Depois de duas semanas de embates com Lula devido à indicação de Jorge Messias para a vaga do STF, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), sinalizou uma trégua nesta sexta-feira, 5, durante um evento no Amapá. Ao lado do ministro Alexandre Padilha (Saúde), ele se mostrou grato ao governo e mandou recados para Lula. “Padilha, muito obrigado. Leve meus agradecimentos, pessoal e institucional, ao presidente da República, que tem nos apoiado e apoiado o Amapá a todo instante”, afirmou ele, em discurso.

No governo, o elogio bateu como uma sinalização de que há interesse de Alcolumbre em arrefecer a briga. O sinal foi interpretado como um alinhamento ao tom também apaziguador escolhido por Lula que, no meio do desentendimento, buscou não criticá-lo e tentou estabelecer pontes para, no futuro, retomar o diálogo. Lula já havia conseguido adiar o cronograma da sabatina de Messias, que Alcolumbre tentou acelerar, e se fez de desentendido em relação a “tanta polêmica” diante de uma indicação. 

Na avaliação de um integrante do governo, o fator determinante para a mudança de postura do presidente do Senado foi a decisão do ministro do STF Gilmar Mendes, na quarta-feira, 3, de restringir ao procurador-geral da República a competência para pedir impeachment de membros do tribunal. O Planalto entendeu que, naquele momento, surgiu uma oportunidade para iniciar uma reaproximação com Alcolumbre. 

No mesmo dia, o líder do governo no Senado fez uma autocrítica sobre o voto que deu, em 2023, contra limitações nas decisões monocráticas de ministros do Supremo. À noite, Messias enviou a Gilmar, na condição de ministro da AGU, um pedido para que a decisão fosse reconsiderada. O ministro do STF rejeitou a solicitação, mas o gesto em defesa do Senado já havia sido feito.

Alcolumbre voltou a se irritar, na quinta-feira, com críticas feitas por Lula às emendas impositivas. Segundo o presidente, esses repasses obrigatórios “sequestram” o orçamento. A insatisfação durou pouco, pois menos de 24h depois o senador fazia os elogios ao presidente ao lado de Padilha.

Nesse jogo de morde-e-assopra, auxiliares do Planalto avaliam que o presidente do Senado prefere se indispor com o Supremo do que com o governo. A razão principal, por essa análise, é que o Supremo não faz campanha contra ele nas redes sociais, mas os governistas fazem. 

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