Mergulhar na poesia de Adélia Prado é caminhar pelas ruas de Divinópolis, em Minas Gerais. Nascida na cidade em 1935, onde reside até hoje, a escritora transformou seu cotidiano em matéria-prima para uma obra universal. Reconhecida com os prêmios Camões e Machado de Assis em 2024, Adélia prova que sua voz, profundamente enraizada em seu lugar de origem, continua a ecoar com força na literatura contemporânea. Conhecer Divinópolis é, portanto, entender o solo fértil de onde brotam seus versos.

Diferente de um roteiro turístico tradicional, os caminhos para a poesia de Adélia são mais afetivos do que geográficos. A poeta vive em sua casa, e é desse ambiente familiar e doméstico — com seu jardim, quintal e cozinha — que nascem as reflexões sobre a família, a fé e os pequenos eventos do dia a dia. A residência não é um ponto de visitação, mas o epicentro simbólico de sua criação, onde o trivial se revela sagrado.

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Caminhos que se tornaram versos

A profunda fé católica é um pilar na obra de Adélia, e essa espiritualidade é vivida no dia a dia da cidade. As igrejas de Divinópolis, com seus ritos e sua gente, formam o pano de fundo para poemas que tratam do divino com uma intimidade desconcertante. A religiosidade não está apartada da vida comum; pelo contrário, mistura-se a ela, revelando Deus nos gestos mais simples, um tema constante em seus escritos.

O passado ferroviário da cidade, marcado pela antiga estação, também se conecta à biografia da poeta. Filha de um ferroviário, Adélia carrega em sua obra os ecos desse universo: a passagem do tempo, as despedidas e as chegadas. Embora os trens de passageiros já não circulem, o local evoca a nostalgia e o movimento que alimentaram o olhar da escritora sobre a transitoriedade da vida.

O próprio centro comercial da cidade, com suas lojas, praças e o mercado, funciona como um palco a céu aberto. É nesse ambiente de encontros casuais e conversas corriqueiras que a escritora capta a essência das relações humanas. Caminhar sem pressa por essas ruas é a melhor forma de encontrar a poesia escondida no trivial, exatamente como Adélia Prado ensina em sua obra.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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