(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Bento XVI: um pontificado marcado por uma crise de confiança


postado em 11/02/2013 13:31

Os oito anos de pontificado de Bento XVI ficarão marcados por uma grave crise da Igreja contemporânea, que custa a encontrar seu espaço no mundo ocidental, o descrédito provocado pelos abusos sexuais e o escândalo Vatileaks.

Quando o alemão Joseph Ratzinger assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, as revelações sobre os escândalos de pedofilia de religiosos já haviam provocado muitas manchetes nos Estados Unidos.

Anos depois, em 2008, foi o primeiro Papa a expressar "vergonha" e reunir-se com vítimas de abusos.

Mas as revelações continuaram em 2009, com o anúncio de centenas de casos na Irlanda e em outros países europeus, e mais tarde na América do Norte e na América Latina. A proteção dos padres pedófilos pela hierarquia da igreja aumentou o escândalo.

Bento XVI foi acusado de não ter feito o suficiente durante os 24 anos que passou à frente da Congregação para a Doutrina da Fé. No entanto, reconheceu os "pecados" da Igreja e iniciou uma operação de limpeza, concretizada com a demissão de dezenas de bispos.

Bento XVI foi o primeiro pontífice a admitir o uso do preservativo em casos muito limitados para evitar a propagação da Aids.

Assim como o antecessor João Paulo II, no entanto, permaneceu inflexível sobre as questões morais. Em nome da defesa da vida, manteve a condenação do aborto, das manipulações genéticas, da eutanásia e do casamento gay. A postura provocou uma incompreensão profunda das teses da Igreja no Ocidente.

Segundo ele, o cristianismo só será crível se for exigente. Bento XVI prefere uma Igreja minoritária e convencida a uma comunidade de fé vaga.

Ao longo de seu papado, prefere ficar cercado de prelados próximos e de doutrina firme, ao invés de bajuladores. Tenta permanecer afastado das intrigas da Cúria, mas acaba atingido por estas.

O "Vatileaks", um grande escândalo de vazamento de documentos confidenciais no Vaticano, que provocou a prisão e condenação de seu mordomo pessoal, Paolo Gabriele, revela as tensões sobre vários assuntos entre conservadores e progressistas, tradicionalistas e modernistas, assim como partidários da transparência e do sigilo.

Quanto às reformas internas, Bento XVI se mostra muito reservado e fecha a porta para qualquer mudanças sobre o celibato dos padres.

Bento multiplica os gestos em direção aos tradicionalistas e abre as portas aos anglicanos conservadores, contrários à ordenação das mulheres e dos homossexuais.

Também acentua o diálogo com os ortodoxos, sem ocultar as divergências fundamentais com os protestantes.

O sucessor de Pedro prossegue com o diálogo interreligioso. Com o islã, que irritou com comentários sobre religião e violência em um discurso em Ratisbonne em 2006, o diálogo será às vezes difícil. No entanto, intensifica os pedidos da coexistência entre católicos e muçulmanos.

Com o judaísmo prossegue a linha de proximidade de João Paulo II, mas a causa da beatificação do Papa Pio XII, contestada por sua atitude durante a Segunda Guerra Mundial, provoca certa frustração.

Fervoroso apóstolo da paz no Oriente Médio, Bento XVI defende a criação de um Estado palestino ao lado de Israel e atua em defesa dos cristãos do Oriente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)