Jovens mineiros criam tecnologia que permite controle do mouse com movimento do olho

Sistema pode revolucionar acessibilidade de pessoas paralisadas


A ideia de controlar um mouse de computador apenas com os movimentos do globo ocular é algo que parece incrível para qualquer um, mas para pessoas que sofrem com algum tipo de paralisia, como tetraplégicos e vítimas da síndrome do encarceramento, é o tipo de tecnologia que muda vidas.


Certamente foi isso que Yan Santos, então estudante do curso técnico de equipamentos biomédicos do Cefet-MG, pensou quando assistiu a uma reportagem de TV que mostrava o cotidiano de pessoas paralisadas. "Foi quando tive a ideia do Eye Mouse, no início de 2014. Pessoas que foram paralisadas, seja por algum acidente ou deficiências motoras, sofrem com uma dificuldade imensa para se comunicar", conta Yan, hoje com 19 anos.


Na época, ele ainda estava cogitando temas para o seu trabalho de conclusão do curso técnico. Levou a ideia para sua colega Nayalla Caroline, que abraçou o projeto com tudo e juntos, afundaram nas pesquisas para viabilizar o produto. "Existe uma diferença elétrica entre a pálpebra e a córnea. Com eletrodos no lugar certo do rosto, conseguimos captar esse sinal e entender o movimento que o olho da pessoa está fazendo", explica Nayalla, hoje com 20 anos. "O equipamento que desenvolvemos permite que qualquer pessoa controle um mouse apenas com esse movimento", completou.

 


A dupla se juntou aos amigos Daniel Lott e Marco Túlio para formar a Eyesignal, uma startup dedicada a essa tecnologia. Hoje, já existem algumas soluções que permitem algo parecido, seja com rastreamento da retina por câmeras ou por infravermelho. Mas enquanto o primeiro é impreciso e exige um ambiente iluminado que pode ofuscar o usuário, o segundo não tem um tempo de resposta veloz e pode causar danos a visão. "A novidade se baseia no fato de que não há nenhum dispositivo que permita a utilização eficiente de um computador para pessoas com deficiências graves de mobilidade a um preço acessível a todos os públicos", explica Marco Túlio.  "Conversamos com alguns médicos e eles identificaram a dificuldade de tratar as pessoas nessa situação porque a comunicação é muito difícil e limitada", completou Yan.


A tecnologia, que nasceu em Minas Gerais, pode mudar totalmente a vida de milhares de pessoas no mundo todo, muito em breve. "Nosso produto é voltado para as pessoas com deficiências físicas, principalmente os portadores de doenças como a Síndrome do Encarceramento, a Atrofia Muscular Espinhal (AME), a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e tetraplegias em geral. Essas pessoas possuem boa capacidade cognitiva, porém, pelo fato de não se moverem e, na maioria dos casos, também não falarem, não conseguem se comunicar com as pessoas e, consequentemente, interagir com o mundo ‘externo’. O Eye Mouse é uma ferramenta que auxiliará de forma eficaz na comunicação dessas pessoas com os familiares e com toda a equipe médica que os tratam, diminuindo o tempo de diagnóstico por parte dos médicos e, consequentemente, auxiliando no tratamento físico e psicológico desses pacientes", detalhou Daniel.

 

"Será possível para essa pessoa se comunicar pelo computador, acessar redes sociais, escrever... pensamos que futuramente ela poderá fazer uma faculdade a distância, por exemplo", conta, com entusiasmo, Nayalla. "E é também uma ferramenta para tratamentos médicos e psicológicos", completa. 


A startup Eyesignal foi acelerada no Lemonade, programa de aceleração que fica em BH. "O Lemonade foi para nós um programa de consolidação da startup. Por meio dele, pudemos nos entender como empresa e identificar qual era a nossa posição em relação ao mercado ao qual estamos inseridos", concluiu Yan.


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