Fazer turismo trabalhando (Foto: Ubiraney Silva)

Atuando por muitos anos no serviço público com o planejamento e os processos de gestão da atividade turística, me fizeram perceber a beleza do turismo enquanto objeto para estudo, planejamento e estratégias para o desenvolvimento de territórios.

De uns tempos para cá, a atividade turística se aliou definitivamente à produção cultural, e isso foi um processo natural onde o turismo como atividade econômica, foi preponderante para aqueles “territórios” ou municípios, que careciam buscar alternativas para a diversificação de sua economia.

Para muitos, compreender, que cultura e turismo precisavam ser transformados em produtos parecia uma tarefa difícil. Nem todos os gestores, públicos ou privados, conseguiam entender a eficiência das cadeias produtivas atuando em conjunto. Quando falamos de cadeia produtiva, estamos falando da infinidade de produtos e serviços que são oferecidos tanto pela produção cultural, quanto pela prestação de serviços no turismo, que é bastante diversa.

Muitos desafios ao longo dos anos

Foram longos anos de profissão, militando na gestão do turismo local, regional e nacionalmente. A fórmula técnica é uma só para todos os lugares, mas planejar, articular, garantir amparo legal, promover a eficiência dos planos de desenvolvimento e seus programas, foram desafios que enfrentei anos a fio como gestor público.

Por obra do acaso, migreFoto: Ubiraney Silva

Tenho um apego grande com as políticas públicas para a cultura e para o turismo no Brasil. Somos um país de sorte por termos setores produtivos tão bem amparados por uma legislação que facilita o ambiente para o desenvolvimento. E assim foi, longos anos militando no setor público.

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E de repente, por obra do acaso, migrei profissionalmente do serviço público para o setor privado e atuando como geógrafo e especialista em empreendedorismo e gestão social, passei a viver uma das mais ricas experiências de minha trajetória profissional.

Novas experiências pelo Brasil afora

Como consultor e atuando em projetos socioambientais estou tendo a oportunidade de atuar profissionalmente em lugares dos mais diversificados deste Brasil e isto me proporciona um luxo que poucos tem, trabalhar fazendo turismo!

Fazer turismo trabalhando (Foto: Ubiraney Silva)

Como sabem trabalho muito com processos de cultura e turismo, como atividades de fomento e na maioria das vezes, aplicamos estas estratégias nas ações que promoverão desenvolvimento de comunidades, promoção humana, geração de renda e um universo infinito de oportunidades, para aqueles que resolvem se entregar ao universo do empreendedorismo.

Nos últimos 4 anos andei tanto pelo Brasil, conheci locais novos em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no rico estado do Pará e todos estes lugares que percorro à trabalho, sempre me animam, porque onde tem gente, tem práticas e hábitos culturais diversificados, que encantam, ensinam e nos fazem refletir sobre a potência econômica, que tudo isso pode provocar, se soubermos promover de fato as conexões necessárias para que o desenvolvimento aconteça.

Em Minas Gerais e no Pará, fica fácil observar a força da produção artesanal por exemplo e o fortíssimo capital humano que agrega tanto valor a tudo que se produz nestes lugares.

Na gastronomia estes estados não deixam a desejar, mas comida é um segmento, que nos pega em qualquer lugar concordam? Quantos sabores novos descobrimos andando por aí. Atrativos culturais, históricos, fatos folclóricos, pessoas interessantes, causos, ofícios e saberes, quanta riqueza.

O corpo cansa mas é gratificante

E ainda me perguntam se me canso! Naturalmente que fisicamente o cansaço chega, mas sempre retorno tão abastecido de conhecimento e recheado de tantas surpresas que encontramos nestes caminhos, que o cansaço do corpo fica pequeno diante de tanta riqueza acumulada.

Mestra da cestaria D. Oliveira (Foto: Ubiraney Silva)

Como é bom conhecer pessoas novas, dispostas a transformar, disponíveis para a ousadia, que reconhecem o seu lugar, o seu potencial, o seu conhecimento e fazem disso o seu ganha pão.

Louvo aqui, as personagens que conheci nos últimos tempos em todos os níveis socioculturais e que me mostraram valor, empatia e coragem para o enfrentamento do trabalho e promover desenvolvimento no chão onde pisam.

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Se parar pra lembrar, começo com a bordadeira Cleusa Campos e a mestre da cestaria D. Oliveira, ambas de Itabirito em Minas Gerais. Cleusa, que inunda tecidos com cores e sensibilidade e D. Oliveira que com uma agilidade impressionante, da forma das mais variadas às réguas de taquara que ela mesmo prepara para o seu manejo. Luiz Barbudo foi outra rica descoberta, este em Serra Pelada no Pará. Um garimpeiro malsucedido, que lança mão da riqueza histórica contida em sua memória e hoje se oferece para o guiamento turístico no fabuloso celeiro do garimpo no Brasil.

É muita gente interessante, muitas vertentes, muitas histórias, muitos fatos, apertos, descobertas, alegrias, sustos e até descontentamentos. Mas assim sigo, trabalhando com meus atendimentos socioambientais e conhecendo lugares e pessoas, que enriquecem o mapa do turismo brasileiro.

Turismo e cultura se fazem com gente, com as cores, com os sons, cheiros e com as pérolas que encontramos em cada cantinho que chegamos.

Como diz uma amiga sambista, “Ô sorte a minha” de ter escolhido a geografia para me profissionalizar. Aprendendo a “ler a terra”, sigo meus dias, guardando em meu cérebro, lugares, imagens, vozes e causos, que seguirão comigo até o fim!

Viva a cultura, viva o turismo e viva o Brasil.

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