O câncer, assim como outras enfermidades e condições patológicas e psicológicas, pode ser evitado, identificado e tratado precocemente, mas grande parte dos homens não se previne -  (crédito: Freepik)

O câncer, assim como outras enfermidades e condições patológicas e psicológicas, pode ser evitado, identificado e tratado precocemente, mas grande parte dos homens não se previne

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Essa quinta-feira (30/11) é o último dia do mês celebrado como o “Novembro Azul”, voltado ao combate e conscientização do câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma) no Brasil. A estimativa mais recente aponta que são registrados mais de 65 mil novos casos da doença anualmente no país. De acordo com dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), os cálculos apontam para 1,5 milhão de novos casos de câncer e 700 mil mortes por ano na América Latina.

O câncer, assim como outras enfermidades e condições patológicas e psicológicas, pode ser evitado, identificado e tratado precocemente, mas grande parte dos homens não se previne. Segundo o coordenador do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera, Rongno Rodnei Rodrigues, esse comportamento está ligado à ideia de que o homem é um ser forte, que não pode jamais demonstrar fragilidade. “A herança machista enraizada em nossa cultura impõe aos homens a expectativa de adotar uma postura firme, sem espaço para a expressão emocional. Essa pressão dificulta a autoconsciência, levando-os a evitar a exploração do autoconhecimento. Essa dinâmica contribui para uma série de problemas, tanto de natureza biológica quanto psicossomática. O homem brasileiro muitas vezes enfrenta dificuldades em expressar abertamente seus sentimentos, resultando na supressão das emoções”, opina o coordenador universitário.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já há alguns anos nascem mais meninos do que meninas no Brasil. Contudo, a mulher representa 51,1% da população e elas vivem mais - 80,1 anos contra 73,1 anos dos homens. Alguns dos motivos para a menor expectativa de vida do homem, segundo especialistas e estatísticas, é que eles são mais propensos a se envolver com a criminalidade, vão menos ao médico, se exercitam menos e costumam fazer mais uso de drogas e bebidas alcoólicas.

Essa combinação acaba levando à descoberta de doenças já em estágio avançado, como é o caso de grande parte dos indivíduos acometidos pelo câncer de próstata (por medo ou tabu com relação ao exame de toque que detecta a doença), e até depressão e ansiedade.

Na opinião do psicólogo, a receita para mudar esse cenário é incentivar o homem a se entender como um ser que não precisa reafirmar uma masculinidade que esteja necessariamente relacionada à manutenção de uma imagem de super-herói invencível, autossuficiente e que não precisa de ajuda. “Apesar de a presença masculina nos consultórios de psicologia ainda ser reduzida, muitos homens já reconhecem a importância de zelar tanto pela saúde mental quanto física para alcançar o bem-estar. O panorama está evoluindo de maneira positiva, uma vez que a conscientização sobre a relevância do autoconhecimento ganha destaque, demonstrando que essa prática é essencial para todos os seres humanos”, aponta o especialista, lembrando ainda que a família, amigos e cônjuges são figuras fundamentais para incentivar os homens a tornarem-se mais abertos e flexíveis.