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Estado de Minas

Ações tentam minimizar tragédias em casas localizadas nas margens do Rio Paraopeba


postado em 12/11/2012 14:29 / atualizado em 12/11/2012 14:34

Quando se trata de áreas de risco, medidas de curto prazo são essenciais. Ainda assim, todo problema tem sua raiz e se ela não é tratada, o problema sempre volta a aparecer. Esse também é o caso com as questões que têm comprometido a vida do Rio Paraopeba.  Esgoto, resíduos industriais, excessos na retirada de água são algumas das atividades que comprometem a bacia e, por consequência, podem causar danos significativos para quem depende dela para viver. “As causas que temos aqui é que devem ser atacadas. Precisamos começar um processo de reversão das causas – que não se resolve em um ano”, pontua o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), Mauro da Costa Val.

Para tanto, o consórcio tem coletado dados e feito análises sobre todo o universo que envolve o rio. Com base na informação técnica coletada, o Cibapar tem tentado estabelecer um diálogo entre governos estadual, municipal e sociedade para garantir que a relação entre o homem e o rio seja mais harmoniosa. Alguns dos dados mais importantes para esse relacionamento dar certo foi a descoberta do que tem prejudicado o rio, em termos de quantidade e qualidade.

Segundo Val, os principais usos das águas da bacia do Paraopeba são abastecimento público; indústria diversificada; aproveitamento elétrico - por meio da Usina Igarapé, da Cemig; criação animal e irrigação. Apesar de não ser o mais danoso se tratando de qualidade da água, o abastecimento público é a causa que mais retira água da bacia. “O que podia, pelos termos legais, ser retirado em quantidade de água da bacia do Paraopeba para todos os usos é levado por um único usuário, que é o sistema de abastecimento de água”. Na altura de Belo Vale, parte da água é transferida para o sistema Rio Manso, que é responsável pelo abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte.

Outro problema dessa retirada é que nem sempre a água volta tratada para o rio. “O governo do estado e a Copasa estão fazendo um trabalho excepcional, mas que precisa ser melhorado em áreas de despoluição de matéria orgânica”, destaca. De acordo com o levantamento do Cibapar, componentes como cromo, arsênio e especialmente óleo diesel e graxa são encontrados em grande quantidade na bacia. Segundo o órgão, cerca de 15 toneladas de óleo e graxa são entregues diariamente à represa de Três Marias pelo Paraopeba. O balanço mostra que o rio tem vários agentes químicos que não estão presentes no esgoto das casas, mas sim originários de atividades industriais.

As indústrias metalúrgica e mineradora são algumas das que mais depositam componentes no rio e em seus afluentes, sendo responsáveis pelas atividades mais danosas na bacia. Para os moradores que foram desabrigados na última inundação da Colônia Santa Isabel isso ficou bem claro. Isso porque quando a água baixou as casas ficaram repletas de barro de pó de minério, o mesmo barro que regularmente fica depositado nas calhas dos rios.

Para o secretário, os problemas não são impossíveis de serem tratados. No entanto, eles demandam tempo e boa vontade de diversos setores da sociedade, que vão desde o governo, até a iniciativa privada e as comunidades que dependem da bacia para viver. “Verificando a tecnologia utilizada em cada atividade você consegue enxergar as causas, os efeitos e o que precisa ser feito”, comenta. “Se tivermos uma articulação e uma integração institucional de várias instituições da sociedade e do estado, vamos demorar mais de dez anos para reverter o processo”, completa.

Além disso, ele ressalta que é importante entender que em uma bacia que comporta tantas cidades como essa - 48 municípios mineiros são banhados pelas águas - é fundamental estabelecer um diálogo e nunca creditar à somente uma cidade a responsabilidade pelos problemas. “O que a gente faz aqui influencia quem está acima, no Alto Paraopeba, e os que estão abaixo também”. Contudo, ele alerta que enquanto ações significativas e a cooperação não existir em prol da bacia, os desastres têm tudo para continuar acontecendo. “Os fenômenos naturais governam o homem, não o contrário”.

Mas nem tudo são más notícias no que tange o rio Paraopeba. Recentemente, ele foi incluído em um projeto do governo do estado que visa revitalizar bacias hidrográficas nos mesmos moldes do projeto no Rio das Velhas. A bacia do rio Doce também será contemplada nessa fase do processo. De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), os investimentos de R$430 milhões irão revitalizar os rios Piracicaba, Mogi-Guaçu, Paraopeba e Pará, além de promover o desenvolvimento dos instrumentos estratégicos de gestão de recursos hídricos no Estado de Minas Gerais.

As ações prevêem a elaboração de planos para incremento do percentual de tratamento de esgoto sanitário nas bacias, a implantação e ampliação da coleta e tratamento de esgoto com obras acordadas no âmbito do planejamento da Copasa, a elaboração de projetos executivos de esgotamento sanitário, entre outras ações. De acordo com a gerente de integração com políticas municipais do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Maria de Lourdes Amaral Nascimento, o trabalho é justificado pela importância do rio para o estado. “Ele é um dos principais rios da região e do momento em que ele deságua em outros rios ele leva toda a poluição com ele. Ele e o Velhas são as principais bacias da região e a carga de poluição deles é muito grande, especialmente devido à amplitude deles, que é muito grande”.

De acordo com os dados coletados pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a conjuntura atual dos serviços de esgotamento sanitário na bacia do Paraopeba é crítica de modo geral e cerca de 73% dos municípios que fazem parte dela foram classificados com Índices de Qualidade dos Serviços de Esgotamento Sanitário Municipal (IQES) ‘Ruim’ e ‘Muito ruim’.

Das sete Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) da Copasa em operação em Betim, seis foram classificadas como em condições precárias e somente uma recebeu a legenda de ‘boas condições’. Mesmo assim, o município teve um IQES classificado como ‘bom’, ficando à frente de seus vizinhos São Joaquim de Bicas, Ibirité e Sarzedo, classificados com IQES ‘ruim’; e bem à frente de Mário Campos e Esmeraldas que foram consideradas como ‘muito ruim’. Já o índice da qualidade da água do rio Betim e do rio Paraopeba, em boa parte da Grande BH, é considerado ‘ruim’.

Por isso, Nascimento destaca que é muito importante as pessoas entenderemos danos de se jogar lixo nos rios. “A educação ambiental tem que vir antes”. Para tanto, o projeto estratégico do governo para revitalização da bacia também comporta um projeto de educação ambiental e mobilização social, que será desenvolvido no ano que vem em todas as 48 cidades que compõem a bacia. Segundo ela, um levantamento será feito para detectar os principais problemas da bacia e, após isso, uma série de oficinas com as comunidades do entorno.


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