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Estado de Minas

Falta de manutenção aumenta risco de acidentes em viadutos de BH

Falta de sinalização e manutenção, traçado malfeito, fissuras, infiltrações e imprudência


postado em 23/09/2011 06:00 / atualizado em 23/09/2011 06:09

Viaduto Sara Kubitschek, que liga a Antônio Carlos ao Centro de BH, tem proteção lateral precária(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Viaduto Sara Kubitschek, que liga a Antônio Carlos ao Centro de BH, tem proteção lateral precária (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Um emaranhado de viadutos e problemas. No retrato do crescimento da capital, dois casos recentes de motociclistas que despencaram das estruturas de cimento em Belo Horizonte chamam a atenção para a falta de manutenção dos viadutos e traçados antiquados das construções mais antigas. Especialistas ainda apontam outras fragilidades, como sinalização deficiente no entroncamento de complexos de viadutos e imprudência dos motoristas. O Estado de Minas esteve em cinco construções desse tipo na cidade e verificou suas condições. A situação basicamente ainda é a mesma indicada por um estudo realizado pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco/MG) há três anos.

Sob as grandes estruturas viárias da cidade moderna, a falta de manutenção exibe as vigas de aço que sustentam os viadutos, há fissuras, desgaste do concreto, manchas esbranquiçadas e infiltrações. O resultado é a menor durabilidade das construções. Não há risco de queda, dizem os especialistas, mas os problemas vão se agravando e, além de causar desconforto aos motoristas, com solavancos e buracos, podem contribuir para os acidentes.

“São questões de negligência ou não conhecimento de aspectos que garantem a durabilidade da construção, como a pingadeira com quina na ponta da estrutura para impedir que a água escorra pelo concreto e danifique as armaduras interiores. A adoção de pinturas protetoras, como nos mais novos, também evita que o gás carbônico deteriore o viaduto. Com a absorção do concreto, as vigas são atingidas e oxidam, num processo de corrosão. Isso aumenta a pressão da estrutura, que dilata e trinca todo o concreto. Não há risco de estabilidade estrutural, mas como quase nenhum órgão cuida da manutenção, os problemas pontuais tendem a piorar e causar desconforto para os motoristas. Para os motociclistas, o perigo é maior”, afirma o professor do Departamento de Engenharia de Materiais de Construção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ayrton Vianna Costa.

Sobrevivente de uma queda de 12 metros de altura, no viaduto da Lagoinha, o motociclista Jocelino Vital de Oliveira, de 36 anos, teve alta quarta-feira, depois de 30 dias internado. Com a perna engessada, ele diz que nunca mais passará de moto pelo local. “É muito perigoso! Havia trânsito e só sobrou o corredor perto da mureta. Meu pneu da frente bateu em um buraco na pista sentido Amazonas e a moto me jogou lá embaixo porque o guarda-corpo é muito baixo”, conta.

 

 

Ferragens, fissuras e infiltrações no mesmo elevado denunciam a falta de manutenção (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Ferragens, fissuras e infiltrações no mesmo elevado denunciam a falta de manutenção (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

 

Além disso, no Viaduto Sara Kubitschek, que faz a ligação entre a Avenida Antônio Carlos e o Centro de Belo Horizonte pela Rua dos Caetés, em um trecho o guarda-corpo não resistiu. A estrutura está tão danificada que faltam pedaços de concreto e o jeito foi colocar um reforço de ferro para simular uma proteção no local. Esse é apenas um dos problemas enfrentados principalmente pelos motociclistas no trecho de 500 metros. Quem passa por cima convive ainda com uma perigosa curva à esquerda, além dos remendos no asfalto. Por baixo, a degradação do viaduto fica ainda mais visível. A armação está exposta e enferrujada em vários pontos, além da deterioração do concreto por todo o viaduto.

Situação pior em viadutos mais velhos

Os viadutos novos são confinados dentro da cidade e, por isso, não têm traçado reto, avalia o doutor em planejamento de transporte s e professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende. Ele afirma que essas estruturas são construídas conforme técnicas modernas e internacionais, mas destaca outro problema: a falta de sinalização e fiscalização para mediar fluxos intensos e conflitos de mão e direção. No caso dos viadutos mais antigos, ele diz que a situação é ainda mais grave e que o traçado é errado.

“Belo Horizonte e as demais cidades brasileiras que vivem no emaranhado de viadutos precisarão de ações educacionais e sinalização para não transformar essas áreas em locais de risco permanente”, avalia o especialista. “Nas novas construções, os motoristas ficam perdidos. Há carros vindos de vários lados e se encontrando em cima. Se há uma curva pouco orientada, carros e motos entram juntos e a tendência é de o motociclista se afastar, o que pode gerar um acidente com sua queda do alto”, diz o especialista. Segundo ele, quando a sinalização não é benfeita, a tomada de decisão fica por conta do motorista e motociclista. “Nos viadutos mais antigos, como o da Avenida Raja Gabáglia, o desenho foi feito errado. Seria preciso zonas de transição por causa das diferenças de velocidade. Nessta pista lateral, o motorista tem condições de adequar sua velocidade”, afirma.

 


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