A pré-diabetes é uma condição reversível e cujo tratamento envolve intervenções para mudar o estilo de vida, como: alimentação saudável e balanceada, redução do consumo de alimentos hipercalóricos, ultraprocessados e carboidratos e prática regular de exercícios físicos -  (crédito: Shane Cromer/Pixabay)

Crescimento da obesidade predispõe também ao aumento da diabetes

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Normalmente silencioso, mas com risco de complicações graves que levam a óbito, o diabetes segue crescendo no mundo. No Brasil, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, já são quase 17 milhões de adultos entre 20 e 79 anos, com a doença. Estudo publicado em 2022 pela revista científica “Lancet” revelou que a população mundial terá, em 2050, 1,3 bilhão de pessoas com a condição. Para a médica endocrinologista Flávia Pieroni, o avanço dos casos de diabetes está associado, principalmente, ao aumento da obesidade.

Levantamento do Ministério da Saúde em 2023 revelou que a obesidade já atinge 6,7 milhões de pessoas no país. Segundo a médica, a crescente urbanização e a mudança de hábitos, como maior ingestão de calorias, aumento do consumo de alimentos processados, além de estilo de vida sedentário, explicam o crescimento do número de pessoas com sobrepeso e obesidade. E isso acaba impactando no incremento dos casos de diabetes. “A obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes e controle da glicemia, pois o tecido gorduroso acentua a resistência à ação da insulina, que é o principal hormônio para utilização da glicose”, explica.

O diabetes é causado pela produção ou ação insuficientes da insulina, hormônio secretado pelo pâncreas que regula a glicose no sangue. No Brasil, 90% dos casos são de diabetes tipo 2. Já o diabetes tipo 1 é considerado uma doença autoimune. Este costuma se instalar de forma abrupta e bastante sintomática e pode surgir sem qualquer histórico prévio de alteração ou história familiar de diabetes. Existe ainda o diabetes gestacional, como o próprio nome diz, é diagnosticado na vigência de uma gravidez.

A doença pode ocorrer em diferentes faixas etárias, de crianças a idosos. “Mas pessoas com histórico familiar relacionado, idade acima dos 45 anos, e fatores de risco como excesso de peso e obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, apneia do sono e alterações no colesterol e triglicérides sanguíneos estão mais propensas a desenvolverem o diabete tipo 2”, afirma a medica.

Em um primeiro momento, os sintomas do diabetes são “leves”, incluem sede e fome excessiva, cansaço, vontade de urinar com frequência, visão embaçada e perda de peso sem motivo aparente. Quando o diagnóstico é tardio e a doença não é controlada, aumentam-se os riscos de problemas cardiovasculares, por exemplo. “O diabetes afeta principalmente os vasos sanguíneos arteriais, provocando a obstrução deles e consequente redução da oxigenação dos tecidos do nosso corpo, com grande importância o coração, os rins, a visão, o cérebro e os membros inferiores. Quando falta a adequada oxigenação pode complicar com um infarto, insuficiência renal, cegueira, derrame (AVC) e má circulação nas pernas podendo até levar à amputação do membro”, alerta a médica.

A condição pode ser investigada por exames de glicose, em jejum, e da hemoglobina glicada, sem a necessidade do jejum. “O rastreamento de doenças crônicas é uma forma de prever e tentar evitar a doença ainda nos primeiros estágios, podendo até mesmo revertê-la em estágios iniciais com mudanças no estilo de vida”, observa a médica.