A produtora de conteúdo digital, Júlia Micaelly Ribeiro Carvalho tem 19 anos, é estudante, mora no Maranhão e assim como outras jovens de sua idade, ela encontra nas redes sociais um espaço para desabafar e encontrar pessoas com gostos, ideias e até mesmo realidades semelhantes à dela. Mas a história da jovem chama atenção por um fato: aos 16 anos, ela precisou tirar os dois ovários e, com isso, iniciou sua menopausa precoce.

Quando tinha apenas 14 anos, Júlia acordou de madrugada com intensas dores abdominais que a fizeram ser levada às pressas para o hospital. Chegando ao local, ela descobriu que estava tendo uma hemorragia, pois seu ovário havia se rompido. Na cirurgia feita para salvar sua vida, foi necessário retirar seus dois ovários e, como consequência, ela parou de ovular e tempos depois entrou na menopausa. Em um vídeo no TikTok, a estudante fala sobre como enfrentou esse momento de sua vida: "Eu pesquisava na internet e não encontrava ninguém [com histórias parecidas com a minha] e me questionava: 'Será que isso só está acontecendo comigo? Que azar grande é esse!'"



Natacha Machado ginecologista da Plenapausa - empresa que visa levar informação, cuidado e tratamento para mulheres, explica que o primeiro sintoma da menopausa precoce é a menstruação irregular, que pode ser percebida por meio de ciclos menstruais mais curtos ou mais longos, ou ainda, a ausência da menstruação. “Os sintomas da menopausa precoce acontecem devido à diminuição da produção de hormônios femininos estrógenos e progesterona, que tem ação protetora sobre os ossos e o sistema cardiovascular. Os sintomas são os mesmos da menopausa natural: ondas de calor; oscilações de humor; mudanças urogenitais; alterações do sono; e ganho de peso”, explica.

Sobre essa nova fase de sua vida, Júlia relata a primeira vez que experienciou os famosos fogachos. "A primeira vez que senti o calor da menopausa foi antes de eu tomar banho e veio uma coisa de dentro para fora. Entrei no banho, comecei a jogar água [no corpo] e a chorar porque eu não sabia o que fazer. Não passava. Isso tudo aconteceu algumas semanas após a minha cirurgia [de retirada dos ovários]. Uma vez eu fiquei nessa agonia por cerca de 40 minutos e nada resolvida. É angustiante demais porque nada resolve, é de dentro para fora. O que resolveu para mim foi a reposição hormonal. Hoje em dia, é de vez em quando que sinto esses calorões, mas passa mais rápido", diz.

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A reposição hormonal é uma das terapias disponíveis para amenizar sintomas e melhorar a qualidade de vida. A psicanalista Márcia Cunha, acredita que é necessário que as mulheres busquem mais informações e ajuda para aliviar os sintomas que chegam nesse período, uma vez que terão de conviver com eles por um longo período de suas vidas. "Entre os tratamentos disponíveis hoje, além da reposição hormonal, muitas escolhem uma abordagem holística e natural, combinando mudanças na dieta e uma rotina de exercícios físicos e terapias alternativas, como aromaterapia e acupuntura. Tudo isso, sem dúvidas, é válido", afirma.

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