Estamos enfim no limiar do encerramento de mais um ano e, como usualmente acontece neste período, a hotelaria também analisa seus resultados anuais visando o planejamento correto para o ano seguinte.

Neste contexto avaliativo, considerados os dados compilados mensalmente pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) em 14 capitais, não podemos deixar de dizer que, ante a ano anterior (2022) contabilizaremos crescimento real de resultados nos 3 principais indicadores que medem a performance hoteleira, sendo eles: Taxa de ocupação percentual, Diária-Média e o cruzamento de ambas expresso sob a sigla RevPar (em inglês REVenue Per Avaialable Room) que traduz-se por: Receita Por Quarto Disponível.

1- Taxa de Ocupação (2023 x 2022)

Destaque para Salvador com evolução de 9,4% em diárias vendidas ante o ano anterior, seguido por Brasília com 7,8% de evolução, cabendo a Belo Horizonte o terceiro posto com 5,8% de crescimento. Rio de Janeiro com 4,7% e São Paulo com 3,8% também merecem destaque neste quesito. Um aquecimento razoável da demanda hoteleira que retraiu por sua vez em 6 outras capitais (Vitória, Fortaleza, Goiânia, Florianópolis, Manaus e Belém). Fatores com o aumento de 34,75% das passagens aéreas podem ter contribuído pela retração de resultados em ocupação de capitais mais distantes, em alguns casos afetados por distúrbios climáticos (casos de Manaus e Belém) e crise econômica em mercados geradores de demanda (caso de Florianópolis por exemplo que usualmente é muito frequentado por argentinos).

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No âmbito geral a ocupação média das 14 capitais (63,22% x 62,65%) mensuradas permaneceu em estabilidade, com crescimento nominal de 0,9% entre os 2 anos em demanda por hospedagem.

2 – Diária-Média (2023 x 2022)

No indicador Diária-Média da hotelaria brasileira este ano temos boas notícias! Crescimento nominal em TODAS as 14 capitais medidas mensalmente. Em todas elas em % superior à inflação de 12 meses do período oficialmente estabelecida em 4,82%. Destaque para o Rio de Janeiro com 31% de crescimento seguido por São Paulo e Brasília, ambos com 29% de evolução, Belo Horizonte e Goiânia 27%, Porto Alegre 26% e Belém 25%. Observamos que em todas as capitais este indicador foi bem trabalhado o que no entanto não confere ao setor uma recuperação plena da estagnação de anos anteriores (contabilizado inclusive o período da pandemia).

Registramos que algumas capitais do Nordeste e da região Sul tiveram crescimento menor quando comparados com Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país talvez pelo fato do Nordeste ter se recuperado relativamente mais rápido no ano de 2022 (pós pandemia) tendo portanto menos espaço para novo crescimento nominal este ano.

No cenário nacional a média de crescimento das diárias cobradas nos hotéis atinge 23,9% no comparativo 12 meses (2023 x 2022).     

3- RevPar (Receita por Quarto Disponível) 2023 x 2022

Através do cruzamento dos indicadores (ocupação e diária-média) chegamos enfim ao determinante valor do RevPar medido igualmente nas 14 capitais que é objeto do estudo permanente de performance desta consultoria hoteleira. Como já poderíamos presumir com base no incremento da diária-média o RevPar cresceu em todas as capitais com destaque para Brasília com 39% de aumento, Rio de Janeiro 38%, Salvador 34% e por fim encerrando o top 5 da lista, Belo Horizonte e São Paulo com 33% de incremento nominal nos últimos 12 meses.

A média nacional ficou em 25% de aumento do RevPar entre o exercício anterior e o atual, o que remete a ideia que deveremos trabalhar incessantemente, em especial, na taxa de ocupação para elevar o indicador a valores atingidos em anos pregressos quando a hotelaria viveu de fato seus melhores dias.     

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Dentro do contexto das análises acima e por conta de algumas recentes veiculações ufanistas divulgadas em grandes mídias os gestores hoteleiros por sua vez enxergam o cenário com conhecimento de causa e moderação. Pleiteiam mais acuidade e profundidade na divulgação de dados e suas análises, estas que devem partir de fato de quem domina o assunto e estuda estatisticamente os indicadores a cada período.

“Neste momento em que estamos lutando pela sobrevivência do PERSE (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos), criado na pandemia, a redução das alíquotas do setor na reforma tributária recém promulgada e com um pouco mais de informações e análise dos números, concluímos que nosso melhor momento histórico, conforme relatórios do FOHB, foi 2013. Em 2023, comparado a 2013, estamos 20% abaixo em Diária-Média cobrada e 6% abaixo em Taxa de Ocupação. Como desconheço outra entidade que faça o acompanhamento dos números do setor tão minuciosamente como o FOHB, sempre utilizo estes para meu acompanhamento. Reforço a necessidade de sermos comedidos nos depoimentos pois estas informações, muitas sem análises profícuas poderão ser usadas mais tarde contra o nosso setor,  por conta da nossa vontade de sermos otimistas nas conclusões” Marcio Lacerda (CEO da Hotelaria Brasil)

Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)

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