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Estado de Minas

Cinemas de rua da capital amargam esquecimento


postado em 02/08/2011 07:23 / atualizado em 02/08/2011 07:38

(foto: Euler Junior/EM/DA Press)
(foto: Euler Junior/EM/DA Press)

Fechado desde a década de 1990, o antigo Cine Palladium reabrirá as portas nesta semana, transformado em Sesc Palladium, um moderno e bem equipado centro cultural, com direito a show de Milton Nascimento. Nos próximos meses, seguindo destino igual, o prédio que abrigava o Cine Brasil será entregue à população, também revitalizado e convertido em centro cultural. São duas ótimas notícias para o resgate da história e da tradição cultural de Belo Horizonte, mas que revelam um paradoxo diante do triste destino de quase duas dezenas de cinemas da capital, desativados, abandonados e praticamente banidos da memória da população.

Para lembrar o período de glória dos cinemas de rua de BH e mostrar o que restou desses espaços, o Estado de Minas visitou alguns imóveis que antes abrigavam salas de exibição e viraram templos evangélicos, saunas masculinas, estacionamentos ou pontos comerciais. Muitos, de grande valor arquitetônico e histórico, estão relegados à própria sorte, resultado da ausência de políticas públicas. Uma guerra que Belo Horizonte começou a perder em 1983, quando o Cine Metrópole, vendido para uma instituição financeira, foi demolido.

Uma das exceções é o Cine Theatro Brasil, que será transformado no V&M Brasil Centro de Cultura. Inaugurado em 1932, funcionou como teatro e cinema e estava fechado desde 1999.

A situação do imóvel onde funcionou o Cine Pathé, na Savassi, é apontada pela presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Seção MG (IAB-MG), Cláudia Pires, como exemplo dos equívocos da política de preservação de bens culturais. “É impossível falar em revitalização da Savassi sem falar na restauração do Pathé. Entretanto, a praça está sendo revigorada e o cinema continua abandonado, funcionando como estacionamento”, critica.

Cláudia diz que o Pathé, como outros cinemas de rua extintos na capital, era polo de atração de atividades culturais e de lazer. “Os espaços culturais têm grande importância para as metrópoles. Vamos ver o caso do Cine Brasil. No seu auge, ele aglutinava no entorno da Praça Sete uma livraria, os cafés Nice e Pérola, enfim, era importante para essa área do Centro. Da mesma forma o Pathé, que era um símbolo da capital.”

A esperança da representante do IAB-MG é que a elaboração do Plano Municipal de Cultura, em discussão, seja um marco para uma política de preservação que incentive a iniciativa privada a investir na proteção do patrimônio histórico e artístico da capital.

Saiba mais


Rafaello Berti idealizou prédios

Nascido em Pisa, em 1900, o arquiteto Raffaelo Berti veio para o Brasil em 1922, se fixando no Rio de Janeiro. Transferiu-se para Belo Horizonte em 1930, para trabalhar em sociedade com Luiz Signorelli. Foi um dos fundadores da Escola de Arquitetura da UFMG, onde deu aulas por 37 anos. Criou mais de 500 projetos no Brasil. Em BH, além dos cines Metrópole, México e Guarani/Clube Belo Horizonte, deixou sua marca em obras como a sede da prefeitura, Colégio Marconi, Colégio Batista Mineiro, Sede Social do Minas Tênis Clube, Hospital Felício Rocho, Santa Casa de Misericórdia, Maternidade Odete Valadares, Instituto Izabela Hendrix, Colégio Nossa Senhora do Sion e Feira Permanente de Amostras (onde hoje é o Terminal Rodoviário Israel Pinheiro), entre outros.

Memória

A batalha pelo Cine Metrópole

Em 1983, no primeiro ano do governo Tancredo Neves, centenas de manifestantes foram reprimidos pela Polícia Militar na Rua da Bahia, quando se exigia o tombamento do prédio onde funcionava o Cine Metrópole, na esquina com Rua Goiás. Batalha em vão, pois o prédio foi vendido para um banco, que demoliu a belíssima construção art déco para erguer no local um arranha-céu. Ficou na lembrança um grito de guerra dos manifestantes reprimidos pela PM: “A polícia do Tancredo é igual à do Figueiredo”, numa referência ao general João Figueiredo, último representante da ditadura militar que ainda governava o Brasil. De 1906 a 1939, o local abrigou o Teatro Municipal. Depois, reconstruído e reaberto em 1942, como cinema, com projeto de Raffaelo Berti.

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