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Estado de Minas

Fundo internacional contra mudanças climáticas apoia índios e quilombolas brasileiros

Articulação é financiada por um fundo formado por países ricos, que visa a incentivar populações tradicionais do bioma desenvolvem ações voltadas para o combate às mudanças climáticas e para a redução da temperatura do planeta


postado em 17/06/2017 06:00 / atualizado em 17/06/2017 08:04

Integrantes da comunidade quilombola de Pontinha, em Paraopeba, uma das beneficiadas em Minas (foto: Crédito Credito DGM Brasil/Divulgacao)
Integrantes da comunidade quilombola de Pontinha, em Paraopeba, uma das beneficiadas em Minas (foto: Crédito Credito DGM Brasil/Divulgacao)
Povos indígenas, comunidades quilombolas, geraizeiros e agricultores familiares de áreas de cerrado em Minas Gerais foram incluídos em um programa internacional que tem como objetivo fortalecer práticas conservacionistas no Brasil e em outros 14 países da América Latina, África e Ásia: o comitê DGM Global (Mecanismo de Doação Dedicada a Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais). A articulação é financiada por um fundo formado por países ricos, que visa a incentivar populações tradicionais que desenvolvem ações voltadas para o combate às mudanças climáticas e para a redução da temperatura do planeta, conforme o Acordo de Paris, firmado em dezembro de 2015, na Conferência do Clima (COP 21).

Com duração de cinco anos, o fundo apoiará projetos que evitem o desmatamento e a degradação do cerrado, promovendo a conservação dos recursos naturais ao mesmo tempo em que incentiva a inclusão social. Por meio dos projetos serão promovidas também ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. As ações do DGM Brasil têm como agência executora nacional o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), sediado em Montes Claros, escolhido para coordenar as ações por meio de edital.

Como parte do programa, o Norte de Minas recebeu a visita de representantes de comunidades tradicionais apoiadas pelo DGM Global no Brasil e em outros oito países latino-americanos – Nicarágua,  Colômbia,  Guatemala, Costa Rica, Panamá, México, Peru e Equador –, além de Moçambique, na África. O grupo chegou ao Norte de Minas na quinta-feira, com o objetivo de trocar experiências e discutir questões ligadas às mudanças climáticas com comunidades tradicionais e indígenas da região, onde permanece até segunda-feira.

Além do fortalecimento da articulação entre povos e comunidades tradicionais, o intercâmbio visa a aproximar lideranças de diversas origens, com o intuito de capacitar sua atuação política em ações de adaptação às mudanças climáticas e defesa de territórios. O evento também procura trocar experiências sobre a implantação dos projetos do DGM nos diversos países, práticas de manejo sustentável e abordagens sobre as ações sociais e ambientais em rede.

Na quinta-feira, os visitantes participaram de debate sobre mudanças climáticas e troca de conhecimento entre as populações tradicionais em Montes Claros.  Ontem, o grupo seguiu para a comunidade quilombola de Lapinha, no município de Matias Cardoso, às margens do Rio São Francisco, para conhecer os meios de manejo sustentável em agricultura familiar, pesca e pecuária.

Na agenda da missão estrangeira foi prevista para hoje visita à reserva indígena xacriabá, no município de São João das Missões, para conhecer a Casa de Sementes Indígenas e projetos de duas aldeias da reserva apoiados pelo DGM Global, além de uma rádio comunitária. Para amanhã foram programadas visitas à área de experimentação e formação em agroecologia do Centro de Agricultura Alternativa e à Cooperativa Grande Sertão, integrada por agricultores familiares e comunidades tradicionais, no município de Montes Claros.

AÇÃO EM REDE “Os participantes vieram muito animados para conhecer o cerrado e suas populações tradicionais”, afirmou Johnson Cerda,  da Conservation International,  agência executora do DGM Global e organizadora do intercâmbio. “O que queremos nesta prática é ver de que maneira as atividades que estão realizando em seus territórios se conectam a outras comunidades, a nível não só nacional, mas também global. Assim, os povos entendem que o que fazem é significativo”, completou.

“Esta é uma oportunidade para conhecer lições que cada um vem tirando da implantação do DGM, além de fortalecer uma rede de organizações latino-americanas de povos e comunidades tradicionais”, enfatizou Paula Vanucci, da equipe coordenadora do DGM Brasil. A representante do Panamá, Omaya Casana, também ressaltou a relevância do intercâmbio: “Aqui podemos conhecer as inquietudes e necessidades dos diferentes países que participam do DGM. É muito interessante formar uma rede entre nós, indígenas e comunidades locais. Todos temos o mesmo caminho de buscar o desenvolvimento coletivo e a proteção dos territórios”, disse Omaya, que faz parte da Rede de Mulheres Indígenas da Biodiversidade do país da América Central.

Projetos no Brasil terão R$ 7 milhões


O fundo do Comitê do Mecanismo de Doação Dedicada a Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (DGM Global) destinou recursos a projetos e práticas conservacionistas e de desenvolvimento sustentável que podem chegar a R$ 7 milhões no território brasileiro. As verbas são liberadas por meio de editais, com as atividades do projeto DMG Brasil sendo coordenadas por um comitê gestor nacional,  formado por representações indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais com reconhecida atuação no cerrado brasileiro, além de representantes do governo federal.

No país são 41 projetos apoiados com o dinheiro das nações mais ricas, todos voltados para o combate a mudanças climáticas e para a redução da temperatura do planeta. Entre eles, seis são de Minas Gerais. Dois são de aldeias da reserva indígena Xacriabá, voltados para a preservação de recursos naturais, em São João das Missões, no Norte do estado, com valores de R$ 137 mil e R$ 156 mil. A iniciativa de beneficiamento e comercialização de produtos da sociobiodiversidade da comunidade quilombola de Pontinha, no município de Paraopeba, na Região Central do estado, tem financiamento de R$ 156 mil. A comunidade quilombola de Lagoa Grande, no município de Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitinhonha, recebeu apoio de R$ 195 mil para a recuperação de 10 nascentes.

Ainda são financiados os projetos da comunidade de geraizeiros da Fazenda São Modesto, no município de Rio Pardo de Minas, Norte do estado, que visa à recuperação de microbacias (R$ 194.730,00) e das comunidades agroextrativistas de Jaboticatubas, na Região Metropolitana de BH, que objetiva o fortalecimento dos grupos Raízes do Campo e Casas Comunitárias do Coco Macaúbas, com verba de R$ 153,6 mil.

 


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