Em meio à crise, valor dos investimentos nas startups está diminuindo

Investidores anjos no país pretendem investir R$ 234 mil cada nos próximos dois anos em startups, num total de R$ 1,7 bilhão, queda significativa ante 2014, quando o potencial chegava a R$ 2,9 bilhões


Apesar do avanço do mercado de startups em plena crise financeira, o valor dos investimentos está diminuindo. Recente pesquisa realizada pela Anjos do Brasil apontou que 48% dos investidores dizem que a situação econômica do país influencia na decisão de investir. Os chamados anjos são investidores que acreditam e apostam em negócios nascentes com grande potencial para ganhar o mercado.

Ao final de 2015, foram contabilizados 7.260 investidores anjos no país, sendo que cada um deles pretende investir R$ 234 mil nos próximos dois anos, o equivalente a R$ 1,7 bilhão. A queda é significativa com relação à pesquisa de 2014, quando o potencial indicado chegava a R$ 2,9 bilhões. Em 2015, os anjos investiram R$ 784 milhões em startups brasileiras, 14% a mais do que no ano anterior.

Para Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil, a despeito da perspectiva de crescimento no investimento anjo brasileiro, a crise econômica demonstra ter um impacto na desaceleração desta atividade. Segundo a organização, são necessários estímulos para que o investimento anjo atinja seu potencial de incentivo e capitalização para startups inovadoras.

“O investimento anjo é um elemento essencial para construção de negócios inovadores, conforme apontado em estudo pela OCDE, assim, sendo extremamente relevante para reversão da situação econômica do Brasil, sendo necessário que todos agentes de governo dediquem atenção para que mais investidores sejam estimulados a aplicar seu capital em startups”, disse.

No mercado das startups, a expectativa continua de um ano de grandes oportunidades de crescimento. A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) ainda não divulgou a estimativa para 2016, mas disse que planeja uma pesquisa estatística sobre o segmento em breve.

De acordo com os últimos dados divulgados pela instituição, o país possui hoje mais de quatro mil startups, destas, 362 estão situadas em Minas Gerais, que é o segundo maior estado em número de startups. Somente Belo Horizonte abriga hoje cerca de 200 startups e é considerada uma referência na América Latina.

Confira a pesquisa completa:

  • Sexo: A predominância masculina ainda é quase absoluta, representada por 91% do sexo masculino, tendo apenas 9% do sexo feminino. Em comparação com a pesquisa realizada em 2014 quando apenas 5% eram representados por mulheres, a participação feminina quase dobrou em dois anos.
  • Idade: A idade média dos investidores anjo no país é de 47 anos, sendo a maioria (42%), abaixo dos 45 anos. Os investidores entre 45 a 54 anos somam 38% do total; e os anjos com idade acima de 55 anos somam 20%.
  • Atividade principal: A principal atividade dos investidores anjos é a de empresários (42% do total), seguida por: executivos (31%), profissionais liberais (7%), investidores e gestores de investimentos (19%);
  • Tempo de atuação como Investidor Anjo: Os investidores anjo atuam nesta atividade em média há 1,4 anos; 39% atuam há menos de 1 ano; 25% entre 1 e 2 anos; 17% entre 2 e 3 anos; 12% entre 3 e 5 anos; 7% investem há 5 anos ou mais
  • Número de investimentos efetuados: 43% dos investidores anjos investiram em mais de um projeto. Apenas 21% investiram em apenas um projeto até a data. A média de investimentos já efetuados ficou em 2,7 projetos;
  • Montante investido: cada investidor anjo aplicou uma média de R$ 208.426 mil em projetos de startups inovadoras;
  • Interesses: A pesquisa também levantou os setores de interesse dos investidores. Cerca de 52% dos entrevistados responderam ter interesse na área de TI; 36% em aplicativos para smartphones; 43% em saúde/biotecnologia; 41% em educação; 36% em e-commerce; 37% em energia; 27% em entretenimento e indústria; e 23% em outros setores. Os investidores pesquisados puderam indicar mais de um setor de interesse.
  • Intenção de investimento nos próximos 2 anos: a quantidade média de investimentos pretendidos nos próximos dois anos é de 4 investimentos, quase o dobro do apurado (2,1 investimentos) na pesquisa em 2014. Sendo que 59% dos investidores pretendem investir entre 2 e 4 projetos; 11% em apenas 1; 21% acima de 5 e 9% em nenhum.
  • Potencial de investimento: Ao final de 2015, foram contabilizados 7.260 investidores anjos no país, com uma previsão de crescimento de 4% ao ano. Todos esses investidores somam uma intenção de investimentos, para o cenário 2016/2017, de R$234 mil, resultando num total de R$ 1,7 bilhão investidos em startups nesse mesmo período, uma queda significativa com relação a pesquisa de 2014, aonde o potencial indicado chegava a R$ 2,9 bilhões
  • Se a situação econômica do país influência na decisão de investir: Quando perguntados, 44% responderam que não; 48% responderam que em termos; e 8% disseram que sim.

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