O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) confirmará na quarta-feira o rumo da política monetária fixado em dezembro, quando tomou uma série de medidas revolucionárias, consideraram analistas.
"O Fed vai recuperar o estímulo" disseram os economistas da consultora IHS Gloval Insight, sobre a reunião do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC, na sigla em inglês), de dois dias de duração, que começará na terça-feira.
O FOMC surpreendeu a todos no dia 12 de dezembro ao decidir resgatar os títulos hipotecários e os títulos do governo dos Estados Unidos em um total de 85 bilhões de dólares por mês até nova ordem e vincular a evolução de sua taxa de juros - próxima a 0 durante os últimos quatro anos - à de desemprego.
O FOMC tinha informado que continuaria com estas compras excepcionais "enquanto a perspectiva do mercado de trabalho não melhorar de forma significativa".
A taxa diretriz manterá seu nível entre 0 e 0,25% se o desemprego continuar em 6,5%, se as perspectivas de inflação a médio prazo não aumentar mais de meio ponto percentual em relação ao objetivo do Fed (2,0%) e se as expectativas de inflação se mantiverem estáveis a longo prazo.
No último mês e meio, a situação econômica dos Estados Unidos não mudou. A taxa de desemprego oficial de dezembro se manteve no mesmo nível que em novembro (7,8%) e o último relatório de conjuntura do Fed, de 16 de janeiro, aponta que o crescimento da atividade continua sendo lento.
Por outro lado, a primeira estimativa oficial do Produto Interno Bruto (PIB) que deverá confirmar na quarta-feira que o crescimento da economia dos Estados Unidos desacelerou fortemente no quarto trimestre de 2012.
Publicadas no começo deste mês, as atas do FOMC mostraram que os membros estavam divididos no que se referia à duração prevista das compras de ativos por parte do Fed, mas que, em geral, não encontravam nenhuma razão para modificar a política do Fed durante o primeiro trimestre de 2013.
Para os economistas da agência Nomur, as primeiras reuniões do FOMC deste ano serão monótonas em comparação com as de dezembro.
A reunião do FOMC estará marcada pela renovação anual dos membros votantes do comitê. Por causa da rotação dos presidentes dos escritórios regionais do Fed, Jeffrey Lacker (Richmond, Virgínia, leste), Dennis Lockhart (Atlanta, Geórgia, sudeste), Sandra Pianalto (Cleveland, Ohio, norte) e John Williams (São Francisco, Califórnia, oeste) cederão seus lugares a James Bullard (Saint-Louis, Missouri, centro), Charles Evans (Chicago, Illinois, norte), Esther George (Kansas City, Missouri, centro) e Eric Rosengren (Boston, Massachusetts, nordeste).
Essas mudanças nas presidências devem ter pouca influência na evolução da política do Fed.
Sal Guatieri, economista da BMO Capital Markets, considerou possível que o Fed informe em seu comunicado final a melhora das perspectivas de crescimento da economia dos Estados Unidos, após o acordo de última hora que permitiu ao país evitar o abismo fiscal no começo do mês, mas alertou que não verá ali o começo de uma mudança de política.