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Estado de Minas

Escândalos ameaçam programa de Obama

Presidente é obrigado a se manter na defensiva e oposição busca se beneficiar para eleição de congressistas em 2014


postado em 17/05/2013 00:12 / atualizado em 17/05/2013 07:58

Renata Tranches


Brasília – As controvérsias enfrentadas pela Casa Branca nos últimos dias podem prejudicar ainda mais a agenda legislativa de Barack Obama para o segundo mandato. Os escândalos têm potencial para acirrar a animosidade entre os congressistas e o presidente, que já sofreu uma derrota no Capitólio neste ano, na questão relacionada ao controle de armas. Analistas avaliam que é cedo para avaliar a dimensão das consequências para as eleições legislativas de 2014, mas consideram que os casos possam ter um alto custo político para os planos futuros de Obama e do Partido Democrata.

Apesar de os fatos ainda não terem sido totalmente esclarecidos, eles colocam o governo na defensiva em um momento crucial, segundo o cientista político Nicholas Easton, da Columbus State University (Geórgia). "A maior preocupação é que esses fatos barram a agenda do presidente no momento em que ele precisa fazer progresso. Do contrário, a imprensa vai começar a dizer que seu tempo acabou, o que pode se tornar uma profecia autorrealizável", observa.

O grande problema para Obama, na avaliação do professor de ciências políticas Tim Hagle, da Universidade de Iowa, é que os três escândalos – o ataque ao consulado de Benghazi, a quebra de sigilo telefônico de jornalistas e o rigor excessivo nos pedidos de isenção fiscal para grupos opositores – eclodiram ao mesmo tempo. Dessa maneira, o governo precisa se defender em múltiplas frentes, e o presidente é obrigado a desviar a atenção das prioridades que havia fixado. "Isso vai além da abordagem da mídia conservadora. É algo novo para Obama, que geralmente contava com a simpatia da imprensa", analisa Hagle.

Falando no jardim da Casa Branca, sob chuva, o presidente reafirmou que o vazamento de documentos à imprensa – motivo da quebra do sigilo telefônico de jornalistas da agência Associated Press (AP) – colocou em risco a segurança do país. Ele não se desculpou pela ação do Departamento de Justiça. Obama reiterou também que só soube pela mídia do caso envolvendo a receita federal (IRS) e grupos conservadores ligados ao movimento Tea Party. A denúncia é de que eles foram submetidos a uma varredura excessiva ao requerer isenção fiscal. "Vamos garantir que algo assim não se repita", afirmou. Em outro ponto de Washington, em frente ao Congresso, representantes do Tea Party, incluindo a ex-pré-candidata republicana a preswidente Michelle Bachmann, o acusavam de usar a IRS como arma contra opositores. A imprensa americana disse ontem que o segundo na hierarquia do IRS, Joseph Grant, renunciará por conta do escândalo, depois que o diretor, Steven Miller, fez o mesmo. Miller será substituído pelo assessor da Casa Branca para Orçamento, Daniel Werfel.

Uma análise do influente site Politico sugeriu ontem que Obama tem como prioridades, em sua agenda, a retomada do projeto para o controle de armas, a reforma das leis de imigração, o aumento do teto da dívida pública e a solução para a longa batalha em torno do déficit. Mas, segundo o texto, a "atmosfera tóxica" entre a oposição republicana e o governo dá sinais de que pode atrapalhar seus planos. Para Halge e Easton, se Obama parecer fraco, neste momento, dará munição para os republicanos conservadores bloquearam suas iniciativas – especialmente a reforma migratória, que tem respaldo no Senado, mas enfrenta cenário incerto na Câmara.

Nesse tema, especificamente, Easton considera que há também um risco para o Partido Republicano, o que ajudaria balancear a desvantagem democrata. A reforma imigratória atinge, em sua maioria, os eleitores de origem latino-americana, um contingente que os opositores não podem se dar ao luxo de desprezar. Há, no momento, um grupo bipartidário que busca um consenso para modernizar as leis sobre o tema. Segundo o cientista político, se esse esforço falhar, provavelmente o bloqueio republicano será visto como a causa. "Isso poderá ser um desastre para o partido e para seus líderes. Mas provavelmente eles não conseguirão conter a ala conservadora."

Para Hagle, Obama já tem enfrentando muita resistência para fazer avançar sua agenda nos primeiros quatro meses de seu segundo mandato. O início do período de campanhas, no fim do ano, também não o ajudará. O desafio, segundo o cientista político, é se ele conseguirá evoluir em seus propósitos em meio aos novos imbróglios – a exemplo do que fez o republicano Ronald Reagan, quando teve de lidar com o caso Irã Contras, um escândalo envolvendo a venda clandestina de armas para o Irã, nos anos 1980, para financiar a guerrilha antissandinista, na Nicarágua.


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