Filho mais velho do presidente Lula, o empresário Fábio Luís Lula da Silva é suspeito de ter recebido R$ 1,5 milhão do empresário Antônio Camilo Antunes, preso como o principal responsável pelos desvios de dinheiro dos aposentados e pensionistas do INSS. Três empresas de consultoria com serviços prestados fora do Brasil, duas personagens de escândalos passados do PT e remessas de dinheiro e viagens para Portugal fazem parte do roteiro que colocou Lulinha no noticiário nesta semana.

Os valores teriam relação com pagamentos identificados entre 2024 e 2025, em cinco parcelas de R$ 300 mil, e os dados estão no despacho do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, na ordem de prisão desta quinta-feira, 18, na Operação Sem Desconto da Polícia Federal. O nome do primogênito do presidente não foi mencionado. 

Lulinha é suspeito de receber repasses de dinheiro do “Careca do INSS”. O despacho detalha, pela primeira vez, o caso e apresenta nomes de empresas e personagens, além de dados reunidos pela PF. A história ainda será aprofundada pelos investigadores. Por enquanto, tem duas figuras principais: Roberta Luchsinger, neta de Peter Paul Luchsinger, ex-acionista do banco Credit Suisse, e a publicitária Danielle Fontelles, que cuidou da conta do PT até 2017. 

Roberta Luchsinger apareceu em 2017 na Operação Lava Jato. Ela faria uma doação milionária a Lula, preso no ano seguinte em Curitiba.

A apuração indica que a publicitária foi contratada em maio do ano passado por Antunes para uma consultoria fora do Brasil. Investigadores identificaram que, no início deste ano, Antunes fez “operações de câmbio de remessa de dinheiro para aquisição de um imóvel de alto padrão em Portugal, com intermediação” de Fontelles, via empresa Coreto Tropical Ltda.”. Ela é sócia “e gerente para o recebimento de recursos financeiros”, diz a PF. “Sua atuação é apontada como transnacional, conectando o núcleo brasileiro às estruturas europeias utilizadas pelo grupo, em especial em Portugal e Alemanha”, regista a PF.

Outra empresa citada pela PF que teria sido usada pelo operador é a Candango Consulting Ltda., que tem o filho do “Careca do INSS”, Romeu Antunes, como gerente. O negócio envolveu a “neta do banqueiro amiga do PT” e as empresas Brasília Consultoria Empresarial Ltda. e RL Consultoria e Intermediações. Em mensagens trocadas com seus sócios, Antunes diz que um dos repasses teria como destino “o filho do rapaz”. Em outro trecho ela sugere ao interlocutor que elimine os telefones celulares usados nas conversas. Uma das mensagens reunidas pela PF, em que a investigada envia um arquivo de áudio para Antunes, o nome “Fábio” e a empresa Friboi são citados. “Na época do Fábio, falaram de Friboi, de um monte de coisa o maior … igual agora com você”, registra.

Para encobrir
A PF aponta que as empresas e os contratos podem ter sido usados para encobrir movimentação ilegal de dinheiro. Foram identificados projetos associados a parceria comercial, como “Projeto Energia”, “Projeto Esmagadoras” e “Projeto Hidrogênio”, que teriam fugido “por completo das atividades da Brasília Consultoria”. A decisão de Mendonça não aponta nominalmente o filho do presidente, mas essa referência reforça os indícios de que Lulinha estaria no foco das investigações.

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Mesmo inconclusivas, as suspeitas se tornam munição para a oposição, que desde o início do ano relaciona o filho de Lula com o “Careca do INSS”. A defesa de Roberta informou que a contratação da empresa dela foi regular para serviço de representação e negou que soubesse do envolvimento de Antunes com desvios de recursos. 

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