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Estado de Minas PREFERÊNCIA POR ATROPELAR A LEI

Faixa de travessia de pedestres é ignorada por um a cada quatro motoristas na região hospitalar

BHTrans leva campanha às ruas e polícia promete multar a partir de abril


postado em 22/03/2013 06:00 / atualizado em 22/03/2013 06:35

Quase um quarto dos veículos monitorados pela BHTrans em sete travessias de pedestre semaforizadas na região hospitalar de Belo Horizonte desrespeita os pedestres. Os dados são fruto de uma observação que soma 50 horas em março e comprovam como a conduta perigosa de motoristas põe em risco quem anda a pé pelas ruas. O grupo de maus condutores somou 1.440 pessoas durante o período observado e é composto por aqueles que pararam sobre a faixa de pedestres, avançaram a linha de proteção pintada no chão e desrespeitaram o sinal vermelho. Para tentar minimizar abusos como esses, a BHTrans lançou ontem a campanha Pedestre. Eu respeito, com o desafio de organizar as travessias e criar nos motoristas o hábito de dar preferência ao transeunte nos casos em que não há semáforos. Da mesma forma, a campanha pretende orientar pedestres a atravessar somente nos locais sinalizados e também a esperar a vez quando houver sinal, sem tentar se enfiar no meio dos carros.


Inicialmente, os trabalhos terão caráter educativo. A diretora de Atendimento e Informação da BHTrans, Jussara Bellavinha, criticou a população que não respeita as normas de circulação e afirmou que é necessária uma mudança de postura. “As pessoas desconhecem as regras. Vamos começar educando, mas a conduta só muda com uma punição, que será o próximo passo por meio da atuação da Polícia Militar e da Guarda Municipal”, diz a diretora. O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), tenente-coronel Roberto Lemos, confirmou que inicialmente não haverá multas, mas apenas por pouco tempo. “Creio que em 30 dias já vamos começar a autuar os infratores”, diz Lemos. O comandante critica a desatenção coletiva. “A preferência é do pedestre quando a travessia não é regida pelo semáforo. Nos casos em que há o sinal, ele tem de esperar sua vez”, observa o militar.

Os acompanhamentos feitos pela BHTrans na área dos hospitais são referentes a quatro sinais de trânsito. Em três deles, os registros se deram em duas travessias cada, em razão dos dois sentidos de circulação. O primeiro foi o cruzamento da Avenida Bernardo Monteiro com a Avenida Alfredo Balena, onde há a maior proporção de abuso (32%). Também foram monitoradas as travessias da Alfredo Balena entre as ruas Rio Grande do Norte e Padre Rolim, Francisco Sales entre Rua Ceará e Avenida Brasil, e Francisco Sales no cruzamento com Avenida Brasil e Rua dos Otoni. Em cada sinal de trânsito foram 12 horas e 30 minutos de acompanhamento, que somam 50 horas de trabalho. A região hospitalar é o primeiro dos 12 trechos onde a campanha estará presente, cada um por mês, totalizando um ano. Segundo a BHTrans, o pior deles é o entorno da Praça Sete, onde há muitos pontos com quatro ou mais atropelamentos.

Para o consultor em transporte e trânsito Osias Batista, como não há nenhuma medida forte para mudar os hábitos dos motoristas com relação aos pedestres, está praticamente preso na cabeça das pessoas que o carro é mais importante. “É igual a Lei Seca. Antes da campanha, os condutores achavam que beber e dirigir era uma coisa normal. Sobre o respeito ao pedestre, funciona da mesma forma. Parar em uma faixa ou não dar a preferência é natural para o condutor”, diz Batista. O especialista ainda critica o fato de a BHTrans estipular um prazo de um ano para a campanha. “Isso tem que ser postura de governo. Não é um ano só, tem que durar a vida toda”, sugere o consultor.

 Críticas

Caminhando pela Avenida Alfredo Balena em frente ao HPS João XXIII, a professora Lina Maria Nitzsche, de 54 anos, critica os motoristas, sem poupar quem está fora dos carros. “É raro alguém respeitar a faixa, mas é comum ver pedestre atravessando fora também”, diz ela. O aposentado Flávio Eustáquio, 66, comemora a iniciativa: “É uma boa opção para acabar com os atropelamentos”. O taxista Laurentino Frederico diz que respeita a faixa de pedestres e pede ações educativas voltadas para quem anda a pé. “Falam muito da gente, mas o pedestre atravessa de qualquer jeito e isso tem que mudar”, afirma.


Festival de desrespeito


Vigília de 50 horas

Total de veículos observados


6.142


Parada sobre a faixa ou invasão da linha de retenção

1.360 (22%)

Avanço de semáforo
 
80 (1%)

Parada antes da linha de retenção

4.702 (77%)

O endereço do abuso

Alfredo Balena com Bernardo Monteiro
Veículos observados: 1.353

Parada sobre a faixa ou invasão da linha de retenção: 412 (32%)

Avanço de semáforo: 24 (1,7%)

Parada antes da linha de retenção

917 (67%)

Os pontos monitorados

1) Alfredo Balena com Bernardo Monteiro = 1 travessia

2) Alfredo Balena entre Rio Grande do Norte e Padre Rolim = 2 travessias

3) Francisco Sales entre Ceará e Brasil = 2 travessias

4) Francisco Sales com Brasil e Rua dos Otoni = 2 travessias


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