Festivais, música e grandes shows, o Brasil marca sua presença na rota do entretenimento musical -  (crédito: Uai Turismo)

Festivais, música e grandes shows, o Brasil marca sua presença na rota do entretenimento musical

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O Brasil entrou de vez na rota dos grandes shows, espetáculos e eventos. Só nos últimos meses nomes de peso como Taylor Swift, Roger Waters, Coldplay e Paul McCartney foram notícia. Além de festivais de grande porte que incluíram o país em sua programação, como Lollapalooza e Tomorrow Land, Afropunk, passando por aqueles criados por aqui, mas que movimentam fortemente o mercado musical como o recente The Town, além do já tradicional Rock In Rio.

Foto: Marina Simião

Não há dúvidas de que a música é parte essencial da vida e está no nosso cotidiano. Ajuda a relaxar, contribui para que possamos nos expressar e promove encontros e trocas. Mas, a música, além de um campo de expressão artística e cultural, também é um dos setores criativos.

Tudo o que envolve a música

Há uma série de iniciativas, produtos e serviços em torno da música,  que confirmam o seu peso também enquanto setor de relevância econômica, gera renda e cria oportunidades de trabalho: desde a instalação de estúdios e gravadoras, produção e comercialização de instrumentos musicais, criação de linhas de produtos e serviços de um determinado artista ou banda, elaboração de softwares e programas de edição musical, produção de videoclipes, plataformas de streaming, espaços para shows, serviços de sonorização e iluminação, produção de trilhas sonoras para filmes, documentários, comerciais, releituras tantas, os grandes espetáculos, e por aí vai….

Falar em música, é falar em arte, mas também é falar da oportunidade de transformação. Se antes, para um artista se consolidar no mercado, era preciso um volume enorme de venda de álbuns, um investimento considerável em publicidade e a vinculação a uma gravadora, o cenário mudou bastante com o advento da internet.

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Os avanços tecnológicos, a diversificação da forma de disseminação e apresentação da produção artística, as redes sociais, culminaram em um acesso, por parte do público, aos artistas e seus conteúdos de maneira muito distinta do que o mercado tinha por prática. Isso fez com que artistas vinculados a nichos bastante específicos pudessem encontrar seu espaço, interagir com seu público e viver da sua produção de forma mais independente e autônoma.

A importância de shows de todos os portes

Mas, independentemente do perfil de criação e público, independente das transformações do setor, o palco sempre foi e sempre será um termômetro importante. É no palco em que há a principal forma de interação entre artista e público. Por isso, a importância dos mais diversos portes de shows, mas especialmente os grandes shows e festivais diversos que promovem toda a diversidade musical e que geram uma série de outros impactos para o setor e para todos os segmentos e territórios envolvidos.

A realização de um festival exige uma série de serviços e infraestruturas que permitam que os espectadores possam usufruir dos shows, mas que tenham acesso facilitado, segurança, alimentação, acesso a atendimento médico se necessário, entre outros, para que o momento do show seja algo especial, seja uma experiência. Isso significa que, não há festival ou grande show hoje que possa se organizar sem considerar a experiência do usuário como um ponto crucial do seu planejamento e organização.

Experiência do usuário é ponto crítico

O design de experiências tem seu foco no usuário de maneira que proporcione ao mesmo vivenciar da melhor forma o produto/serviço a ser entregue. No caso de um festival, o design de experiência está presente desde a seleção/ curadoria musical, até a forma de adquirir ingressos, serviços ofertados no espaço, captação de patrocinadores envolvidos, definição de parceiros e apoiadores, qualidade do som, definição do local do evento, cobertura de imprensa, etc.

Assim como é um tema sensível em diversos setores, a experiência do usuário também é ponto crítico nos festivais. Ou seja, não basta apenas ter um bom nome musical, é preciso ter uma série de entregas associadas para que o festival de fato alcance resultados positivos. Os mais diversos festivais que ocorrem no Brasil vêm passando por ajustes e se adaptando às novas tendências e demandas do seu público.

Uma das mudanças que vem acontecendo diz respeito às ações de sustentabilidade e redução de impacto ambiental gerados pelos eventos. Logo, tem sido cada vez mais comum iniciativas que envolvam ações de coleta de recicláveis, uso de energia renovável, redução de plástico, economia circular e tantas outras. Esta pauta também é de interesse dos patrocinadores que identificam na realização de festivais uma oportunidade de relacionamento com seu consumidor final e que, através de formas de ativações criativas, criam experiências únicas para seu público, ampliando ainda mais o relacionamento e vínculo com a marca, e seu posicionamento quanto aos temas de sustentabilidade.

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Temas sociais também são pontos chave, não adianta ter uma estrutura cinematográfica, uma lista invejável de atrações musicais, uma boa presença em mídia se não há cuidado e tratamento ético e responsável junto aos profissionais, dos mais diversos estratos, que prestam serviço aos mesmos. Além do cuidado com o próprio consumidor/ espectador: casos de filas muito longas, dificuldade em acessar serviços básicos como áreas de alimentação, descanso e banheiros, além de preços abusivos em itens de alimentação e bebida.

O Afropunk

Mas, é importante destacar boas práticas, para tal, destaco um festival que chegou recentemente ao Brasil, e que, na minha avaliação, infelizmente ainda não como espectadora, vem fazendo um trabalho bastante interessante.

O Afropunk é um movimento artístico internacional de promoção da diversidade e da arte negra, de debate de direitos e pautas afins à comunidade negra nascido nos Estados Unidos e trasladado para a Bahia, na cidade de Salvador, maior território negro fora da África. O movimento apresenta diversas expressões, como literatura, audiovisual, debates políticos, mostras e uma de suas principais plataformas é a realização do Festival de Música Afropunk que em 2023 teve sua terceira edição em Salvador.

Foto: afropunk.com

Toda a proposta do festival gira em torno da comunidade negra, da celebração de sua arte, música e dança, nos mais diversos estilos e ritmos, e toda a experiência gira em torno desta temática. O festival se torna uma forma de expressão múltipla da arte e cultura negra, trazendo interações com a moda, comportamento, política. O festival ainda foi responsável pela geração de postos de trabalho, incremento de renda e geração de riqueza durante sua realização. Pelo perfil da cidade de Salvador e do estado da Bahia, não teria melhor local para realização no Brasil do braço nacional do Afropunk. Reforço aqui que o meu entendimento sobre o festival, e sobre o movimento são ainda iniciais e giram em torno do que pude pesquisar, passível de correções e complementações.

Ponto de reflexão

Assim como o Afropunk contribui para que Salvador e a Bahia sigam como referência negra e referência cultural, os festivais tem a capacidade de destacar territórios e fortalecer suas imagens enquanto espaços de inovação, criatividade e oportunidades. Em especial, quando se trata de Brasil, encontrar referências que estão fora do eixo Rio-SP, o mais tradicional neste perfil de evento, é ainda mais importante pois reforça a necessidade de descentralizar e destacar as mais diversas festas, festivais e eventos musicais em todo o país. Além de claro, sinalizar para marcas e empresas a importância em ampliar sua esfera de atuação, entendendo que o leque de clientes/ consumidores é muito mais vasto no território brasileiro e não está restrito ao eixo Rio-SP.

Ouso fazer esta provocação de forma um pouco mais ampliada, assim como o Brasil entrou na rota dos grandes shows e festivais, assim como temos um país heterogêneo e diverso, um ano para se iniciar que já começa com um calendário efervescente e descentralizado, com festas de ano novo, festivais de verão e carnaval, como os organizadores dos grandes eventos e festivais estão pensando a experiência do seu cliente e claro, será que as marcas estão atentas às oportunidades fora do óbvio?

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Deixo a reflexão e complemento com votos de que tenhamos um 2024 ainda mais criativo, inovador, desafiador, mas cheio de bons resultados e que ao final do ano, tenhamos a sensação de ter contribuído um pouco mais para um mundo melhor.

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