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Estado de Minas DESABAFO PELA VERDADE

Mãe de adolescente que namorava delegado rompe o silêncio

Depois de ficar em silêncio por 26 dias, mãe de menor internada no HPS com ferimento de tiro fala ao EM sobre o relacionamento conturbado da filha com delegado de polícia


postado em 11/05/2013 06:00 / atualizado em 11/05/2013 07:17

Rubiany Linhares dos Santos mantém vigília no HSP à espera da recuperação da filha(foto: Ramon Lisboa/em/D. A press)
Rubiany Linhares dos Santos mantém vigília no HSP à espera da recuperação da filha (foto: Ramon Lisboa/em/D. A press)
  Enquanto andava pelos corredores do Hospital João XXIII na tarde de ontem, Rubiany Linhares dos Santos, de 32 anos, carregava um álbum repleto de fotos de família. Em todas as imagens é possível identificar o rosto sorridente de uma das filhas de Rubiany, a adolescente A. L. S., de 17, internada em estado grave no HPS desde 14 de abril, baleada na cabeça. Depois de um silêncio de 26 dias, a mãe da jovem decidiu conversar com o Estado de Minas e contar detalhes do conturbado relacionamento amoroso que a filha mantinha havia dois anos com o delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto. Ele está preso como principal suspeito de atirar contra a garota em uma estrada em Ouro Preto, na Região Central do estado. Rubiany o acusa de “ter manipulado e iludido” a jovem e diz que vai processá-lo por ter mentido em vários trechos da carta enviada na quinta-feira à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), lida numa audiência pública. “Ela era uma ótima menina, mas depois que começou a se envolver com ele, se voltou contra nós. Esse homem destruiu nossa família”, lamenta Rubiany, que vai passar o próximo Dia das Mães, no domingo, ao lado do leito da filha no HPS.

Um dos maiores arrependimentos da mãe de A. é ter deixado a cidade de Minaçu, Norte de Goiás, em 2005, e se mudar para Itabirito, na Região Central de Minas. Depois de cinco anos, a família da adolescente passou a morar em um apartamento no Bairro Buritis, Oeste da capital, onde se tornou vizinha do delegado. Ao contrário do que alega Toledo na carta enviada à Comissão dos Direitos Humanos da ALMG, Rubiany diz que ela e o marido nunca tiveram amizade com ele e que o relacionamento dele com A. não tinha seu consentimento. “O delegado morava em frente ao meu apartamento e eu via quando ele dava festas regadas a bebida. Cheguei a construir uma parede em minha varanda para evitar que minhas filhas vissem o que ele aprontava lá dentro”, conta.

A descoberta sobre o relacionamento dos dois veio depois de um contato da escola em que A. estudava. “A diretora me ligou e disse que ela estava com várias faltas e que um homem a buscava na escola rotineiramente antes de a aula começar.” Rubiany seguiu então a filha e descobriu que o homem era o vizinho. A mãe diz que tentou convencê-la de que o namoro não faria bem a ela e que Toledo não era confiável, mas a adolescente não aceitou os argumentos. Em uma última tentativa, ela mandou A. para a casa dos avós no interior de Goiás por um tempo, mas quando voltou a BH, a jovem decidiu que queria deixar a casa da mãe para morar com três amigas.

Aos 16 anos, A. ligou para a mãe, que já morava em Conselheiro Lafaiete, revelando que estava grávida e, segundo Rubiany, foi a partir daí que o relacionamento teria começado a ficar violento. “Ela morou com ele por seis meses, mas me ligou chorando uma vez dizendo que ele não queria o bebê. Até mandei uma mensagem para o celular do Toledo, dizendo que se ele fizesse alguma coisa com meu neto não teria medo de denunciá-lo”, revela. Depois de dois meses, a jovem anunciou que havia perdido o filho, o que levantou a suspeita de que o delegado a tenha forçado a abortar. Outras brigas tivesse terminado em agressão e a família procurou a Delegacia de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (DopCad) para solicitar medida protetiva. “Ela estava com medo, chorou muito e tentou voltar atrás porque temia que ele tentaria matá-la. Por isso voltamos para Conselheiro Lafaiete.”

Passeio

Na manhã de 14 de abril, dia do crime, Rubiany viu a filha pela manhã e a chamou para um passeio em um sítio da família, mas ela disse que estava com dor de cabeça. “Minha filha de 13 anos contou que A. já tinha combinado com ele de sair naquele domingo. Fiquei desesperada, até que Toledo mandou uma mensagem no Facebook dizendo que ela estava no Hospital de Ouro Preto.” Rubiany nunca cogitou a possibilidade de tentativa de suicídio, alegada pela defesa do delegado. “Quero que ele prove tudo o que está dizendo contra minha filha. Esse homem é superinteligente e está tentando se fazer de bonzinho”, afirma a mãe.

Além da acusação de tentativa de homicídio, a família pretende entrar com ação judicial contra Toledo por calúnia e difamação. Na carta entregue à ALMG, o delegado afirma que Rubiany estaria tendo um caso extraconjugal com um vereador em Betim e que a adolescente teria dito que o padrasto a estaria assediando. “É tudo mentira”, garante a mãe. Na capital desde que A. foi internada, Rubiany não perde a esperança de ver a filha recuperada. “Converso com ela todos os dias. Sei que o estado é grave, mas tenho fé e creio que ela vai acordar e voltar a ser a menina alegre que era antes de conhecer esse homem”, acredita a mãe.


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