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Estado de Minas

Metrô de BH bate recorde e transporta o equivalente à população de Ipatinga

Marca revela que cidadãos tentam fugir do tráfego caótico optando por um serviço de estrutura obsoleta, que há anos exige modernização


postado em 13/05/2013 06:00 / atualizado em 13/05/2013 06:56

Flávia Ayer

Trem metropolitano de BH bate recorde, transportando em um único dia o equivalente à população de um município como Ipatinga(foto: (ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS))
Trem metropolitano de BH bate recorde, transportando em um único dia o equivalente à população de um município como Ipatinga (foto: (ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS))
 

Em apenas um dia, uma quantidade de passageiros equivalente à população inteira de Ipatinga, no Vale do Aço, passou pelo metrô de Belo Horizonte. Mesmo sem a expansão, o sistema sobre trilhos atrai usuários e bateu recorde ao transportar 241.624 pessoas na última quarta-feira, 11 mil a mais do que a média diária de 230 mil embarques. A superação ocorreu uma semana depois de a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) ter registrado marca histórica de 237.001 usuários. Os recordes fazem parte de um contexto em que a adesão ao metrô cresceu quase 10% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, e, na avaliação da própria CBTU, reflete uma fuga do cidadão dos congestionamentos nas ruas e avenidas da capital.

Quem usa o sistema de transporte sente na superlotação o impacto desse crescimento, que não foi acompanhado por maior conforto e agilidade. Tanto que às 16h de sexta-feira, horário considerado fora do pico, o assunto na Estação Central, a terceira mais lotada entre as 19 do percurso, era somente o “empurra-empurra”. “Antigamente não tinha essa quantidade de gente neste horário. Aqui é o seguinte: você tem que empurrar, porque senão não tem jeito de entrar”, conta o vendedor Guilherme Damasceno, de 19 anos. Morador de Contagem, ele enfrenta o aperto para ir mais rápido para casa. “O ônibus fica agarrado no trânsito e você não sabe quando vai chegar”, diz.

No mês passado, 5,7 milhões de passageiros embarcaram na Linha 1 – que percorre 28,2 quilômetros, do Eldorado, em Contagem, à Estação Vilarinho, em Venda Nova. O aumento foi de 9,6% em relação a abril do ano passado, quando 5,2 milhões de pessoas usaram o sistema. Nesse mesmo período, a frota de carros da capital cresceu 5,6%, salto de 1.455.588 para 1.537.871 de veículos. “A elevação sucessiva da demanda em BH, bem como o novo recorde, têm sido creditados a uma preferência natural do consumidor, que busca fugir dos vários congestionamentos provocados por obras viárias que vêm tumultuando o trânsito na cidade”, informa a CBTU em nota.

Para o coordenador do Núcleo de Transportes (Nucletrans) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ronaldo Gouvêa, os números reforçam a necessidade de incrementar o sistema, que atualmente tem a capacidade de transportar 26,6 mil passageiros em uma hora, segundo a CBTU. “Esse é um atestado de que o poder público já deveria ter investido no metrô para atender essa demanda. Com o crescimento, o risco é de a estrutura existente não suportar o número de passageiros. Parte desse aumento vem de pessoas que já não aguentam mais a Avenida Cristiano Machado, por exemplo. Quem começa a andar de metrô não volta para o transporte rodoviário”, afirma.

Moradora de Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, Betânia Moreira, de 39, faz parte desse grupo que abandonou ruas e avenidas para dar preferência aos trilhos. “Faz dois anos que pego só o metrô para ir ao trabalho. Antes, perdia quase duas horas no trânsito. Agora gasto a metade”, afirma. A faxineira Josenária de Araújo, de 37, também é fiel ao meio de transporte e fala com bom humor de um problema sério: “Aqui vive lotado que nem lata de sardinha. A gente vai encostando um no outro. É na base do arrocha”.

O especialista Ronaldo Gouvêa estima que o transporte rápido por ônibus (BRT) – em implantação nas avenidas Antônio Carlos e Pedro I, além da Cristiano Machado – alivie um pouco a situação, mas ressalta a importância da expansão do sistema sobre trilhos. “O metrô é reconhecido mundialmente como o meio mais adequado para o transporte de massa”, afirma. Professor do Departamento de Engenharia de Transportes da UFMG, Leandro Cardoso destaca que somente com a construção das linhas 2 (Calafate/Barreiro) e 3 (Savassi/Lagoinha) será possível quantificar com mais rigor a migração do transporte rodoviário para o metrô. “Mas, além da construção dessas linhas, é preciso pensar em soluções de transporte em escala metropolitana”, ressalta.

São mais de 25 anos de espera pela ampliação do sistema de metrô em BH, que prevê a expansão da Linha 1 até o Novo Eldorado e a construção dos ramais 2 e 3. De acordo com a Trem Metropolitano de Belo Horizonte (Metrominas), as obras começarão no início do ano que vem. No mês passado, os governos estadual e federal anunciaram a liberação de R$ 52,8 milhões pela Caixa Econômica Federal para contratação dos serviços de topografia e projetos executivos. Para junho, está prevista a conclusão dos trabalhos de sondagem, que já atestaram a viabilidade do metrô na capital. A ampliação totaliza R$ 3,1 bilhões, sendo R$ 1 bi da União, R$ 750 milhões da prefeitura e governo do estado e o restante da iniciativa privada.

Enquanto isso...

...modernização a passos lentos

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) promete melhorias na Linha 1 do metrô. Dez novos trens vão integrar a frota, hoje com 25 carros. Mas as máquinas, que custaram R$ 172 milhões, ainda vão demorar a chegar, com previsão de entrega para o segundo semestre de 2014. Outros R$ 14,6 milhões estão sendo empregados na modernização das composições antigas. Elas receberão novo sistema de freios. Os testes começam este ano e o trabalho será concluído em três anos.


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