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Estado de Minas

Modelo que perdeu perna ao ser atropelada na Raja não guarda mágoa da tragédia

Segundo a polícia, motorista que atingiu a jovem apresentava sintomas de embriaguez


postado em 20/04/2015 06:00 / atualizado em 20/04/2015 09:00

(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)

“Sempre fui uma pessoa cuidadosa. Nunca dirigi alcoolizada e olhava para todos os lados, por medo de ladrão. Pois não é que um carro descontrolado me pegou bem na frente de casa? Foi um susto enorme, mas me recuso a viver com medo. Quero mais é aproveitar a vida e curtir cada momento”, ensina a modelo Paola Antonini, de 20 anos, que tatuou no corpo o verso “Viva como se você nunca vivesse duas vezes”. Depois do acidente de trânsito, que a levou a perder a perna esquerda em 27 de dezembro, ela decidiu gravar na própria pele, em inglês: Live like you’re never living twice. Menos de quatro meses depois de ser imprensada por um carro na garagem de casa, conduzido por uma jovem que, segundo a polícia, apresentava sintomas de embriaguez, Paola já se tornou modelo de otimismo e superação.

Nem mesmo a perna mecânica, na cor cinza, incomoda a menina, que quer espantar preconceitos em relação a quem usa prótese. Paola poderia ter escolhido uma prótese com cobertura de espuma, imitando a pele, que fica bem natural, mas não fez isso. “Adorei a ideia de ter uma perna de metal. Não quero fingir que não perdi minha perna. É o contrário. Quero mostrar para as pessoas que estou com uma prótese superlegal e que dá para andar para todo  lado e ter uma vida maravilhosa. Quanto mais normal isso for, melhor para mim”.

De onde Paola tira toda essa força? A palavra fé, tatuada de forma estilizada no braço direito por ela e também pela mãe, exatamente no mesmo lugar do corpo, dá uma pista em relação à origem da energia positiva transmitida pela jovem. Antes mesmo de começar a estudar jornalismo na PUC Minas, a partir de agosto, Paola já está sendo chamada a dar palestras sobre o tema superação. Nos próximos dias, ela vai falar para adolescentes com câncer, em um projeto do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte. “Tenho muita vontade de ajudar as pessoas e passar uma mensagem positiva sobre a vida. Se eu puder mudar uma única pessoa, vou ficar feliz”, conta.

OTIMISMO O otimismo de Paola ficou demonstrado para cada um dos familiares da moça desde o momento em que ocorreu a fatalidade. No dia, ela e o namorado, o estudante de direito Arthur, preparavam-se para passar o réveillon em Búzios (RJ). Planejavam sair cedo para pegar a estrada vazia. Quando colocavam as malas no carro, foram atingidos em cheio pelo veículo, que seguia em alta velocidade pela Avenida Raja Gabaglia. Arthur sofreu uma contusão simples. O caso de Paola foi muito pior, apesar de ela nunca ter demonstrado desespero nem revolta diante dos parentes. Cruzando a nova perna metálica, de um jeito bem descontraído, no sofá de casa, ela revela o que sentiu na ocasião do acidente: “Quando vi, eu estava no chão, sem entender o que havia acontecido. Como foi na frente da minha casa, todo mundo desceu do prédio para me ver. Mas não olhei para baixo nem deixei ninguém olhar”.


“Paolinha ficou sentada no passeio, mas não deixava ninguém chegar perto dela. Afastava as pessoas e pedia tranquilidade a todos. Não sei de onde tirou tanta coragem”, conta, emocionado, o engenheiro Antônio Tadeu Antonini, pai de Paola, e de Tadeu, de 19, e Cristiano, de 12. A modelo explica que, na hora, não entendeu direito a dimensão do que ocorrera com ela. “Continuava sentindo a minha perna. Sentia como se meu pé ainda estivesse ali, como até hoje sinto”, explica a modelo, que ainda sofre com episódios de dor fantasma, causada, grosso modo, pela memória do nervo, que ainda não compreendeu a nova condição do corpo.

Assim que soube o resultado da operação, Diva, a mãe, começou a rezar, implorando orientação dos céus. “Pedi a Deus para que soprasse as palavras no meu ouvido, iluminando sobre a melhor maneira de dar a notícia a Paola”, afirma. “Já desconfiava de que havia ocorrido algo errado comigo, porque ouvia médicos conversando coisas estranhas sobre amputação em torno de mim. Mas evitava olhar para minha perna e até de encostar uma perna na outra para não ficar sabendo a verdade sozinha, durante a madrugada, no hospital. Esperei até minha mãe me contar. Perguntei a ela: “Perdi meu pé, não é mãe?”.

Paola Antonini conta como soube que perderia uma perna

 


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