Sintomas como tontura e zumbido costumam ser negligenciados, mas esses sintomas podem estar relacionados a doenças e à perda auditiva -  (crédito: mdjaff/Freepik)

Sintomas como tontura e zumbido costumam ser negligenciados, mas esses sintomas podem estar relacionados a doenças e à perda auditiva

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Muitas pessoas minimizam a importância de procurar ajuda médica quando sentem tontura e zumbido no ouvido. No primeiro, o autodiagnóstico (“tenho labirintite”) vem quase automático e, no caso do zumbido, acreditam que os sons são fruto de algum descontrole emocional momentâneo. Mas quando os problemas passam a incomodar, com constância e recorrência, os pacientes não sabem qual especialista buscar para diagnóstico e tratamento corretos.

“A otoneurologia tem como foco as estruturas do labirinto e suas conexões com o sistema nervoso central. O médico otoneurologista atua na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de disfunções e doenças associadas à tontura, ao desequilíbrio, à vertigem, ao zumbido e à perda auditiva. É muito importante que as pessoas conheçam essa especialidade para tratar de forma adequada esses sintomas”, explica a otoneurologista Nathália Prudencio, médica otorrinolaringologista especialista em tontura e zumbido.

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A médica explica que a área da otoneurologia trata da ‘conversa’, a relação, entre as estruturas que estão dentro da orelha interna e as estruturas que estão dentro do nosso cérebro, com foco no equilíbrio e na audição. “Entre várias outras causas, sintomas como tontura e zumbido são frequentemente desencadeados por alterações nessas estruturas ou na condução dos estímulos nervosos entre elas e o cérebro, sendo também possível a influência de fatores neurológicos no quadro”, explica Nathália Prudencio. “Sabemos hoje, por exemplo, que pacientes com zumbido no ouvido apresentam uma maior atividade em determinadas regiões do cérebro que estão relacionadas à audição”, comenta.

Investigar as duas situações: tontura e zumbido

Segundo a otoneurologista, é fundamental investigar as duas situações, pois podem estar relacionadas a doenças como: Vertigem Posicional Paroxística Benigna (Tontura do Cristais); Tontura Postural Perceptual Persistente (Vertigem Fóbica); Enxaqueca Vestibular; Labirintite; Doença de Ménière; Neurite Vestibular; e Cinetose.

“Além disso, uma das principais causas do zumbido no ouvido é a perda auditiva”, explica a médica. “Quanto antes um especialista for procurado, mais rápido teremos um diagnóstico preciso e uma estratégia de tratamento eficaz para evitar a progressão do sintoma”, destaca.

Diagnóstico

Para o diagnóstico, a história do paciente e o exame físico feitos em consultório são os pilares para um correto diagnóstico, o médico também poderá solicitar exames complementares para avaliar os sistemas auditivo e vestibular do paciente, assim como para investigar possíveis relações entre os sintomas e o sistema nervoso central (cérebro).

No caso da tontura, em que grande parte das doenças causadoras deste sintoma são de diagnóstico clínico, os exames complementares podem ser utilizados para nos dar pistas sobre a causa da doença e devem ser sempre avaliados junto ao contexto clínico do paciente. Por isso, a avaliação clínica do paciente em consultório, ou seja, o seu histórico de saúde e a história que ele conta na consulta, é fundamental para o diagnóstico”, explica Nathália.

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A médica explica que, embora a especialidade ainda seja pouco conhecida pelo grande público, os sintomas de tontura e zumbido são relativamente comuns na população: os dados indicam uma prevalência de 15 a 20% do zumbido na população, e a tontura pode chegar até 40% da população dependendo da idade avaliada.

“Na maioria das vezes, as pessoas só tomam conhecimento da área quando são encaminhadas por outro médico — geralmente o otorrinolaringologista — por necessitarem de um diagnóstico e um acompanhamento mais aprofundado”, diz a médica.

“O otoneurologista pode ser consultado imediatamente pelo paciente com queixas de sintomas, como: tontura (desequilíbrio, desorientação espacial ou tontura ao levantar, por exemplo); vertigem (sensação de ver tudo girar ou balançar); quedas recorrentes (associadas à tontura e à vertigem); zumbido no ouvido (ouvir um som sem nenhuma fonte de estímulo externa); alterações auditivas (como perda de audição ou sensação de ouvido tapado); desconfortos no ouvido (como coceira, dor, secreção ou inchaço). Tendo em vista o enorme leque de doenças e alterações relacionadas a esses sintomas e a frequente necessidade de tratamentos personalizados para reversão e alívio do paciente a incômodos, como o zumbido no ouvido, é de enorme importância consultar um especialista”, destaca a médica.