Em seu primeiro encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o novo chefe de Estado da França, François Hollande, confirmou nesta sexta-feira a retirada de todas tropas de seu país do Afeganistão até dezembro.
Os apelos de Obama para a postergação desse prazo foram respondidos com a promessa de Hollande de prover um apoio "diferente" às forças da coalizão comandada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e por Washington no Afeganistão e com o argumento de ser a França uma "velha amiga" dos EUA, porém, "independente".
"A França é um país independente e cuida de sua independência, mas mantém uma velha amizade com os EUA. Então, é com essa amizade e com essa independência que nossos dois países podem ser mais eficientes quando têm de lidar com nossos atuais desafios", completou o presidente francês, no Salão Oval da Casa Branca, ao final de sua conversa com Obama.
A posição de Hollande foi manifestada logo depois de Obama ter acentuado a concordância de ambos os líderes com o compromisso de ajudar o Afeganistão, a partir de 2015, a construir o sistema de segurança doméstica de Cabul e a se desenvolver.
Essa tarefa, considerada essencial para impedir a retomada de controle do país pelo Taleban, envolverá recursos orçamentários da França, dos EUA e dos demais parceiros da Otan.
A reunião bilateral estrategicamente ocorreu nove horas antes de Obama abrir a Cúpula do Grupo dos 8 (G-8) em Camp David, e um dia e meio antes da abertura da reunião de Cúpula da Otan, em Chicago.
O recém-empossado presidente russo, Vladimir Putin, não virá para o encontro do G-8 e será representado pelo primeiro-ministro Dmitri Medvedev. A reunião formal do grupo ocorrerá neste sábado, com foco especial nos dilemas da economia europeia, na situação do aumento de violência na Síria e no possível acordo nuclear entre o P5+1 (EUA, França, Grã-Bretanha, China, Rússia e Alemanha) com o Irã.
Na questão iraniana, EUA e França mostraram-se mais alinhados do que sobre a retirada de forças do Afeganistão. Hollande afirmou ser necessário que o P5+1 se mantenha "firme" no objetivo de extrair de Teerã o compromisso de não buscar um programa nuclear militar.
Sobre Síria, nenhum dos dois comentou publicamente os efeitos das remessas de armas de países árabes - aliados dos EUA e da França - para os rebeldes que combatem o regime de Bashar Assad.
Hollande preferiu dar seu apoio ao acordo opaco extraído na reunião do G-8 na França, em 2011, no qual não houve declaração contundente contra Assad.