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Estado de Minas

Templo da padroeira de Minas será restaurado em Caeté

Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, vai receber recursos para restauração. Convênio entre arquidiocese e governo do estado será assinado na quarta


postado em 29/07/2013 06:00 / atualizado em 29/07/2013 07:27

Gustavo Werneck

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

 

Um dos pontos mais importantes de peregrinação dos mineiros e de brasileiros de estados vizinhos vai ser restaurado. Durante nove meses, a ermida do Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, receberá uma série de serviços para garantir a integridade do prédio que guarda a padroeira das Gerais e começou a ser construído em 1765. Na quarta-feira, às 10h, no local, o governador Antonio Anastasia e o arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, assinam um convênio para a revitalização do conjunto arquitetônico – na ocasião, o governador vai anunciar o valor dos recursos para a obra. Essa etapa vem na sequência de cinco anos de intervenções na estrutura do patrimônio espiritual, paisagístico, turístico e ambiental.

“O passo mais importante desses cinco anos foi o resgate da identidade do santuário, que acolhe milhares de peregrinos por ano. Depois, começaram as obras para acolhê-los”, disse ontem o reitor do santuário, padre Nédio Lacerda, que está à frente do jubileu da padroeira e das comemorações dos 53 anos de proclamação de Nossa Senhora da Piedade como protetora de Minas. A celebração da data especial também será na quarta-feira Os trabalhos que agora começam contemplam, além do restauro da ermida, projetos de iluminação externa e interna, redes hidráulica e elétrica e melhoria do sistema de dados (comunicação via internet, por exemplo). As intervenções serão acompanhadas por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pelo tombamento do santuário e entorno.

“Sempre fazemos a manutenção do templo, mas há infiltrações devido às chuvas, problemas na cobertura e outros que comprometem. Ao longo dos anos, houve reparos na ermida, mas essa é a primeira grande obra”, contou o padre depois da missa celebrada às 9h de ontem com grande número de devotos. A parceria entre a arquidiocese e o governo de Minas já rendeu frutos, como a construção do portão dos peregrinos e banheiros, reforma do restaurante, melhoria do acesso asfaltado da estrada para Caeté até o topo da serra e ações de conscientização ambiental. “A preservação da Serra da Piedade é fundamental, pois ela sofre ameaça da mineração e é alvo de depredação”, disse o religioso.

Na manhã de ontem, antes e depois da missa, uma cena era bem comum: pessoas em cadeiras de rodas sendo carregadas por parentes e amigos, pois há uma escada de pedras na frente da ermida. “Estamos muito preocupados com a acessibilidade. Dessa forma, torna-se imprescindível a construção de uma rampa”, adiantou padre Nédio, lembrando que o santuário recebe muitos idosos e cadeirantes. Por enquanto, não há grandes alterações impostas pelos técnicos do Iphan, a não ser a retirada de vasos de cimento que ficam no adro. As obras de restauro serão executadas também no antigo espaço dos eremitas (erimitério Monsenhor Domingos).

É na ermida ou capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, chamada de “magnífica arquitetura divina” por dom João de Resende Costa, que olhos e ouvidos se abrem mais, para apreciar a imagem da santa ou ouvir histórias. A fama do lugar teria começado entre 1765 e 1767, segundo a tradição, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala. Na sequência, em 1773, o templo seria construído pelo ermitão português Antônio da Silva, o Bracarena.

JUBILEU

Destaque do Caminho Religioso da Estrada Real, que vai até Aparecida (SP) – da padroeira de Minas à padroeira do Brasil –, a serra está em plenas comemorações de seu jubileu e das peregrinações, com término em 12 de outubro. “A cada domingo, recebemos cerca de 3 mil pessoas, e para 15 de agosto, que terá foco na juventude, vamos acolher 8 mil”, conta padre Nédio com satisfação. Além da beleza natural que leva à contemplação, a reserva paisagística e de religiosidade tem, entre os seus tesouros, a imagem da padroeira de Minas, uma escultura de rara beleza esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730–1814).

Com altitude de 1.740 metros, a Serra da Piedade está repleta de histórias relevantes. Foi lá que o ex-presidente Tancredo Neves (1910–1985) deu início à campanha de redemocratização do país, em 1984. Em dias muito claros e sem nuvens, é possível vislumbrar a Serra do Caraça, o espelho d’água de Lagoa Santa, toda a cidade de Caeté, com o pontilhão ferroviário, o município vizinho de Santa Luzia e outros pontos da Grande BH. Além de área de preservação ambiental (APA) e tombamento federal, o local é protegido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) e Prefeitura de Caeté.   

 


Saiba mais

Devoção motivou escolha da santa


A proclamação de Nossa Senhora da Piedade como protetora de Minas ocorreu em 31 de julho de 1960, fato que motivou grande festa na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH. A oficialização foi feita pelo papa João XXIII (1881–1963), atendendo pedido dos bispos mineiros, entre eles o então arcebispo metropolitano de BH, dom Antônio dos Santos Cabral (1884-1967), e do arcebispo coadjutor e administrador apostólico, dom João Resende Costa (1910-2007), bem como do governador do estado, José Francisco Bias Fortes (1891-1971). O padre Nédio Lacerda destaca ainda a participação, nesse processo, de dom Carlos Carmello de Vasconcelos Motta (1880-1982), mais conhecido como cardeal Motta, e que hoje batiza a praça em frente à ermida. “A devoção popular à mãe de Deus, as peregrinações e a força da imagem do Aleijadinho são motivos suficientes para Nossa Senhora da Piedade ter se tornado nossa padroeira”, acredita o reitor.


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