Parlamentares de diferentes pontos do espectro político avaliam que o 2026 de Hugo Motta e Davi Alcolumbre marcará um realinhamento da dupla com o governo Lula, apesar de seus partidos indicarem caminhos opostos ao do presidente na campanha ao Palácio do Planalto. Deputados e senadores preveem que o governismo dos chefes do Legislativo será nutrido por cargos, o favoritismo de Lula e a insatisfação de ambos com o nome escolhido por Jair Bolsonaro para concorrer à Presidência.
Avalia-se no Congresso que os dois já pagaram suas dívidas com o bolsonarismo ao pautarem o PL da Dosimetria e não impedirem sua aprovação.
Agora, a expectativa é de maior previsibilidade na pauta legislativa. Para 2026, a Câmara deve concentrar esforços em aprovar a PEC da Segurança Pública, o PL Antifacção, com manutenção do texto aprovado pelo Senado — o que seria uma derrota para o bolsonarismo —, e na tramitação da PEC que propõe o fim da escala 6×1. Todos os textos são eleitoralmente promissores.
No caso de Motta, a aproximação com o Planalto já começa a produzir efeitos concretos, após o trabalho de aliados de Lula e do presidente da Câmara, como o líder do MDB, Isnaldo Bulhões, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Esse processo teve como resultado a indicação do deputado Gustavo Feliciano, da Paraíba, para o Ministério do Turismo. A escolha foi elogiada pelo presidente da Casa, que foi à cerimônia de posse.
Hugo Motta também tem na mesa com Lula um tema local e familiar: a articulação para viabilizar a candidatura do pai, Nabor Wanderley, ao Senado, pela Paraíba. Aliados avaliam que o bom desempenho eleitoral do presidente no estado pode ser decisivo nesse projeto.
Davi Alcolumbre, por sua vez, tende a manter o perfil discreto e pragmático. Nas últimas semanas, passou seu pior momento com Lula, envolvendo a indicação de Jorge Messias ao STF, mas a expectativa de interlocutores do presidente do Senado é que, passado o recesso, ele retorne já tendo digerido a derrota de sua tentativa de fazer Lula indicar Rodrigo Pacheco.
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Ajuda também no movimento de reaproximação com o governo Lula a falta de fé que ambos — Motta e Alcolumbre — têm na candidatura de Flávio Bolsonaro. Mantida essa candidatura como a principal da direita, Lula poderá não tê-los em destaque em seu palanque. Mas poderá ter os dois costurando apoios não oficiais e trabalhando pelo petista.
