(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Acusados de matar garota de 17 anos em ritual de magia negra são condenados

Um dos acusados assumiu o crime, mas negou relação com ritual. No interrogatório, ele disse ter matado a adolescente por conta de uma disputa do tráfico de drogas


postado em 20/01/2015 12:59 / atualizado em 20/01/2015 13:09

Warley dos Reis Valentim da Silva, Raony Dias Miranda e Kliver Marlei Alves dos Santos, durante apresentação da Polícia Civil em fevereiro do ano passado(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 10/02/2014)
Warley dos Reis Valentim da Silva, Raony Dias Miranda e Kliver Marlei Alves dos Santos, durante apresentação da Polícia Civil em fevereiro do ano passado (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 10/02/2014)

A Justiça condenou, em júri popular na segunda-feira, os três acusados de matar Camilla Christina Oliveira de Souza, 17 anos, em 31 de outubro de 2013 no Bairro São Bernardo, na Região Norte de Belo Horizonte. Segundo as investigações, a garota foi morta durante um ritual de magia negra. Ela teve o pescoço cortado e o corpo foi jogado do segundo andar de uma casa.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Warley dos Reis Valentin da Silva, de 20 anos, deverá cumprir 12 anos de prisão, Kliver Marlei Alves dos Santos, de 25, foi condenado a 16, e Raony Dias Miranda, de 20, a 13 anos de reclusão em regime fechado. Presos desde fevereiro do ano passado, eles não poderão recorrer da sentença em liberdade.

O conselho de sentença, formado por seis homens e uma mulher, considerou que havia provas suficientes de que, conforme sustentava a promotora Denise Guerzoni Coelho, o crime havia sido cometido pelos três por motivo torpe e sem permitir reação da vítima. Na estipulação das penas, o juiz Carlos Henrique Perpétuo Braga, do I Tribunal do Júri da capital, levou em conta a premeditação, desenvolvida em concurso de pessoas; o comportamento da vítima, que não fez nada chegar a esse desfecho, e a grande repercussão social do caso.

Segundo a denúncia, o crime aconteceu na casa de Raony onde funcionaria um terreiro de candomblé sob a responsabilidade dele. Os réus participavam da crença e teriam matado a vítima porque ela arrebentou uma guia de orixá que se destinava a proteger o grupo.

De acordo com o TJMG, Warley foi o único a responder o interrogatório e disse ter agido sozinho por rivalidades com Camilla que, como ele, era traficante, assim como o ex-namorado dela. O jovem declarou que escoltou a adolescente até a casa de Raony e a matou com cinco facadas no pescoço. Ele alegou ter atacado Camilla porque sofreu ameaças do pessoal dela. Ele também sustentou que Kliver, que é seu irmão de criação, não estava no local do crime. Já Raony, um vizinho que ele disse conhecer apenas de vista, presenciou tudo, mas não teve participação no delito. Warley negou haver qualquer ritual de magia negra e falou que estava arrependido.

Respondendo à promotora, Warley disse que nunca foi adepto do candomblé, não frequentava a casa de Raony, desconhecia que ele fosse pai de santo ou que Kliver fosse da mesma religião. Às perguntas da defesa, ele negou ter assinado o termo de depoimento à polícia e disse que naquele momento não estava acompanhado por advogado.
 
ACUSAÇÃO O Ministério Público sustentou que os três cometeram homicídio duplamente qualificado - motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. A promotora afirmou que os réus não argumentaram, ao longo do processo, contra nenhuma das testemunhas nem contestaram quaisquer das provas apresentadas, não podendo fazê-lo agora, na etapa do júri. Denise Guerzoni lembrou, ainda, que uma das testemunhas, ouvida em sigilo, confirmou que os réus estavam na casa quando do assassinato, e apontou contradições. A promotora destacou também a quantidade de facadas desferidas, concentradas na região cervical, onde golpes costumam ser letais; a ausência de lesões defensivas, que demonstra que a vítima foi imobilizada; e dados da perícia, que indicavam haver mais de um agressor.

DEFESA Os advogados Rodrigo César Diniz Braga e Stephan Fernandes Souza alegaram que apenas Warley cometeu o assassinato, sendo que Kliver e Raony não participaram da ação. A defesa destacou que a própria mãe da vítima  reconheceu que Camilla não só tinha envolvimento com o tráfico, como estava armada no instante do crime, o que teria levado Warley a reagir atacando-a com a faca. Por se tratar de medida de legítima defesa e de réu confesso, eles solicitaram a retirada das qualificadoras.

A defesa também rejeitou o motivo torpe, afirmando que a versão de um ritual de magia negra era fantasiosa e que não se verificou a inferioridade numérica da vítima, pois Kliver e Raony não haviam contribuído para a morte da adolescente. Pedindo a absolvição dos dois, reiterou que tudo não passou de uma disputa de tráfico.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)