É durante o sono que as células gliais fazem uma verdadeira faxina no cérebro, removendo neurotoxinas e outros produtos degenerativos do metabolismo, ou seja, é preciso dormir bem para ter um cérebro produtivo -  (crédito:   Gerd Altmann/Pixabay)

É durante o sono que as células gliais fazem uma verdadeira faxina no cérebro, removendo neurotoxinas e outros produtos degenerativos do metabolismo, ou seja, é preciso dormir bem para ter um cérebro produtivo

crédito: Gerd Altmann/Pixabay

 

A chegada de um novo ano traz o sentimento de renovação e esperança de novas conquistas. Alguns quilos a menos, hábitos saudáveis, mais foco e produtividade no trabalho, mais tempo com a família... e por aí vai. A seguir, a neurocientista Thaís Gameiro, sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de neurociência, destacou quatro hábitos que podem ajudar a alcançar grande parte desses objetivos.

"Aderindo a essas dicas você irá contribuir para a saúde do seu cérebro e, com ele funcionando bem, fica mais fácil tomar boas decisões, manter o foco nos seus objetivos e lidar melhor com o estresse do dia a dia", ressalta a neurocientista Thaís Gameiro.

Cuide bem do seu corpo 

"Essa dica com certeza é a mais batida de todas, mas mesmo assim esquecemos frequentemente de priorizá-la. Para que nosso cérebro (e todo o corpo) funcione bem, precisamos de uma alimentação saudável e balanceada. Retiramos dos alimentos os nutrientes necessários para realizarmos todas as nossas atividades, e a qualidade desses nutrientes impacta diretamente na eficiência na qual conseguimos desempenhar tais atividades. Uma alimentação rica em vegetais, frutas e gorduras boas (azeite, peixe, castanhas etc) ajuda no bom funcionamento dos neurônios, retarda o processo natural de envelhecimento dessas células e contribui para uma melhor função cognitiva (raciocínio, atenção, aprendizado)", lembra a neurocientista.

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Além da alimentação, a prática regular de exercícios físicos também é fundamental para o bom funcionamento do cérebro. "A atividade física, especialmente os exercícios aeróbicos, ajudam na distribuição sanguínea, melhorando a irrigação do cérebro e do corpo como um todo. O maior aporte de sangue no cérebro contribui para o crescimento celular e para a criação de novas conexões entre os neurônios. Além disso, a prática de exercícios libera hormônios e outras substâncias que atuam no cérebro aumentando a sensação de prazer e bem-estar, aliviando os efeitos negativos do estresse e o cansaço. Comece incluindo apenas 20 minutos por dia de exercícios na sua rotina e perceba os resultados positivos", destaca Thaís Gameiro.

Dê mais atenção as suas noites de sono

"É durante o sono que nossas células gliais fazem uma verdadeira faxina no cérebro, removendo neurotoxinas e outros produtos degenerativos do nosso metabolismo. Esse trabalho requer tempo, e por isso respeitar as 7h-8h de sono é fundamental. Crie uma rotina e um ambiente favorável para o sono, evite tomar café ou outras substâncias estimulantes após as 15h, deixe o celular longe da cama e evite acumular noites mal dormidas. Pesquisas mostram que a privação de sono pode contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Mal de Alzheimer', alerta a neurocientista.

Desafie o cérebro aprendendo coisas novas

O cérebro permanecerá produtivo e saudável por mais tempo se for constantemente desafiado com novos estímulos. "Ele tem a brilhante capacidade de se reorganizar e mudar, deixando para trás antigos hábitos e aprendendo novos. É a chamada neuroplasticidade, que nos confere a capacidade de aprender e adquirir novas habilidades. Aprender um novo idioma, um novo instrumento musical, uma dança ou esporte, viajar e aprender sobre novas culturas e até mesmo conversar com pessoas diferentes. Todas são excelentes práticas para manter o cérebro flexível e a mente aberta, dois pilares fundamentais para uma maior criatividade", assegura Thaís Gameiro.

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Cultive suas relações sociais 

Os seres humanos são criaturas sociais e, por isso, manter uma convivência frequente com amigos e familiares é fundamental para o bom funcionamento cerebral: "Um estudo mostrou que pessoas que mantinham um convívio social ativo apresentaram um declínio cognitivo até 70% menor quando comparadas com pessoas que viviam mais isoladas. A interação com outras pessoas nos ajuda a trabalhar áreas do cérebro associadas com a empatia e inteligência emocional, aspectos importantes para o sucesso no trabalho e também no âmbito pessoal", diz a especialista.


Apesar de simples, colocar esses hábitos em prática exige determinação e persistência: "Comece implementando um passo de cada vez e quando sentir confiança, passe para o próximo nível até atingir uma mudança de comportamento sustentável. Não desanime com as recaídas, elas fazem parte do processo", recomenda a neurocientista.

Esses novos hábitos irão contribuir não apenas para um cérebro mais produtivo em 2024, mas também para um cérebro mais saudável por todos os anos que vierem.