Doença é três vezes mais predominante em mulheres, principalmente entre os 15 e os 49 anos
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Doença é três vezes mais predominante em mulheres, principalmente entre os 15 e os 49 anos

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Na onda das cores de cada mês para alertar sobre doenças, chegamos ao Maio Bordô, que foi criado para o combate à cefaleia, distúrbio neurológico mais prevalente do mundo, que atinge 190 milhões de pessoas por ano, variando entre dor de cabeça tensional e enxaqueca, segundo estudo global publicado no The Journal of The American Medical Association.

 


Em mulheres, o problema é três vezes mais predominante, sendo a condição mais incapacitante entre as jovens com idade entre 15 e 49 anos, período da vida em que enfrentam os maiores desafios por estarem em idade reprodutiva e com foco no crescimento relacionado à carreira.


Quem sofreu ou sofre com o problema sabe exatamente o quão desesperador é cada crise. Fui vítima de muitos episódios de enxaqueca. Cheguei a ter que ir ao pronto-atendimento a cada 15 dias para tomar medicação na veia, até que uma das vezes uma médica me indicou alguns colegas, especialistas no assunto. Encontrei a doutora Renata Lysia Farnese e fiz tratamento com ela. Tomo alguma medicação até hoje, mas nunca mais tive crise de me levar para o hospital, e raramente tenho enxaqueca.


A neurologista especialista em cefaleia Eliana Melhado liderou o estudo “Headache classification and aspects of reproductive life in young women”, com 422 estudantes universitárias, cujo resultado apontou que a grande maioria delas tem cefaleia (79%), sendo 31,8% enxaqueca menstrual, a forma mais incapacitante desse tipo de condição.


“Para se ter uma ideia, mais de 80% das mulheres com enxaqueca têm uma redução nas atividades sociais e domésticas, e 45% delas relatam limitação no trabalho em períodos de crises, que na fase menstrual costumam ser mais longas e graves. Os episódios dependem da variação dos níveis hormonais, e a preparação do corpo para a menstruação é um gatilho para as crises, já que o cérebro é sensível à subida de estrogênio no organismo e, quando há a queda, a dor é desencadeada”, explica a médica.


A enxaqueca é uma doença genética neurológica séria, cujo tratamento deve ser individualizado e realizado por um especialista, pois a automedicação é um grande risco para o desenvolvimento de cefaleia crônica por uso excessivo de remédios.
A seguir confira cinco mitos e verdades sobre a enxaqueca em mulheres:


1 – Depressão e ansiedade estão relacionadas com a enxaqueca: Verdade. A enxaqueca é uma comorbidade de várias situações de saúde como asma, fibromialgia, endometriose e acidente vascular cerebral (AVC). Nesse sentido, pode ser uma condição associada também a questões psicológicas como estresse, depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtorno de personalidade. A neurologista conta que pessoas com enxaqueca têm de três a quatro vezes mais depressão, e vice-versa. “Fazer acompanhamento psicológico melhora a condição do paciente”, explica a neurologista.


2 – Jejum, cheiro e estresse desencadeiam as crises: Verdade. Não se alimentar por longos períodos é um dos principais desencadeadores da enxaqueca; 20% dos pacientes relatam outros fatores, como alimentos específicos, cheiros, exposição à luz e barulho.


3 – As mudanças hormonais pioram a enxaqueca: Verdade. Diferentemente dos homens, ao longo da vida, as mulheres têm grandes oscilações de níveis hormonais, que começam na puberdade, se alteram na gravidez e na menopausa, e isso tem impacto direto na relação com a enxaqueca.


4 – Enxaqueca piora na gravidez: Mito. Pesquisa publicada no Headache Journal apontou que 1/5 das mulheres evitou a gravidez por causa da enxaqueca e uma das principais preocupações é o medo da piora dos sintomas durante a gestação. Em contrapartida ao que se supõe pelo senso comum, a dor de cabeça preexistente melhora ou desaparece em 55% a 90% das mulheres durante a gravidez, segundo estudo do mesmo órgão, principalmente a partir do segundo trimestre.


5 – A menopausa intensifica as dores de cabeça: Mito. Com a chegada da menopausa é comum que haja o desaparecimento dos sintomas da enxaqueca na maioria dos casos. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)