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Estado de Minas FRANÇA

Partido de Hollande é favorito para compor maioria na Assembleia Nacional


postado em 10/06/2012 08:05 / atualizado em 10/06/2012 08:08

Brasília – Os franceses voltam às urnas neste domingo, pouco mais de um mês de terem eleito François Hollande como o segundo presidente socialista no pós-Segunda Guerra, com a disposição de confirmar a escolha e dar a ele uma maioria na Assembleia Nacional. As últimas pesquisas de intenção de voto, divulgadas na sexta-feira, apontam para uma clara maioria da esquerda, ainda que a União por um Movimento Popular (UMP, direita), do derrotado ex-presidente Nicolas Sarkozy, apareça como as legenda mais votada no primeiro turno das eleições legislativas – disputadas segundo uma fórmula distrital e majoritária. Mas, dentro do próprio alto escalão governista, é mínima a esperança de que o Partido Socialista (PS) obtenha maioria sem depender do apoio da Frente de Esquerda (FDG, na sigla em francês), que fez campanha para Hollande no segundo turno da eleição presidencial, mas reluta em integrar o gabinete.

As projeções do instituto Ipsos-Logica Consulting para a TV e a rádio estatais e para o jornal Le Monde indicam que a o conjunto da esquerda deve conquistar de 292 a 346 das 577 cadeiras na Assembleia. Portanto, mesmo no cenário mais desfavorável, ficaria acima das 289 que perfazem a maioria absoluta. Para o PS individualmente, porém, a previsão oscila entre 243 e 285 deputados. Os ecologistas, que já integram o gabinete do premiê Jean-Marc Ayrault, devem eleger de 12 a 16 parlamentares, e a FDG, que tem como força principal o Partido Comunista, é cotada para conquistar de 23 a 26 cadeiras.

"Temos duas hipóteses: ou seremos majoritários apenas com os verdes, ou dependeremos do apoio parlamentar dos comunistas, o que será ruim", analisou um deputado do PS ouvido pelo jornal direitista Le Figaro. Mais pragmático, o dirigente socialista responsável pela campanha às legislativas, Christophe Borgel, admite: "A hipótese em que os votos da Frente de Esquerda seriam dispensáveis para a composição de uma maioria é a menos provável agora". A votação expressiva (18%) obtida pela Frente Nacional (FN, extrema direita) no primeiro turno das presidenciais é um dos fatores de incerteza para o segundo turno das legislativas, no próximo domingo. Mas Borgel relativiza o peso de possíveis disputas entre três candidatos na votação final: "Independentemente das triangulares, teremos maioria de esquerda na Assembleia".

Fogo cruzado

Bem menos confortável parece a posição de UMP, que ainda busca o caminho para se refazer da derrota sofrida por Sarkozy, seu líder incontestável nos cinco anos de mandato, na tentativa da reeleição. Às portas de uma crise de liderança que a urgência da eleição legislativa colocou entre parênteses, a direita "clássica", como é chamada na França, se debate no fogo cruzado entre a esquerda e a extrema direita, ambas em alta. Segundo a pesquisa Ipsos, a UMP e seus aliados mais próximos à direita têm 34,5% das intenções de voto – acima dos 31,5% atribuídos ao PS e seus coligados. Mas os 15,5% obtidos pela FN fazem com que o PS, somado à FDG e aos verdes, totalize 44,5%.

Como resultado, a direita deve eleger de 231 a 285 deputados, um cenário que só não é pior porque a FN, embora chegue com força ao primeiro turno, tem pela frente a perspectiva de isolamento na rodada final – a previsão é que eleja de zero a três deputados. Nesse quadro, um dos dirigentes mais respeitados da UMP, o ex-chanceler Alain Juppé, que desistiu de disputar mais um mandato parlamentar, alerta contra "a tentação de fazer alianças táticas com a FN" em nome de dificultar a esquerda. Juppé invoca uma razão "moral" e "programática", ligada à agenda anti-imigração e xenófoba da extrema direita, mas também uma razão "tática" para rechaçar o apoio à FN. "O objetivo deles não é fazer uma frente conosco mas debilitar a UMP para disputar a hegemonia na direita."

Não bastassem as dificuldades internas e a ofensiva da FN, os herdeiros de Sarkozy enfrentam uma dificuldade natural no sistema político francês, que prevê a renovação da Assembleia Nacional em seguida à escolha do presidente. "Os franceses são pessoas razoáveis e dotadas de uma cultura política sólida", pondera o dirigente socialista Christophe Borgel. "Eles acabam de eleger um presidente socialista, e seria absurdo que agora votassem de maneira a obrigá-lo a um governo de coabitação com uma maioria parlamentar de direita."

Sistema distrital

A Assembleia Nacional é eleita em dois turnos pelo sistema distrital. Os eleitores estão divididos em 577 circunscrições
e, em cada uma, os partidos podem inscrever um só candidato. Será eleito em primeiro turno aquele que obtiver a
maioria absoluta dos votos (50% mais um). Caso contrário, estão habilitados para o turno final todos os candidatos que obtenham votação igual ou superior a 12,5% do eleitorado inscrito na circunscrição.

Jogo aberto

Na 5ª República (a partir de 1958), o segundo turno foi tradicionalmente disputado em confrontos da direita contra a esquerda. Em cada um dos dois campos, o candidato menos votado costuma retirar-se em favor daquele com maiores chances de vencer o segundo turno. Nos últimos pleitos, porém, a ascensão da Frente Nacional desenhou o cenário das disputas chamadas "triangulares", nas quais a legenda de extrema direita aposta para chegar à Assembleia.

Retirada de tropas

O presidente François Hollande confirmou ontem que a retirada das tropas de combate francesas do Afeganistão começará no mês que vem e terminará no fim de 2012, depois do atentado suicida que provocou a morte de quatro soldados do país na província afegã de Kapisa. Hollande expressou a gratidão, dele e de toda a nação, aos soldados. "Saúdo sua devoção e coragem, sei do caráter das tropas francesas no Afeganistão, e envio às famílias a mensagem de solidariedade e de apoio do povo francês", afirmou.

 


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