O ano de 2025 ainda não acabou, mas nos bastidores do governo os movimentos dos ministros mais poderosos despertam especulações sobre como ficariam os cargos de maior projeção em um possível quarto mandato de Lula. No lance mais recente, Fernando Haddad (Fazenda) anunciou a intenção de deixar a pasta em fevereiro para se dedicar à campanha de reeleição do presidente.

Embora reitere, desde que assumiu o Ministério da Fazenda, em 2023, que não tem planos de participar das eleições de 2026, ele deixa no ar a hipótese de se candidatar a senador ou a governador de São Paulo. Vitorioso para o senado, derrotado para o governo ou fora das urnas, Haddad é visto em qualquer hipótese como um pretendente à Casa Civil, posto mais próximo do presidente e com ingerência em todo o governo.

Para quem disputa a condição de nome de Lula para o Planalto na sucessão de 2030, esse é um cargo que proporciona visibilidade e identificação com as políticas petistas. Exatamente por essa razão, o titular da Casa Civil, Rui Costa, é visto no Planalto como interessado em voltar á cadeira em 2027, depois de disputar uma vaga de senador pelo PT da Bahia.

Ele se prepara para desembarcar do governo até abril, limite para desincompatibilização da gestão petista. Costa chegou à Casa Civil em um acordo para que não fosse candidato a senador em 2022 e abrisse espaço para que o aliado Otto Alencar (PSD-BA) fosse reeleito. Agora, Costa quer o mandato de oito anos. Como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o senador Angelo Coronel (PSD-BA) pretendem concorrer à reeleição, o campo governista tem três postulantes a duas vagas. Costa aparece à frente nas pesquisas.

Na opinião de um governista que acompanha os movimentos na cúpula do Executivo, Haddad colocou Costa em uma “sinuca de bico”. Ao deixar o Ministério da Fazenda com o discurso de que não tem interesse em disputar a eleição, ele passa a mensagem de que é um quadro do partido, comprometido com o projeto petista, desprendido de ambições pessoais. Na prática, ele se coloca à disposição para coordenar a campanha de Lula, condição que o colocaria em vantagem para ocupar qualquer cargo em 2027 – inclusive a Casa Civil.

Embora não se apresente publicamente como candidato ao Planalto em uma futura eleição, Costa disputa protagonismo político com Haddad e, pela trajetória e importância que tem no governo, é um dos nomes com maior projeção do PT. Com esse perfil, ele figura entre os petistas com credencial para almejar uma disputa pelo Planalto e trabalha nos bastidores por essa posição.

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Essas especulações, obviamente, vão depender da vontade dos eleitores brasileiros. A montagem do próximo governo será, em boa parte, definida pelas urnas de outubro.

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