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Estado de Minas

Celebração Penitencial reúne 300 padres na Serra da Piedade

Padres da Arquidiocese de Belo Horizonte participaram do rito em que os párocos se confessam em preparação para a semana santa


postado em 31/03/2012 07:48

(foto: Renato Weil/Em/D.A Press)
(foto: Renato Weil/Em/D.A Press)

 

O alto da Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se transformou, na manhã de ontem, num gigantesco confessionário a céu aberto. Cerca de 300 padres dos 28 municípios que compõem a Arquidiocese de Belo Horizonte participaram da Celebração Penitencial, presidida pelo arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo e com a presença dos bispos auxiliares João Justino de Medeiros Silva, Joaquim Mol, Luiz Gonzaga Fechio e Wilson Angotti. A peregrinação ao santuário da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, é uma tradição de quase quatro décadas e consiste numa preparação do clero para a Páscoa.

Era bem cedo, por volta das 7h30, quando os padres começaram a chegar ao Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade. Nesse horário, a neblina estava muito densa e o termômetro batia na casa dos 12 graus. Mesmo com o frio e sem enxergar um palmo adiante do nariz, muitos religiosos esperaram com calma, ao ar livre, antes de se dirigirem, como se fossem peregrinos, ao local da celebração. O reitor do santuário, padre Nédio dos Santos Lacerda, lembrou que a confissão é um ato de humildade e reconhecimento da fragilidade humana. “É a experiência de Deus da misericórdia, palavra que quer dizer colocar o coração na miséria do outro. Quem ama perdoa”, disse padre Nédio, explicando que as pessoas não devem ter medo de se confessar. “Deus não olha o pecado, mas sim o pecador.”


Durante a cerimônia na Capela Nova, dom Walmor citou São Gregório de Nazianzo (329-389) ao falar sobre o costume de todos os padres se confessarem na sexta-feira que antecede a semana santa: “Antes de purificar, é preciso estar puro. Portanto, este momento se torna importante para prestarmos melhor os nossos serviços à comunidade. É fundamental para o clero o sinal de reconhecimento do pecado e também para testemunhar a santidade da vida, a honestidade e a dignidade”. Dom Walmor destacou ainda que a Páscoa é a festa maior dos católicos, por significar a ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio. “Não se pode considerar a semana santa apenas como um feriado, mas de dias de retiro espiritual para as famílias”, afirmou o arcebispo. Amanhã, domingo de ramos, haverá missa, bênção e procissões em várias paróquias.


Em seguida à celebração, os padres e bispos formaram duplas, uns dentro da igreja e outros espalhados pela serra, para se confessar. Ele se revezaram, cada um escutando ao outro. Integrante da equipe de cerimonial da arquidiocese e titular da Paróquia de São José, de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), padre Lourival Felipe Soares contou que participa da peregrinação há 32 anos, desde os seus tempos de seminarista. “Esta é a hora em que podemos refletir, olhar para dentro de nós mesmos. Encontramos aqui a imagem de Nossa Senhora da Piedade, carregando o seu filho Jesus. Ao descermos a montanha, na volta para a cidade, temos que lembrar que lá é o nosso lugar e devemos ajudar os semelhantes.”


Força da fé

Para os religiosos, a tradicional Celebração Penitencial do Clero deixa a alma leve e o coração mais forte. “A confissão tem o significado do perdão de Deus. Não se trata de acentuar o pecado e as faltas, mas olhar para a misericórdia de Deus. Padres são seres humanos e um pode compreender o outro da melhor forma”, disse o titular da Paróquia de Santa Efigênia dos Militares e vigário episcopal para Ação Pastoral, Áureo Nogueira de Freitas. A cerimônia constou de orações, silêncio, leitura de salmos, cânticos e confissões.


Para alguns religiosos, a expectativa era grande, por se tratar da primeira vez na celebração da Serra da Piedade. Frei Giovani Moreira, das paróquias de Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora das Mercês, que começa a funcionar hoje, em Ibirité, na RMBH, enxergou a chance também trocar experiências e de aumentar a participação nos trabalhos da arquidiocese. De hábito dos mercederários ou da Ordem das Mercês, ele chegou na companhia dos freis Marcos Antônio do Carmo e Osmar Alves de Negreiros. “É a quarta vez que venho ao santuário e vejo este lugar como propício para estar com Deus e a natureza”, comentou frei Osmar.

 

Saiba mais

arquitetura divina

Impossível não ficar um longo tempo admirando, do alto da Serra da Piedade, “o mar de montanhas” que se forma no horizonte, pontuado pelos rios, casario, estradas e muitas pegadas históricas. Mas é na ermida ou capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, chamada de “magnífica arquitetura divina”, pelo ex-arcebispo e administrador apostólico dom João de Resende Costa (1910-2007) que olhos e ouvidos se abrem mais, para apreciar a imagem da santa ou ouvir histórias. A fama do lugar teria começado entre 1765 e 1767, conforme a tradição oral, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala. Na sequência, em 1773, o templo seria construído pelo ermitão português Antônio da Silva, o Bracarena. Nessa história de quase três séculos, há personagens importantes a exemplo do padre José Gonçalves, irmã Germana; frei Luís de Ravena, monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro, com suas religiosas auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, cardeal Motta, frei Rosário Jofylly (1913-2000), frade dominicano que ficou 51 anos à frente do santuário e o missionário italiano padre Virgílio Resi. 

 

“Não se pode considerar a semana santa apenas como um feriado, mas de dias de retiro espiritual para as famílias”
Dom Walmor Oliveira, arcebispo metropolitano de BH

“A confissão é a experiência de Deus da misericórdia, palavra que quer dizer colocar o coração na miséria do outro. Quem ama perdoa”
Padre Nédio dos Santos Lacerda, reitor do Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade

“Participo da Celebração Penitencial na Serra da Piedade há 32 anos. Ao descermos a montanha, na volta para a cidade, temos que lembrar que lá é o nosso lugar e devemos ajudar os semelhantes”
Padre Lourival Felipe Soares, titular da Paróquia de São José, de Confins, na Grande BH

“É a quarta vez que venho ao santuário. Vejo este lugar como propício para estar com Deus e a natureza”
Frei Osmar Alves de Negreiros, das paróquias de Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora das Mercês, em Ibirité, na Grande BH 

 

Programação

Domingo de ramos

7h30 – Procissão com saída da Paróquia São José e São Gabriel Passionista, na Rua Maurílio Gomes Silveira, 826, no Bairro Milionários, em direção à Praça do Cristo, na Região do Barreiro. Em seguida (8h), celebração eucarística presidida por dom Walmor, na Praça do Cristo

8h30 – Celebração eucarística presidida por dom João Justino, na Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caeté, na Região Metropolitana de BH

9h – Celebração eucarística presidida por dom Luiz Gonzaga Fechio, na Paróquia Santo Antônio, em Bonfim

9h30 – Celebração eucarística presidida por dom Wilson Angotti, na Paróquia Santa Mônica, no Bairro Santa Mônica, em BH

14h – Jornada Arquidiocesana da Juventude – Concentração e momento cultural na Praça do Papa, na Ave. Agulhas Negras, no Bairro Mangabeiras, em BH

15h – Caminhada pela Avenida Afonso Pena em direção ao Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua, na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem (Rua Sergipe, 175), no Bairro Funcionários, em BH

16h30 – Celebração eucarística presidida pelo arcebispo dom Walmor e participação de dom João Justino no Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua

 

 

 


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