Há cerca de três meses, as taxas de testes positivos para a COVID-19 voltaram a crescer no Brasil, o que reforça a importância de manter o esquema vacinal completo. Estar imunizado hoje, no país, significa ter duas os mais doses da vacina monovalente e mais uma da bivalente, orienta a infectologista Luana Araújo. A proteção oferecida pela vacina, segundo a especialista, tem duas frentes de atuação: aumenta a produção de anticorpos por aproximadamente cinco a seis meses, em adultos saudáveis, e reforça a memória celular de longo prazo, ou seja, mantendo a imunidade.

"Na população brasileira, o que observamos é a imunidade híbrida, ou seja, pela ação da vacina, ou pela ocorrência de uma ou mais infecções por COVID anteriores", explica Luana. E isso é justamente o que faz com que, mesmo configurando uma nova onda, o recente aumento no número de casos não reflete maior índice de internações hospitalares e óbitos - em maio de 2021, com a pandemia, foi registrado um pico de 4 mil mortes diárias no Brasil.

A questão é que agora as medidas de vigilância quanto à doença não são mais tomadas, e muitas pessoas fazem o auto teste, o que não entra em estatísticas oficiais. "O vírus continua circulando. Mas não está sendo notificado como antes. Mesmo assim, a situação atual não tem a mesma proporção que antes. A questão é que o vírus não está mais fraco. Não vem causando tanto estrago porque a população está mais protegida. Antes, tínhamos um vírus muito agressivo com uma população desprotegida, e foi um caos. Hoje, o vírus segue agressivo, mas a população está mais protegida, então não existe mais aqueles resultados horrendos do passado", indica Luana.



Ainda assim, a infectologista pontua a necessidade da vacina. No Brasil, a vacina bivalente da Pfizer está disponível para todas as pessoas com 18 anos ou mais, além de moradores de instituição de longa permanência com 12 anos ou mais, pessoas imunocomprometidas, também a partir dos 12 anos, e gestantes e puérperas, inclusive as menores de 18 anos. Ser bivalente significa, segundo Luana Araújo, oferecer a proteção para a cepa original e para a ômicron. Já disponível em outros países, ainda não no Brasil, começa a ser aplicada uma nova vacina monovalente, que já prevê a imunidade para a ômicron e as cepas derivadas dela, que são as que estão em circulação - a cepa original não faz mais parte do escopo dessa vacina porque não há razão de ser, não existe mais, explica Luana. "São centenas as novas cepas, algumas circulando no Brasil, todas derivadas da ômicron. O vírus segue evoluindo, as pessoas continuam viajando, estamos em um mundo globalizado. Na versão monovalente oferecida em outros países, todas as cepas são contempladas", pondera Luana.

De uma forma ou de outra, manter a proteção, principalmente com as vacinas em dia, é imprescindível, recomenda a infectologista. E isso é ainda mais importante para o grupo de pessoas consideradas vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes, transplantados e imunocomprometidos. "É fundamental manter altos níveis de anticorpos e, para isso, a vacina deve ter sido aplicada o mais recentemente possível. Para idosos que receberam a bivalente há mais de seis meses, por exemplo, já seria indicada uma nova dose. O problema é que essa dose, depois da bivalente, só está acontecendo no Hemisfério Norte - no Brasil, quem já tem a bivalente não consegue mais uma aplicação. Quem está, no país, com o esquema vacinal incompleto, também deve se vacinar. Crianças entre seis meses e cinco anos, devem ter as três doses garantidas. Gestantes devem se vacinar seja qual for o momento da gestação - não há riscos."

Luana recomenda, em alguns casos, a volta da máscara e a retomada das outras medidas de prevenção já amplamente preconizadas, como ações de higiene e distanciamento. "Grávidas, por exemplo, devem considerar usar máscara principalmente se estiverem entre pessoas com problemas respiratórios. Muitas vezes você não sabe que a pessoa está infectada com o coronavírus e acaba pegando de gente que não está sintomática. Para a população em geral, a máscara também ajuda a evitar os efeitos da COVID longa", indica. Em Minas Gerais, Santa Luzia, na Grande BH, voltou a recomendar o uso de máscaras com a alta de casos de coronavírus. "O vírus já deve ter chegado novamente na capital. A questão é que o nível de testagens não é o mesmo. A COVID é a doença mais prevalente entre os quadros respiratórios. Mas não há motivo para pânico. Para que a situação continue tranquila, é fundamental manter o cuidado e, entre todos eles, a vacinação é o mais importante", aponta Luana.

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