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Estado de Minas

Obra de R$ 115 mi na Pedro II iniciada em 2007 estoura cronograma pela quinta vez

Inauguração da obra que deve aliviar tráfego em parte da Região Noroeste é remarcada para o fim do mês


postado em 02/06/2012 06:00 / atualizado em 02/06/2012 07:03

Para que trecho seja liberado falta implantação de sinalização e iluminação, além de meios-fios, passeios, canteiros e intervenções paisagísticas(foto: BETO NOVAES/EM/D.A Press)
Para que trecho seja liberado falta implantação de sinalização e iluminação, além de meios-fios, passeios, canteiros e intervenções paisagísticas (foto: BETO NOVAES/EM/D.A Press)


Um presente cada vez mais atrasado. Pela quinta vez a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) teve de adiar a inauguração das obras de ligação das avenidas Pedro II, João XXIII e Tancredo Neves, na Região Noroeste da capital – que chegaram a ser anunciadas como o maior presente pelos 114 anos da cidade, festejados em dezembro. A última promessa era de liberação das pistas entre o fim de maio e o início deste mês, o que não se concretizou. Se depender do andamento dos serviços, a via só poderia ser aberta nos próximos dias se a administração municipal autorizasse a circulação de carros em pistas de asfalto sem pintura, sem sinalização, sem iluminação pública e com operários e máquinas pesadas trabalhando nos canteiros centrais. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) garante agora que a ligação sai “no fim deste mês”, mas não se arrisca a marcar data exata.

A união das três avenidas, orçada em R$ 115 milhões, foi iniciada em 2007. A primeira previsão de término foi dezembro de 2010. Atrasos nas remoções e na demolição de imóveis esticaram o prazo para novembro de 2011. Em 30 de agosto do ano passado, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) definiu a intervenção, que segundo seus cálculos ficaria pronta em novembro, como o “presente para a cidade”, que aniversariou em 12 de dezembro, mas não ganhou nada. Um dos motivos para isso foi a demora em desapropriar as casas dos últimos moradores. Neste ano, a Sudecap marcou mais duas datas não cumpridas para cortar a fita inaugural: fevereiro e maio.

Muita gente espera ansiosa pelas alterações, que serão importantes para o trânsito da capital. Com a conexão entre as três vias, a previsão é de que o tráfego das regiões Pampulha e Noroeste flua com mais velocidade na ligação com o Centro, ajudando a descongestionar vias arteriais como as avenidas Antônio Carlos, Carlos Luz e Abílio Machado. A intervenção vai beneficiar também o entorno de bairros como Castelo, Serrano, Santa Terezinha, Paquetá, Conjunto Celso Machado e parte de Contagem, na Grande BH. De acordo com a prefeitura, passam diariamente pela Pedro II e Tancredo Neves 85 mil veículos.

Entre eles está o do empresário Fábio Carvalho, de 42 anos, que todos os dias sofre com o tráfego lento entre sua casa, no Bairro Castelo, na Região da Pampulha, e a loja que tem no Centro de Belo Horizonte. “Tanto de manhã, quando saio, quanto à tarde, quando volto cansado para casa, enfrento congestionamentos. É aquele acelera e para que leva mais de uma hora. Quase uma viagem para outra cidade”, compara. Assim como o empresário, pessoas que saem dos bairros da Região da Pampulha para ir ao Centro têm de deixar a Avenida João XXIII, que é duplicada, e se espremer na Rua Flor da Cachoeirinha, de pista simples e que corta o Bairro São José até desembocar na Avenida Dom Pedro II, sob o viaduto do Anel Rodoviário.

Cruzamento resiste

Contudo, a finalização das obras não é garantia de que todos os problemas do tráfego local serão resolvidos. A interseção das vias marginais do Anel Rodoviário com a Avenida Pedro II e com o prolongamento que está sendo finalizado ainda é tida como uma área de conflitos e retenções, na avaliação do mestre em engenharia e consultor técnico em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro. “A ligação vai melhorar, porque vai haver alargamento, um maior número de faixas em cada aproximação. Só que esta é a primeira parte de uma solução definitiva”, alerta. “Quem vem pela marginal do Anel Rodoviário precisa de um trevo completo. Assim, o condutor deixa o anel por uma alça específica e desce até a avenida.”

A Sudecap informou que o cruzamento em nível da Pedro II com a marginal do Anel Rodoviário está entre suas preocupações, tanto que a assessoria de imprensa da companhia admite que “a eventual construção de uma trincheira está sendo estudada, juntamente com outras intervenções para o Anel Rodoviário”. Ainda de acordo com a assessoria, os últimos atrasos nas obras foram provocados pelas chuvas, pois “os trabalhos de terraplenagem realizados no local necessitam que o solo esteja seco. “No momento, estão sendo executadas obras complementares, de implantação de meios-fios, passeios, canteiros e trabalhos de paisagismo”, informa a empresa.

 

 

No lugar dos barracos, 1,4 mil apartamentos

Um dos símbolos do atrasos das obras de prolongamento das avenidas Dom Pedro II, João XXIII e Tancredo Neves foi a luta da costureira Leonilda de Souza, a dona Dalva, de 69 anos, para manter sua casa. A mulher, que vivia sozinha na Vila São José com três cães de estimação, resistiu à desapropriação de seu barracão até só sobrar a moradia dela no caminho das máquinas e da via que ia sendo aberta. Enquanto a PBH não encontrou uma casa do jeito que dona Dalva queria, em dezembro, ela não aceitou deixar o local. Para isso, conseguiu até liminar na Justiça. A nova moradia, uma casa humilde, mas com espaço para seus bichos e a horta que ela cultiva, fica no Bairro Ressaca, na Pampulha.

Ao contrário de dona Dalva, muitos moradores da Vila São José gostaram de ser removidos para os apartamentos do conjunto habitacional de 1.408 unidades, o Vila Viva São José, construído no local. “Quando a gente morava no barraco, não tinha sossego. Não dava para dormir, com os ratos invadindo a cozinha e os gatos brigando no telhado”, lembra a dona de casa Nilza Ana de Souza, de 63 anos. Ela e os vizinhos vão aos poucos deixando os edifícios populares do jeito deles. Nos pés do prédio, por exemplo, eles arrancaram a grama e fizeram um cercado de madeira para cultivar plantas ornamentais e medicinais, entre elas as conhecidas como comigo-ninguém-pode, palma, beijinho, coração machucado e margarida.

Da janela do seu apartamento de segundo andar, o porteiro aposentado Adelino Borges Paixão, de 79 anos, observa o movimento de máquinas pesadas na avenida que é finalizada diante de sua moradia. “Trouxeram a gente para cá, mas foi bom, porque era um sofrimento morar na beira do córrego. Duas vezes a enchente entrou na minha casa e estragou minhas coisas. A vista que tinha era só dos barracos”, lembra.


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