimentos em todas as cidades-sede da Copa, indicou a entidade para o 'prêmio' Public Eye Awards 2014 de pior empresa do ano, conhecido como o Nobel da vergonha.

Os militantes anarquistas, conhecidos como 'black blocs', que protagonizaram atos violentos nos últimos protestos, costumam atacar tudo o que tiver imagens de patrocinadores oficiais da Copa.


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